Economia

EUA perdem estudantes estrangeiros e economia paga o preço

Estudantes estrangeiros contribuíram com US$ 39,4 bilhões para a economia dos EUA no ano letivo de 2016-2017

Sala de aula (Getty/Getty Images)

Sala de aula (Getty/Getty Images)

Anderson Figo

Anderson Figo

Publicado em 19 de novembro de 2017 às 07h00.

Última atualização em 19 de novembro de 2017 às 07h00.

Os EUA podem perder o status de principal destino para os estudantes estrangeiros em um futuro não muito distante se o número de novas matrículas continuar diminuindo — uma mudança que trará um custo econômico.

Pela primeira vez em 12 anos, o Instituto de Educação Internacional relatou uma queda no número de novos estudantes estrangeiros matriculados em faculdades e universidades dos EUA para o ano letivo de 2016-2017. A queda, de 10.000 pessoas, ocorreu devido à crescente concorrência global.

Embora os EUA ainda tenham mais que o dobro do número de estudantes estrangeiros que o Reino Unido, o segundo maior destino, houve uma desaceleração acentuada na taxa de matrícula. A China e a Índia, os dois maiores países de origem de estudantes estrangeiros, têm enviado menos alunos novos para os EUA nos últimos anos. Neste ano, o aumento do total de matrículas da Índia caiu de 25 por cento no último ano letivo para 12 por cento, enquanto a China desacelerou de 8 por cento para 7 por cento, segundo um relatório produzido pelo Instituto de Educação Internacional e pelo Departamento de Estado dos EUA.

Esse declínio pode ter um custo. Estudantes estrangeiros contribuíram com US$ 39,4 bilhões para a economia dos EUA no ano letivo de 2016-2017, com US$ 12,5 bilhões da China e US$ 6,5 bilhões da Índia.

A concorrência de outros países, o custo crescente das universidades dos EUA, os atrasos ou negativas nos vistos e um clima político e social incerto poderiam estar contribuindo para o declínio do número de matrículas, disse Rajika Bhandari, chefe de pesquisa, política e prática do Instituto de Educação Internacional.

O Oriente Médio, o Norte da África e a América Latina tiveram o maior declínio de matrículas neste ano. Parte dessa queda ocorreu porque os governos brasileiro e saudita reduziram os programas de bolsas de estudo e por causa das políticas novas e imprevisíveis dos EUA, Bhandari disse.

Segundo a pesquisa do outono boreal de 2017, das 552 instituições participantes, a maioria receava que o contexto social e político dos EUA afetará a perspectiva de potenciais estudantes. Alguns dos entrevistados expressaram preocupação com o recrutamento de estudantes do Oriente Médio e do Norte da África ou da Ásia, com exceção da China e da Índia.

A concorrência global também foi um fator mais relevante do que nos anos anteriores, disse Allan Goodman, presidente do Instituto de Educação Internacional. Os 10 ou 12 principais países que competem com os EUA adotaram como meta de política externa duplicar o número de estudantes estrangeiros em seus países até meados da próxima década, apesar de terem menos faculdades que os EUA, disse Goodman. Os principais concorrentes, além do Reino Unido, são o Canadá, a Alemanha e a Austrália.

Os estudantes estrangeiros têm o maior impacto nos principais estados anfitriões, como Califórnia, Nova York, Texas e Massachusetts. Sua despesa estimada excede US$ 2 bilhões em cada um desses lugares. Embora a maioria dos estudantes estrangeiros se sustente através de financiamento não americano, cerca de 16 por cento recebem dinheiro de uma faculdade ou universidade americana, do governo dos EUA ou de um patrocinador privado.

A queda no número de estudantes se concentra em faculdades menos seletivas, no Centro-Oeste e no Sul dos EUA, segundo Bhandari.

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