Economia

EUA devem superar Rússia e liderar produção de petróleo até 2023

Segundo a Agência Internacional de Energia, em breve produção de petróleo bruto dos EUA deve atingir o nível recorde de 12,1 milhões de barris por dia

Petróleo: atualmente, os russos lideram a produção de petróleo, com cerca de 11 milhões de bpd (Regis Duvignau/Reuters)

Petróleo: atualmente, os russos lideram a produção de petróleo, com cerca de 11 milhões de bpd (Regis Duvignau/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de março de 2018 às 10h46.

Paris - Os EUA vão superar a Rússia e se tornar o maior produtor mundial de petróleo até 2023, respondendo pela maior parte do avanço na oferta global da commodity, afirmou hoje a Agência Internacional de Energia (AIE) em relatório sobre perspectiva para os próximos cinco anos.

A produção de petróleo bruto dos EUA deve atingir o nível recorde de 12,1 milhões de barris por dia (bpd) em 2023, representando alta de 2 milhões de bpd em relação a este ano, calcula a AIE, que presta consultoria a governos e empresas sobre tendências da indústria petrolífera.

Atualmente, os russos lideram a produção de petróleo, com cerca de 11 milhões de bpd.

O documento da AIE mostra que os EUA irão atingir novos marcos na forte expansão de sua produção de petróleo e gás, graças a avanços tecnológicos, melhora da eficiência e a frágil recuperação nos preços do petróleo que encoraja produtores de óleo de xisto a ampliar suas atividades de exploração.

Antes muito dependente de importações do Oriente Médio, os EUA estão ficando mais próximos de atingir a meta de produzir petróleo bruto suficiente para atender a demanda doméstica por produtos refinados, como gasolina.

Dos 6,4 milhões de novos barris de petróleo que serão produzidos diariamente entre hoje e 2023, quase 60% virão dos EUA, prevê a AIE.

A influência americana nos mercados de petróleo globais também deverá aumentar, e as exportações de petróleo dos EUA provavelmente mais do que dobrarão até 2023, para 4,9 milhões de bpd, de acordo com a AIE. Até 2015, os EUA não exportavam petróleo devido à legislação local, mas agora espera-se que o país vire um dos maiores exportadores mundiais em cinco anos.

O relatório da AIE também destaca a mudança no papel da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), grupo que tradicionalmente domina os mercados globais da commodity.

A expectativa é que haja aumento na produção do Brasil, Canadá e Noruega, todos países que não pertencem à Opep. Junto com os EUA, essas três nações irão adicionar barris suficientes para atender a crescente demanda até o fim da década, diz a AIE. Dentro da Opep, espera-se que apenas o Oriente Médio registre algum aumento na produção, uma vez que outros integrantes, como Venezuela, enfrentam problemas internos.

A produção da Arábia Saudita, líder informal da Opep, poderá atingir 12,3 milhões de bpd em 2023, o que significa que poderá disputar a liderança mundial com os EUA. Os sauditas, porém, tradicionalmente produzem abaixo de sua capacidade para manter sua posição de fornecedores-chave, capazes de ampliar ou reduzir a produção em linha com as necessidades do mercado.

Considerando-se todos os derivados líquidos, inclusive oriundos do gás natural, a produção dos EUA deverá crescer para quase 17 milhões de bpd nos próximos cinco anos, ante os cerca de 13 milhões de bpd atuais, bem mais do a Arábia Saudita ou a Rússia, prevê a AIE.

Ainda assim, sem investimentos adicionais fora dos EUA, o avanço na produção deverá desacelerar depois de 2020, acredita a AIE. Uma forte queda observada nos preços do petróleo desde 2014 prejudicou investimentos no setor fora dos EUA.

A AIE alertou que as petrolíferas terão de começar a investir novamente para evitar possíveis momentos de escassez que possam impulsionar os preços da commodity.

Já o consumo de petróleo vai continuar robusto, reduzindo a diferença entre a demanda e a capacidade de produção ao menor nível desde 2007, quando os preços do petróleo dispararam em direção a níveis recordes superiores a US$ 140 por barril.

A AIE não vê sinais concretos de que a demanda por petróleo atingirá o pico nos próximos cinco anos, num momento em que se debate se esforços para conter o impacto das mudanças climáticas possam eventualmente restringir o consumo global de petróleo. A projeção é de que a demanda ultrapasse 100 milhões de bpd pela primeira vez no próximo ano, com avanço de 6,9 milhões de bpd, a 104,7 milhões de bpd, até 2023. Fonte: Dow Jones Newswires.

Acompanhe tudo sobre:Estados Unidos (EUA)Indústria do petróleoPetróleoRússia

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor