Economia

"Eu errei ao promover a desoneração", admite Dilma em Genebra

Dilma foi questionada sobre arrependimentos em relação a alguma decisão tomada enquanto governou o Brasil

Dilma Rousseff: "No lugar de investir, eles (os empresários) aumentaram a margem de lucro" (Andres Stapff/Reuters)

Dilma Rousseff: "No lugar de investir, eles (os empresários) aumentaram a margem de lucro" (Andres Stapff/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 13 de março de 2017 às 08h34.

Genebra - A presidente cassada Dilma Rousseff admitiu que cometeu um "grande erro" ao promover a desoneração fiscal.

Em Genebra, na Suíça, para participar de debates e seminários, a brasileira foi questionada se era capaz de assumir seus erros e se estava arrependida de alguma decisão que tomou enquanto governou o Brasil.

"Eu acreditava que, se eu diminuísse impostos, eu teria um aumento de investimentos", disse a ex-mandatária. "Eu diminuí e me arrependo disso. No lugar de investir, eles (os empresários) aumentaram a margem de lucro", afirmou.

Segundo a petista, uma das acusações que lhe foram feitas é de ter mantido uma política fiscal "mais frágil". "Errei em uma coisa: tentamos fazer com que os investimentos fossem aumentados. Fiz uma grande desoneração, brutalmente reduzimos os impostos", disse. "Ali, eu cometi um grande erro. (...) Acreditava que, se fizéssemos isso, eles iriam investir mais e a coisa seria melhor. Eu errei."

Uma parte das políticas de Dilma chegou a ser condenada na Organização Mundial do Comércio (OMC), como a redução de IPI para empresas locais.

Sua avaliação, porém, é de que houve uma "subestimação das razões da crise econômica" enfrentada pelo País.

"Todos sabem que, a partir da metade de 2014, houve uma queda significativa dos preços das commodities. Esse movimento afetou a arrecadação do Brasil e a nossa balança comercial", disse a ex-presidente, lembrando as mudanças feitas na política monetária dos Estados Unidos no período e também o freio que sofreu a economia chinesa.

Sobre o aumento da inflação ao fim de seu governo, Dilma citou a ameaça de desabastecimento de água em São Paulo, mas negou que sua gestão tenha promovido uma "gastança".

"Numa crise, todos precisam pagar. Mas quem paga? Um pato de seis metros de altura foi colocado nas manifestações, dizendo: eu não pago o pato. Mas quem colocou o pato? O presidente da Fiesp. O que quer dizer isso? Eu não pago impostos. Eu só quero cortes e mais cortes", atacou Dilma.

Na visão da ex-presidente, o impeachment que sofreu ainda estaria ligado a propostas que ela tinha de elevar impostos. "Meu impeachment também foi por não pagar o pato, e o pato eram os impostos", disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Dilma RousseffImpostos

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor