Estudo para privatizar Congonhas exigiria pelo menos 1 ano e meio
Desta forma, uma licitação para escolher um operador privado para o terminal teria que ficar para 2019, contrariando as intenções do governo federal
Estadão Conteúdo
Publicado em 22 de setembro de 2017 às 19h48.
Última atualização em 22 de setembro de 2017 às 20h35.
Rio - Os estudos para privatizar o Aeroporto de Congonhas , em São Paulo, incluído na mais recente lista de ativos para concessão do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI) do governo federal, exigiriam ao menos um ano e meio, afirmou nesta sexta-feira, 22, o diretor vice-presidente de relações institucionais da CCR, Ricardo Castanheira.
Com isso, uma licitação para escolher um operador privado para o terminal teria que ficar para 2019, contrariando a intenção do governo federal de usar as receitas com outorga para diminuir o rombo fiscal.
"Você não licitaria Congonhas com menos de um ano e meio", afirmou Castanheira, num intervalo da Sessão Especial do Fórum Nacional, organizado pelo Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), no Rio.
Os estudos para preparar Congonhas para licitação devem incluir um conhecimento do aeroporto, fazendo uma "due diligence", com estimativa do potencial comercial do terminal. Castanheira destacou que Congonhas é um "ativo atrativo", não requer grandes investimentos e o terminal tem o segundo maior movimento entre os aeroportos do País.
"Os estudos têm que ser feitos de forma adequada. A pressa é inimiga de bons estudos", disse Castanheira, destacando que os quatro aeroportos concedidos ano passado tiveram seus estudos iniciados em 2014.
O executivo ponderou, por outro lado, que a atuação do PPI, desde o ano passado, tem privilegiado aspectos técnicos, o que tenderia a evitar que a licitação seja feita de forma apressada, sem os estudos adequados.
Apesar das críticas sobre a pressa do governo em licitar ativos como Congonhas, Castanheira não vê risco de a necessidade de buscar receitas para cobrir o rombo fiscal afugentar investidores ou levar a lances considerados insustentáveis, como ocorreu em leilões anteriores.
"Nenhuma empresa vai se propor a pagar um valor desde o início sem ter a intenção de fazer um bom trabalho", afirmou o executivo.
Castanheira também disse que a disputa entre o governo federal e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em torno da devolução de recursos da instituição de fomento para o Tesouro Nacional não atrapalha os planos da CCR.
Eventual redução da disponibilidade de crédito do banco de fomento não afeta o apetite da empresa nos próximos leilões. "A CCR não tem problema de crédito", afirmou Castanheira.