Economia

Estudo mostra efeito ruim da globalização na renda

Estudo enfatiza que ultimamente os ganhos econômicos produzidos por mudanças na economia global não têm sido compartilhados de forma ampla


	Notas de dólar: perspectivas de crescimento da renda têm piorado significativamente desde a crise financeira, diz estudo
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Notas de dólar: perspectivas de crescimento da renda têm piorado significativamente desde a crise financeira, diz estudo (AFP)

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Da Redação

Publicado em 14 de julho de 2016 às 16h44.

Durante anos, o McKinsey Global Institute encabeçou a campanha a favor da globalização publicando pesquisas sobre as virtudes do livre comércio, dos fluxos de dados abertos, dos investimentos transnacionais e da imigração liberalizada.

“Os principais motores da globalização estão vivos e com boa saúde”, escreveu o think tank da consultoria americana McKinsey & Co. em um estudo publicado em 2010, enquanto o mundo ainda se recuperava da crise financeira.

“Estar desconectado é ficar para trás”, escreveram os pesquisadores em 2014.

Mas um estudo publicado hoje pela McKinsey enfatiza que ultimamente os ganhos econômicos produzidos por mudanças na economia global não têm sido compartilhados de forma ampla, especialmente no mundo desenvolvido.

O título do estudo é "Poorer Than Their Parents? Flat or Falling Incomes in Advanced Economies”. As perspectivas de crescimento da renda têm piorado significativamente desde a crise financeira, conclui o relatório.

A decisão do Reino Unido de abandonar a União Europeia, conhecida como Brexit, exemplifica o que acontece quando as pessoas sentem que o sistema está decepcionando-as, disse Richard Dobbs, um dos diretores do estudo, em entrevista na quarta-feira, antes da publicação do relatório. Ele comparou a acumulação de rancor contra a globalização com um vazamento perigoso de gás em uma série de casas.

“Uma delas vai explodir. Eu não achei que o Reino Unido seria a primeira”, disse Dobbs, sócio sênior da McKinsey e membro do McKinsey Global Institute Council em Londres.

“Quando lançarmos uma nova política, pensemos no impacto sobre esses grupos” que foram deixados para trás, disse Dobbs. Às vezes, as metas de equidade e eficiência podem entrar em conflito, disse ele.

“Estamos preparados para prejudicar um pouco a competitividade a fim de reduzir o risco de uma explosão?”.

Dobbs descreveu o posicionamento do instituto quanto à globalização como uma “evolução”, não uma reversão. “Não estamos dizendo que é para jogar tudo fora (...) Trata-se de uma sofisticação de nosso pensamento”, disse ele.

O McKinsey Global Institute ainda vê valor na terceirização para outros países, na imigração, no comércio e assim por diante, disse Dobbs: “De modo geral, estamos a favor, mas sempre tem um porém, e precisamos estar mais cientes do porém”.

O estudo concluiu que 65 por cento a 70 por cento das famílias em 25 economias avançadas estavam em segmentos cuja renda estagnou ou caiu de 2005 até 2014, frente a menos de 2 por cento de 1993 até 2005.

O cálculo se baseia na renda do trabalho ajustada pela inflação, bem como nos juros, dividendos e rendimentos, mas não conta os efeitos de nivelação de impostos e transferências de renda, como a Previdência Social.

Levando em conta transferências e impostos, 20 por cento a 25 por cento das famílias estavam em segmentos cuja renda estagnou ou caiu de 2005 até 2014, disse o estudo.

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