Economia americana já sinaliza o forte impacto da crise provocada pela pandemia de coronavírus (Nick Oxford/Reuters)
Reuters
Publicado em 8 de maio de 2020 às 09h51.
Última atualização em 8 de maio de 2020 às 10h36.
A economia dos Estados Unidos perdeu impressionantes 20,5 milhões de postos de trabalho em abril, a queda mais acentuada no emprego desde a Grande Depressão, e o sinal mais marcante até agora de como a pandemia de coronavírus está afetando a maior economia do mundo.
O relatório mensal de emprego do Departamento do Trabalho dos EUA divulgado nesta sexta-feira também mostrou alta da taxa de desemprego para 14,7% no mês passado, quebrando o recorde pós-Segunda Guerra Mundial de 10,8% atingido em novembro de 1982.
Os números sombrios reforçam as expectativas dos analistas de que uma recuperação da recessão causada pela pandemia será lenta, e somam-se a uma série de dados fracos sobre gastos dos consumidores, investimentos empresariais, comércio, produtividade e mercado imobiliário.
O relatório destaca a devastação provocada pelas quarentenas impostas por Estados e governos locais em meados de março para retardar a propagação do Covid-19.
A crise econômica é um problema para a candidatura do presidente Donald Trump a um segundo mandato na Casa Branca nas eleições de novembro. Depois que o governo Trump foi criticado por sua reação inicial à pandemia, o presidente norte-americano está ansioso para reabrir a economia, apesar de um aumento contínuo das infecções por Covid-19 .
"Nossa economia está sendo mantida artificialmente agora", disse Erica Groshen, ex-comissária da Agências de Estatísticas do Trabalho do Departamento do Trabalho.
"Vamos passar por testes nos próximos meses para ver se podemos ressurgir com segurança de nosso coma induzido pela política econômico", completou Groshen.
Economistas consultados pela Reuters previam fechamento de 22 milhões de vagas fora do setor agrícola. Os dados de março foram revisados para mostrar 870 mil empregos perdidos, em vez dos 701 mil relatados anteriormente. Uma série recorde de ganhos de empregos desde outubro de 2010 foi interrompida em março. A expectativa era de que o desemprego subiria de 4,4% em abril para 16%.
Embora milhões de norte-americanos continuem entrando com pedidos de auxílio-desemprego, abril pode marcar o ponto mais extremo das perdas de empregos. Isso porque mais empresas de pequeno porte estão acessando sua fatia de um pacote fiscal de quase 3 trilhões de dólares, que prevê empréstimos para pagar os salários dos funcionários.
O Federal Reserve também lançou linhas de crédito às empresas e muitos Estados estão reabrindo parcialmente.
Ainda assim, os economistas não esperam uma rápida recuperação no mercado de trabalho.
"Dada a mudança esperada no comportamento do consumidor, refletindo inseguranças em relação à saúde, riqueza, renda e emprego, muitas dessas empresas não reabrem ou, se reabrem, contratam menos pessoas", disse Steve Blitz, economista-chefe da TS Lombard. "Essa é uma das razões pelas quais vemos a recessão se estendendo até o terceiro trimestre."
Economistas dizem que a economia dos EUA entrou em recessão no final de março, quando quase todo o país adotou restrições contra o Covid-19.