Economia

Entrada de combustível no Nepal cai 90% por protestos

A entrada de combustível foi reduzida nos últimos três dias devido aos protestos contra a nova Constituição nas passagens da fronteira com a Índia


	Conflito entre policiais e manifestantes durante protesto que reivindica o Nepal ser declarado como um estado hindu na nova constituição, em Kathmandu
 (REUTERS/Navesh Chitrakar)

Conflito entre policiais e manifestantes durante protesto que reivindica o Nepal ser declarado como um estado hindu na nova constituição, em Kathmandu (REUTERS/Navesh Chitrakar)

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Da Redação

Publicado em 25 de setembro de 2015 às 17h25.

Katmandu - A entrada de combustível no Nepal foi reduzida em cerca de 90% nos últimos três dias devido aos protestos contra a nova Constituição nas passagens da fronteira com a Índia, único fornecedor de produtos derivados do petróleo, conforme informaram fontes oficiais à Agência Efe nesta sexta-feira.

Partidos da região do Madhesh contrários à divisão territorial estabelecida na Carta Magna, promulgada no domingo passado após sete anos de espera, anunciaram na quarta-feira um bloqueio da fronteira, em uma intensificação dos protestos realizados há semanas.

Uma fonte da Corporação Nepalesa de Petróleo (NOC, em inglês) que preferiu manter o anonimato, disse à Efe que a quantidade de gasolina, diesel, querosene e gás que entra no país asiático caiu 90% desde quarta-feira.

"Estamos recebendo uma quantidade mínima de produtos derivados do petróleo da NOC. Estamos fornecendo ao povo assim que os recebemos", explicou o presidente da Associação Nepalesa de Negociantes de Petróleo, Lilendra Pradhan.

De acordo com Pradhan, a escassez desses bens gerou o pânico generalizado entre os consumidores de todo o país, que se mostram desesperados para adquirir a maior quantidade possível de produtos. Em Katmandu, os clientes esperaram durante horas em longas filas nesta sexta-feira para obter os produtos.

Vários políticos consultados pela Efe citaram o descontentamento da Índia com alguns dos pontos da nova constituição nepalesa como um dos fatores por trás da atual situação, e destacaram que o governo indiano tentou pressionar os partidos do Nepal para que aceitem as exigências do Madhesh.

"A Corporação Indiana do Petróleo não está cooperando da forma como costumava fazer no passado", denunciou uma fonte da NOC, que mencionou que nos últimos dias as estações dessa entidade se negaram a fornecer combustível ao alegar motivos como ordens superiores ou falhas mecânicos.

Em reunião, o ministro interino das Relações Exteriores nepalês, Khaga Raj Adhikari, pediu ao embaixador indiano no país, Ranjit Rae, a "cooperação do governo da Índia para a circulação ininterrupta de veículos que levam provisões essenciais ao Nepal", indicou o departamento em comunicado.

Apesar dos toques de recolher, os protestos ocorrem há semanas na região do Madhesh e já deixaram mais de 40 mortos, de acordo com o Ministério do Interior nepalês.

O Nepal promulgou no domingo passado uma nova Constituição, pondo fim à transformação de uma monarquia hindu em uma república federal laica, após um longo processo de sete anos com tentativas fracassadas, instabilidade política e dezenas de mortos em meio a divergências por um texto que não agrada a todos.

Embora as fronteiras exatas e os nomes das sete províncias ainda não tenham sido decididos, alguns grupos, como os Terai (do Madhesh), queriam que a divisão administrativa incluísse em uma mesma unidade os membros dessa etnia. 

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