Economia

Entenda qual é o problema de a energia ficar 'um pouco' mais cara

Segundo analistas, crise é muito mais grave do que ‘nuvem no horizonte’ como disse Guedes

 (mspoli/Getty Images)

(mspoli/Getty Images)

AO

Agência O Globo

Publicado em 26 de agosto de 2021 às 11h36.

Última atualização em 26 de agosto de 2021 às 11h42.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, minimizou na quarta-feira os riscos da crise energética e afirmou que é apenas uma “nuvem no horizonte” para a recuperação da economia brasileira. “Qual é o problema agora: que a energia vai ficar um pouco mais cara porque choveu menos?”, afirmou o ministro, em evento na Câmara dos Deputados.

  • Entenda como as decisões do Planalto, da Câmara e do Senado afetam seus investimentos. Assine a EXAME.

Para especialistas, o problema é, sim, grave. A conta de luz tem forte peso no orçamento doméstico. Depois da gasolina, energia elétrica residencial é o item individual que mais influencia na inflação pelo IPCA, índice que é a principal referência do país. Energia tem peso de 4,50% e gasolina, de 5,95%.

Nos últimos 12 meses, a conta de luz já subiu em média 20% no Brasil. Além disso, a energia tem um efeito em cascata para os preços da economia. Afeta os custos da indústria e do comércio, pressionando a inflação como um todo.

Tem forte peso para setor de serviços, como restaurantes, salões de beleza e academias. O setor de serviços foi um dos mais afetados pela pandemia do coronavírus e
começa a ganhar fôlego com a reabertura da economia.

O custo maior da energia pode reduzir o crescimento econômico do país em 2022, avaliam os especialistas. No início desta semana, o economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita, alertou que o risco de restrição de oferta de energia já está pesando mais do que a propagação da variante Delta do coronavírus na recuperação da economia brasileira.

Ministro da Economia, Paulo Guedes

'Qual o problema de a energia ficar um pouco mais cara?', questiona Guedes (Isac Nóbrega/PR/Flickr)

Preocupação entre empresários

Pesquisa recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) constatou que nove entre cada 10 empresários estão preocupados com a crise hídrica.

No levantamento, feito com 572 empresas, 98% afirmaram que que haverá aumento de preços de energia, 63% demonstraram preocupação com o risco de racionamento e 61% com a possibilidade de instabilidade ou interrupções no fornecimento de energia.

Em sua declaração no evento on-line nessa quarta-feira, Guedes afirmou estar confiante na retomada da economia e que o país “vai atravessar” essa crise.

— Estou muito confiante que nós vamos atravessar. Se no ano passado, que era o caos, nós nos organizamos e atravessamos, porque nós vamos ter medo agora? Quer dizer, qual é o problema agora: que a energia vai ficar um pouco mais cara porque choveu menos? Ou o problema é que está tendo uma exacerbação porque anteciparam as eleições? Tudo bem, vamos tapar os ouvidos e vamos atravessar – declarou durante evento de lançamento da Frente Parlamentar do Empreendedorismo, na Câmara dos Deputados.

Para além do impacto na economia em 2022, analistas acreditam que os efeitos da crise vão se propagar também na inflação do ano que vem.

A TR Soluções, empresa de tecnologia especializada em tarifas de energia, prevê que as tarifas residenciais dos brasileiros terão alta média de 9,7% neste ano. Para 2022, a expectativa é de aumento médio de 8,6%.

— Os efeitos das tarifas maiores deverão ser sentidos no próximo ano com os processos de reajustes tarifário — avalia Gustavo Carvalho, gerente de preços e Estudos de Mercado da consultoria Thymus.

Toda semana tem um novo episódio do podcast EXAME Política. Disponível abaixo ou nas plataformas de áudio SpotifyDeezerGoogle Podcasts e Apple Podcasts
Acompanhe tudo sobre:Crise da ÁguaEnergia elétricaInflaçãoPaulo Guedes

Mais de Economia

Reforma tributária: videocast debate os efeitos da regulamentação para o agronegócio

Análise: O pacote fiscal passou. Mas ficou o mal-estar

Amazon, Huawei, Samsung: quais são as 10 empresas que mais investem em política industrial no mundo?

Economia de baixa altitude: China lidera com inovação