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Enquanto China se mantiver forte, crise dos países emergentes é restrita

A crise comercial entre os Estados Unidos e China é um elemento novo que prejudica os países emergentes, diz economista

China-EUA: Trump ameaça impor tarifas alfandegárias punitivas que somam 200 bilhões de dólares sobre importações chinesas (Pool/Getty Images)
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AFP

Publicado em 13 de setembro de 2018 às 17h26.

Da Argentina à Turquia e, mais recentemente, o Brasil, as turbulências financeiras afetam sucessivamente os países emergentes, embora sem se estender à economia global, pelo menos até que a China comece a demonstrar sinais de fraqueza.

A crise dos emergentes até agora era atribuída a um cenário clássico: o aumento dos juros americanos, que complica os países endividados em dólares e provoca a queda de liquidez dos países em risco em relação à maior economia do mundo.

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Desta vez, um novo elemento poderá agravar ainda mais a situação: "as incertezas vinculadas ao presidente americano", Donald Trump, reconheceu Járôme Marcilly, economista-chefe da seguradora de créditos Coface, entrevistado pelo canal francês BFM Business.

Trump, que com um tuíte raivoso fez a lira turca sofrer uma desvalorização de mais de 20% em 10 de agosto, poderá colocar mais lenha na fogueira caso imponha tarifas suplementares sobre as importações chinesas, além dos 50 bilhões de dólares de produtos já taxados.

O governo Trump ameaça impor tarifas alfandegárias punitivas que somam 200 bilhões de dólares sobre importações chinesas adicionais.

Lagarde: risco de "choque"

Para a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, em uma entrevista publicada na quarta-feira pelo Financial Times, "a incerteza e a falta de confiança produzidas pelas ameaças sobre o comércio, mesmo antes de se concretizarem", representam uma séria ameaça para os mercados emergentes.

Um novo aumento das tarifas aduaneiras dos EUA teria "um impacto quantificável no crescimento da China", com consequências para os outros países asiáticos, o que "acrescentaria um 'choque' a uma situação em que não há contágio, e sim vulnerabilidades fragmentadas".

Julien-Pierre Nouen, diretor de estudos econômicos em Lazard Frères Gestion, também teme as consequências de uma desaceleração da economia chinesa.

"Embora na primeira parte do ano tenha havido dados de crescimento muito bem orientadas para a China, nos últimos meses observamos uma desaceleração, de forma mais notável e particular sobre o investimento em infraestruturas", comentou.

Até o momento, "a Ásia se mantém muito bem", assegurou, sendo a Indonésia até agora o único país asiático que sofreu nos últimos meses pressões sobre sua divisa, assim como Argentina, Turquia, África do Sul e Brasil.

"Se tivéssemos uma desaceleração mais significativa do crescimento da China, isso seria muito mais complicado para o mercado asiático e, portanto, para a área emergente em todo o seu conjunto", advertiu Nouen, lembrando que Pequim "sempre foi capaz" de relançar sua atividade econômica até agora.

Casos separados

A confiança nas autoridades chinesas talvez explique o motivo pelo qual muitos economistas ainda não enxergam uma crise dos emergentes se propagando no mundo todo, derrubando a economia global 10 anos após a quebra do Lehman Brothers.

"Não prevemos uma grande crise nos mercados emergentes", disse à AFP Joydeep Mukherji, analista da agência de classificação de risco S&P Global.

"Haverá, certamente, problemas em países que têm um importante déficit em conta corrente, o que significa que estão pedindo empréstimos ao exterior, mas nem todos os mercados emergentes são vulneráveis", acrescentou.

"Sim, é certo que há riscos e uma vigilância que se reforça", explicou à AFP um especialista nos mercados emergentes que pediu anonimato.

"Entretanto, não vemos um risco emergente no sentido de que haja uma onda de países que entrem em crise, como é o caso de Argentina e Turquia", assegurou.

Em um esforço por acalmar os mercados, o Banco Central da Turquia elevou nesta quinta-feira sua taxa de juros para 24%, provocando imediatamente uma revalorização da lira.

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