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Empate em Cancún

O ministro das Relações Exteriores reconhece que, embora o Brasil tenha obtido uma vitória política na reunião da OMC, faltaram resultados concretos

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h29.

Quando desembarcou no belo balneário mexicano de Cancún para a reunião da Organização Mundial do Comércio, realizada entre os dias 10 e 14, o ministro Celso Amorim era apenas o principal diplomata -- de competência reconhecida internacionalmente, diga-se -- de um país que movimenta menos do que 1% do comércio internacional. Pouco depois, tinha sido alçado ao posto de porta-voz e principal negociador do recém-criado G22, o grupo de países em desenvolvimento liderado pelo Brasil que agitou o encontro ao bater de frente com gigantes comerciais, como Estados Unidos, União Européia e Japão. Em entrevista exclusiva a EXAME, Amorim, que comanda pela segunda vez o Ministério das Relações Exteriores, diz que o Brasil não pode ser culpado pelo fracasso de Cancún, condena o protecionismo dos países ricos e reafirma o que considera uma nova postura do Itamaraty adotada desde a posse do presidente Lula.

O Brasil ganhou ou perdeu com a reunião de Cancún?

Nós gostaríamos que a reunião tivesse produzido resultados concretos, e isso não ocorreu. Nesse sentido, a gente não ganhou. Por outro lado, politicamente o Brasil ganhou. E não estou falando de uma vitória apenas moral, mas que terá conseqüências concretas, ainda que possam demorar a se materializar. Muitos dizem que um mau acordo é melhor do que nada, mas é preciso entender o que um mau acordo significaria. Estaríamos perdendo algo precioso na vida e nos negócios: tempo. Se tivéssemos um resultado muito modesto agora, teríamos de esperar mais 15 ou 20 anos para relançar o tema da agricultura numa negociação desse tipo. Foi melhor não termos permitido um acordo que traria ganhos quase milimétricos. Tenho a convicção de que não se passará muito tempo até que voltemos à mesa de negociação, pela própria maneira como terminou a reunião. Depois do fiasco da reunião da OMC em Seattle, em 1999, ninguém sabia como continuar. Naquela ocasião, não houve sequer uma sessão plenária de encerramento. Dessa vez, a reunião terminou de forma bem mais organizada.

Mas parece que os países ricos não estão dispostos a abrir seus mercados agrícolas.

Acho que há espaço para negociação. Aliás, a falta de resultados em Cancún não se deveu às questões agrícolas. Durante os dias da reunião, as conversas estavam avançando. Já havia uma idéia mais clara quanto à redução dos subsídios agrícolas de apoio interno. Havia também uma noção, nesse caso não tão clara, de que os subsídios à exportação de produtos agrícolas deveriam ser extintos. Houve avanço também em termos de acesso a mercados. Mas a chamada Rodada de Doha parou em temas como investimentos, transparência em compras governamentais, regras de concorrência e facilitação de comércio, que interessam muito aos países ricos.

O Brasil foi o responsável pelo fracasso da reunião?

De jeito nenhum. Aliás, não sou o único a pensar assim: o jornal The New York Times, por exemplo, disse que os Estados Unidos deveriam ter seguido o exemplo do Brasil em vez de dar guarida a seus interesses protecionistas e aos da União Européia. Vários jornais europeus seguiram a mesma linha. Mas nós mostramos que o jogo seria diferente. Entramos em campo para ganhar o jogo. Se o outro time joga a bola para fora, não é culpa nossa. O G22 apresentou propostas organizadas. É claro que, se não tivéssemos tomado essa posição, a negociação agrícola estaria "resolvida": um grupo que representa mais da metade da humanidade simplesmente assinaria embaixo do que Estados Unidos e União Européia decidiram. Mas isso certamente não seria um bom resultado para nós. Aliás, seria ruim também para a OMC, pois só serviria para aumentar o ressentimento de tantos países. Ninguém pode acusar os países do G22 de radicalismo. Todos estão passando por reformas econômicas pró-mercado, como Brasil, África do Sul, Índia. Não estamos querendo voltar aos anos 70. Mas queremos exercer um novo papel.

O G22 não corre o risco de rachar?

Tenho bastante vivência em política internacional para saber que essa possibilidade existe. Acho que o que nos manteve unidos e ajudará a manter coeso pelo menos o núcleo do G22 foi termos evitado politizar o tema. Não fizemos acusações do tipo "a União Européia é protecionista, os Estados Unidos são isso e aquilo". Nós queríamos negociar. Eu disse aos americanos que 70% ou 80% das metas do documento do G22 correspondem àquilo que os Estados Unidos queriam um ano atrás. Quem mudou não fomos nós, foram eles -- talvez pela proximidade das eleições presidenciais, que sempre exacerbam o poder de lobbies protecionistas. Os americanos têm uma agricultura mais competitiva que a da União Européia. Eles teriam a ganhar com uma liberalização. Infelizmente, preferiram jogar ao lado das forças mais conservadoras.

O que faltou, então, foi um acordo entre o G22 e os Estados Unidos?

Talvez, mas os americanos já se haviam acertado antes com a União Européia. Além disso, nossas metas coincidiam em 80%, mas isso não significa que os outros 20% eram simples. Nunca tive a sensação de que o grande problema dos Estados Unidos fosse conquistar o mercado da Índia ou o do Egito. O problema deles é conquistar os grandes mercados desenvolvidos, como Europa e Japão. O argumento de que o G22 obstruiu a negociação foi usado mais como pretexto.

Há quem tema que a OMC tenha saído combalida e que agora valerá a lei do mais forte.

No curto prazo, isso pode até acontecer, em certa medida. Mas acho que a OMC é indispensável também para os grandes países desenvolvidos, até para disciplinar as relações entre eles. Basta olhar os casos que envolvem litígio entre os países desenvolvidos: em todos, a solução está sendo construída no âmbito da OMC. Todos os governos enfrentam pressões para entrar em guerras comerciais, e a OMC acaba sendo um antídoto. Ninguém ganha com uma guerra comercial.

O fracasso em Cancún pode atrasar a Alca?

Continuo trabalhando com o calendário atual, mas sabemos que as duas negociações estão condicionadas. Alguns dos benefícios mais importantes que queremos nos acordos só deverão ocorrer na OMC. Resultado: não podemos abrir o mercado agrícola, por exemplo, se os produtos americanos continuarem subsidiados. Para que a Alca avance, acho importante captarmos a principal lição de Cancún: o avião não decolou porque tinha excesso de peso. Se conseguirmos deixar de lado um pouco do peso da Alca -- como regras de investimento, propriedade intelectual, serviços -- para nos concentrarmos nas questões de acesso a mercado, teremos uma chance razoável de concluir um acordo.

Muita gente diz que a diplomacia brasileira não se preocupa em vender os produtos brasileiros no exterior. Isso é verdade?

O que falta não é preocupação, o que falta é dinheiro. Fazer promoção comercial custa dinheiro. É uma situação do Estado brasileiro, que foi definhando. Aliás, houve pressão da sociedade, inclusive de empresários, para que o Estado diminuísse. Ele diminuiu e agora todo mundo reclama.

Outra crítica que se ouve é que países como o Brasil têm poucos diplomatas para enfrentar batalhões de técnicos dos países desenvolvidos. É verdade?

Sim. A diferença continua grande. Mas isso está mudando, e Cancún foi um bom exemplo. O G22 não somou apenas peso político, mas também capacidade técnica. O Brasil levou uma equipe muito boa, englobando vários ministérios, além de muitos estudos, trabalhos, simulações. E pudemos interagir com as equipes de outros países.

O presidente Lula afirmou que a fase do "Brasil coitadinho" terminou. O senhor acha que essa é uma descrição acurada da política externa anterior a janeiro de 2003?

Não acho que ele estivesse se referindo necessariamente à política externa anterior, mas a uma atitude psicológica do brasileiro. É aquela história de "vamos pedir, se eles não derem a gente se contenta com o que vier".

É uma atitude que existia também no Itamaraty?

Os diplomatas brasileiros também são brasileiros, não é? Tenho muita confiança em que vamos superar essas coisas todas. Muitas análises que ouvi em relação à Alca e à OMC defendiam que tínhamos de ser realistas. Nas entrelinhas a mensagem era: aceite obter 10% e deixe os outros ganhar 100%. Que realismo é esse? Baixar o nível de ambições só de um lado não é ser realista. Isso tem outro nome, que prefiro não pronunciar. Gostei muito da experiência em Cancún porque estavam lá empresários do setor agrícola. Pedi a eles clareza, exatamente para que depois não viesse alguém dizer que seria melhor termos assinado a proposta dos países ricos. E eles foram muito diretos ao explicitar o que queriam do acordo.

Há, portanto, uma atuação diferente em relação ao governo anterior?

Há diferenças de ênfase, o que não é pouca coisa. Quantas iniciativas houve em relação à África nos últimos dez anos? Praticamente nenhuma. Visitei sete países em nove dias. Em novembro, o presidente deverá ir até lá. Depois ele irá aos países árabes. O foro trilateral com Índia e África do Sul também é novidade. Chegou-se ao G22 por conta de coisas que aconteceram antes, que criaram um clima de confiança. O Paquistão era um país com o qual o Brasil tinha uma relação remota. Hoje, o ministro do Paquistão me ligou dizendo que o Brasil tem de continuar na liderança do G22. Tudo isso se deve a uma ação continuada em vários níveis. Não basta ter uma boa idéia, tem de batalhar. Pode ser uma diferença de grau em relação a governos anteriores, mas é uma diferença de grau importante. Vou dar um exemplo concreto. Estamos buscando uma relação mais intensa com a América do Sul. Outro dia o presidente Uribe, da Colômbia, convidou o presidente Lula para uma cerimônia que não estava na agenda do Planalto. O que fizemos? A agenda foi mudada, o presidente saiu de São Paulo à meia-noite, viajou 7 horas no Sucatão, chegou às 5 horas da manhã em Cartagena, descansou apenas 2 horas e foi encontrar o presidente Uribe. Quantos presidentes do Brasil já fizeram isso? Quando se diz que não há diferença, é preciso lembrar que a determinação faz diferença.

Como deverá evoluir o Mercosul nos próximos anos?

Nossa meta é tentar, até o fim do ano, ter mais que um acordo entre Mercosul e Comunidade Andina. Isso representaria um enorme avanço em termos de integração do continente. E as conversas estão muito adiantadas com praticamente todos os países do bloco.

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O Brasil ganhou ou perdeu com a reunião de Cancún?

Nós gostaríamos que a reunião tivesse produzido resultados concretos, e isso não ocorreu. Nesse sentido, a gente não ganhou. Por outro lado, politicamente o Brasil ganhou. E não estou falando de uma vitória apenas moral, mas que terá conseqüências concretas, ainda que possam demorar a se materializar. Muitos dizem que um mau acordo é melhor do que nada, mas é preciso entender o que um mau acordo significaria. Estaríamos perdendo algo precioso na vida e nos negócios: tempo. Se tivéssemos um resultado muito modesto agora, teríamos de esperar mais 15 ou 20 anos para relançar o tema da agricultura numa negociação desse tipo. Foi melhor não termos permitido um acordo que traria ganhos quase milimétricos. Tenho a convicção de que não se passará muito tempo até que voltemos à mesa de negociação, pela própria maneira como terminou a reunião. Depois do fiasco da reunião da OMC em Seattle, em 1999, ninguém sabia como continuar. Naquela ocasião, não houve sequer uma sessão plenária de encerramento. Dessa vez, a reunião terminou de forma bem mais organizada.

Mas parece que os países ricos não estão dispostos a abrir seus mercados agrícolas.

Acho que há espaço para negociação. Aliás, a falta de resultados em Cancún não se deveu às questões agrícolas. Durante os dias da reunião, as conversas estavam avançando. Já havia uma idéia mais clara quanto à redução dos subsídios agrícolas de apoio interno. Havia também uma noção, nesse caso não tão clara, de que os subsídios à exportação de produtos agrícolas deveriam ser extintos. Houve avanço também em termos de acesso a mercados. Mas a chamada Rodada de Doha parou em temas como investimentos, transparência em compras governamentais, regras de concorrência e facilitação de comércio, que interessam muito aos países ricos.

O Brasil foi o responsável pelo fracasso da reunião?

De jeito nenhum. Aliás, não sou o único a pensar assim: o jornal The New York Times, por exemplo, disse que os Estados Unidos deveriam ter seguido o exemplo do Brasil em vez de dar guarida a seus interesses protecionistas e aos da União Européia. Vários jornais europeus seguiram a mesma linha. Mas nós mostramos que o jogo seria diferente. Entramos em campo para ganhar o jogo. Se o outro time joga a bola para fora, não é culpa nossa. O G22 apresentou propostas organizadas. É claro que, se não tivéssemos tomado essa posição, a negociação agrícola estaria "resolvida": um grupo que representa mais da metade da humanidade simplesmente assinaria embaixo do que Estados Unidos e União Européia decidiram. Mas isso certamente não seria um bom resultado para nós. Aliás, seria ruim também para a OMC, pois só serviria para aumentar o ressentimento de tantos países. Ninguém pode acusar os países do G22 de radicalismo. Todos estão passando por reformas econômicas pró-mercado, como Brasil, África do Sul, Índia. Não estamos querendo voltar aos anos 70. Mas queremos exercer um novo papel.

O G22 não corre o risco de rachar?

Tenho bastante vivência em política internacional para saber que essa possibilidade existe. Acho que o que nos manteve unidos e ajudará a manter coeso pelo menos o núcleo do G22 foi termos evitado politizar o tema. Não fizemos acusações do tipo "a União Européia é protecionista, os Estados Unidos são isso e aquilo". Nós queríamos negociar. Eu disse aos americanos que 70% ou 80% das metas do documento do G22 correspondem àquilo que os Estados Unidos queriam um ano atrás. Quem mudou não fomos nós, foram eles -- talvez pela proximidade das eleições presidenciais, que sempre exacerbam o poder de lobbies protecionistas. Os americanos têm uma agricultura mais competitiva que a da União Européia. Eles teriam a ganhar com uma liberalização. Infelizmente, preferiram jogar ao lado das forças mais conservadoras.

O que faltou, então, foi um acordo entre o G22 e os Estados Unidos?

Talvez, mas os americanos já se haviam acertado antes com a União Européia. Além disso, nossas metas coincidiam em 80%, mas isso não significa que os outros 20% eram simples. Nunca tive a sensação de que o grande problema dos Estados Unidos fosse conquistar o mercado da Índia ou o do Egito. O problema deles é conquistar os grandes mercados desenvolvidos, como Europa e Japão. O argumento de que o G22 obstruiu a negociação foi usado mais como pretexto.

Há quem tema que a OMC tenha saído combalida e que agora valerá a lei do mais forte.

No curto prazo, isso pode até acontecer, em certa medida. Mas acho que a OMC é indispensável também para os grandes países desenvolvidos, até para disciplinar as relações entre eles. Basta olhar os casos que envolvem litígio entre os países desenvolvidos: em todos, a solução está sendo construída no âmbito da OMC. Todos os governos enfrentam pressões para entrar em guerras comerciais, e a OMC acaba sendo um antídoto. Ninguém ganha com uma guerra comercial.

O fracasso em Cancún pode atrasar a Alca?

Continuo trabalhando com o calendário atual, mas sabemos que as duas negociações estão condicionadas. Alguns dos benefícios mais importantes que queremos nos acordos só deverão ocorrer na OMC. Resultado: não podemos abrir o mercado agrícola, por exemplo, se os produtos americanos continuarem subsidiados. Para que a Alca avance, acho importante captarmos a principal lição de Cancún: o avião não decolou porque tinha excesso de peso. Se conseguirmos deixar de lado um pouco do peso da Alca -- como regras de investimento, propriedade intelectual, serviços -- para nos concentrarmos nas questões de acesso a mercado, teremos uma chance razoável de concluir um acordo.

Muita gente diz que a diplomacia brasileira não se preocupa em vender os produtos brasileiros no exterior. Isso é verdade?

O que falta não é preocupação, o que falta é dinheiro. Fazer promoção comercial custa dinheiro. É uma situação do Estado brasileiro, que foi definhando. Aliás, houve pressão da sociedade, inclusive de empresários, para que o Estado diminuísse. Ele diminuiu e agora todo mundo reclama.

Outra crítica que se ouve é que países como o Brasil têm poucos diplomatas para enfrentar batalhões de técnicos dos países desenvolvidos. É verdade?

Sim. A diferença continua grande. Mas isso está mudando, e Cancún foi um bom exemplo. O G22 não somou apenas peso político, mas também capacidade técnica. O Brasil levou uma equipe muito boa, englobando vários ministérios, além de muitos estudos, trabalhos, simulações. E pudemos interagir com as equipes de outros países.

O presidente Lula afirmou que a fase do "Brasil coitadinho" terminou. O senhor acha que essa é uma descrição acurada da política externa anterior a janeiro de 2003?

Não acho que ele estivesse se referindo necessariamente à política externa anterior, mas a uma atitude psicológica do brasileiro. É aquela história de "vamos pedir, se eles não derem a gente se contenta com o que vier".

É uma atitude que existia também no Itamaraty?

Os diplomatas brasileiros também são brasileiros, não é? Tenho muita confiança em que vamos superar essas coisas todas. Muitas análises que ouvi em relação à Alca e à OMC defendiam que tínhamos de ser realistas. Nas entrelinhas a mensagem era: aceite obter 10% e deixe os outros ganhar 100%. Que realismo é esse? Baixar o nível de ambições só de um lado não é ser realista. Isso tem outro nome, que prefiro não pronunciar. Gostei muito da experiência em Cancún porque estavam lá empresários do setor agrícola. Pedi a eles clareza, exatamente para que depois não viesse alguém dizer que seria melhor termos assinado a proposta dos países ricos. E eles foram muito diretos ao explicitar o que queriam do acordo.

Há, portanto, uma atuação diferente em relação ao governo anterior?

Há diferenças de ênfase, o que não é pouca coisa. Quantas iniciativas houve em relação à África nos últimos dez anos? Praticamente nenhuma. Visitei sete países em nove dias. Em novembro, o presidente deverá ir até lá. Depois ele irá aos países árabes. O foro trilateral com Índia e África do Sul também é novidade. Chegou-se ao G22 por conta de coisas que aconteceram antes, que criaram um clima de confiança. O Paquistão era um país com o qual o Brasil tinha uma relação remota. Hoje, o ministro do Paquistão me ligou dizendo que o Brasil tem de continuar na liderança do G22. Tudo isso se deve a uma ação continuada em vários níveis. Não basta ter uma boa idéia, tem de batalhar. Pode ser uma diferença de grau em relação a governos anteriores, mas é uma diferença de grau importante. Vou dar um exemplo concreto. Estamos buscando uma relação mais intensa com a América do Sul. Outro dia o presidente Uribe, da Colômbia, convidou o presidente Lula para uma cerimônia que não estava na agenda do Planalto. O que fizemos? A agenda foi mudada, o presidente saiu de São Paulo à meia-noite, viajou 7 horas no Sucatão, chegou às 5 horas da manhã em Cartagena, descansou apenas 2 horas e foi encontrar o presidente Uribe. Quantos presidentes do Brasil já fizeram isso? Quando se diz que não há diferença, é preciso lembrar que a determinação faz diferença.

Como deverá evoluir o Mercosul nos próximos anos?

Nossa meta é tentar, até o fim do ano, ter mais que um acordo entre Mercosul e Comunidade Andina. Isso representaria um enorme avanço em termos de integração do continente. E as conversas estão muito adiantadas com praticamente todos os países do bloco.

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