Economia

Emergentes podem enfrentar riscos com dívida global recorde

A dívida global aumentou quase US$ 15 trilhões nos primeiros nove meses e deve chegar a US$ 277 trilhões, ou 365% do PIB global no fim do ano

perigos são particularmente elevados para mercados em desenvolvimento (Kerem Uzel/Bloomberg)

perigos são particularmente elevados para mercados em desenvolvimento (Kerem Uzel/Bloomberg)

B

Bloomberg

Publicado em 19 de novembro de 2020 às 13h28.

Última atualização em 19 de novembro de 2020 às 14h25.

Mercados emergentes podem ter dificuldade em manter os pagamentos em dia com o ônus da dívida global em níveis recordes, de acordo com o Instituto de Finanças Internacionais.

A dívida global aumentou quase US$ 15 trilhões nos primeiros nove meses e deve chegar a US$ 277 trilhões, ou 365% do PIB global no fim do ano, como resultado da busca por financiamento por governos e empresas em resposta à pandemia, segundo dados do IFI.

Os perigos são particularmente elevados para mercados em desenvolvimento. Embora a dívida desses países se aproxime de 250% do PIB e os juros estejam baixos, as perdas de receita relacionadas à Covid tornam os financiamentos mais arriscados, de acordo com o grupo, que representa empresas financeiras globais. Líbano, Malásia e Turquia responderam pelos maiores aumentos da dívida do setor não financeiro neste ano.

“O aumento significativo do volume da dívida em aberto coloca nosso foco nas necessidades de refinanciamento desses países, especialmente em mercados emergentes”, disse o diretor de pesquisa de sustentabilidade, Emre Tiftik, durante webinar na quarta-feira. “As preocupações com o aumento dos níveis da dívida são fortes.”

Carga pesada: dívida global ultrapassou US $ 272 trilhões no terceiro trimestre


Carga pesada: dívida global ultrapassou US $ 272 trilhões no terceiro trimestre (Bloomberg/Bloomberg)

Se o mundo continuar fazendo empréstimos no ritmo dos últimos 15 anos, o IFI prevê um volume de dívida global superior a US$ 360 trilhões até o final de 2030.

Mais empréstimos podem destacar o risco em países emergentes, que precisam reservar uma parcela maior da receita do governo para cobrir despesas com juros, de acordo com dados do IFI. Cerca de US$ 7 trilhões em títulos de mercados emergentes e empréstimos concedidos por grupos de bancos devem vencer até o fim de 2021, de acordo com o grupo.

Mercados emergentes, especialmente os da América Latina, enfrentam mais pressão sobre as notas de crédito neste ano devido ao aumento da dívida, do que seus pares com economias mais maduras, disse em painel Charles Seville, corresponsável de ratings soberanos para as Américas na Fitch Ratings.

Maior participação: Países emergentes precisarão de uma porcentagem maior da receita do governo geral para despesas com juros

Maior participação: Países emergentes precisarão de uma porcentagem maior da receita do governo geral para despesas com juros (Bloomberg/Divulgação)

Ainda assim, a busca por retornos deve direcionar os fluxos para a dívida de mercados emergentes em 2021 em relação a este ano, disse Luis Oganes, estrategista em Londres do JPMorgan Chase, que participou do mesmo webinar. Ele também espera que o default entre soberanos do mundo em desenvolvimento caia para um dígito no próximo ano em relação a quase 10% do índice de referência de títulos de mercados emergentes do JPMorgan em 2020, disse.

“Na pandemia, países que têm um perfil de crédito de grau de investimento tiveram melhor capacidade para lidar com a situação”, disse Josephine Shea, gestora sênior do BNY Mellon. “Quando olho para os mercados emergentes, preciso distinguir quais países são capazes de lidar com isso.”

Para saber mais sobre o cenário econômico e político no Brasil e no mundo, assista o programa Questão Macro, todas as quartas-feiras às 13h30 no canal do youtube da Exame Research:

yt thumbnail
Acompanhe tudo sobre:Crise econômicaDívida públicaPIBTurquia

Mais de Economia

Reforma tributária: videocast debate os efeitos da regulamentação para o agronegócio

Análise: O pacote fiscal passou. Mas ficou o mal-estar

Amazon, Huawei, Samsung: quais são as 10 empresas que mais investem em política industrial no mundo?

Economia de baixa altitude: China lidera com inovação