Economia

Em visita, Brasil tenta aumentar fatia de exportações para China

O objetivo da visita brasileira à China tem como objetivo muito mais do que preparar a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao país em maio, quando serão comemorados 30 anos de relações diplomáticas e comerciais. Na pauta do encontro, que ocorre a partir desta segunda-feira (22/3), a delegação enviada pelo governo guarda […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h36.

O objetivo da visita brasileira à China tem como objetivo muito mais do que preparar a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao país em maio, quando serão comemorados 30 anos de relações diplomáticas e comerciais. Na pauta do encontro, que ocorre a partir desta segunda-feira (22/3), a delegação enviada pelo governo guarda a pretensão de transformar as relações comerciais com a China: de um mero fornecedor de matérias-primas - especialmente soja e minério de ferro o Brasil passaria a exportador de manufaturados.

Nesta segunda-feira, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, encontrou-se com ministros das áreas de desenvolvimento, de negócios estrangeiros e de comércio. Nas visitas, Amorim discutiu a necessidade de ampliação do Conselho de Segurança da ONU; ressaltou os entendimentos para o Mercosul firmar um acordo comercial com a China; destacou a possibilidade de China e Brasil trabalharem juntos na exploração de minério de urânio nas jazidas brasileiras, e ainda reafirmou a disposição de o Brasil cooperar com os chineses na cadeia do álcool combustível (da produção à distribuição),

Desde que o comércio entre os dois países se intensificou, em meados de 2000, a indústria brasileira não conseguiu aumentar substancialmente a parcela de bens prontos para o consumo que vende para os chineses. Em 2000, a fatia era de 20% do total importado. Em 2003, foi de 25% - sendo que, nesses três anos, as exportações totais para a China cresceram cerca de 318%.

O presidente da Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Econômico (CBCDE), Paul Liu, acredita que o Brasil pode ganhar mais espaço no mercado consumidor chinês. Um dos principais motivos é o aumento da renda per capita da população. Há 20 anos atrás, quando a economia era totalmente fechada, a renda por habitante era de 20 dólares/ano. Em 2003, chegou pela primeira vez a mil dólares (veja mais números sobre a economia chinesa abaixo).

A melhoria de vida da população urbana - a qual se beneficia da instalação de indústrias estrangeiras no país - provoca um fenômeno conhecido do brasileiro, que viveu o milagre econômico da década de 70 e o início do Plano Real, nos anos 90: a mudança no hábito de consumo. Quem antes só comprava água ou refrigerante já está comprando sucos e leite, afirma Liu, lembrando que o povo chinês começa a se habituar ao sabor do café, visto o sucesso que a rede americana de cafeterias Starbucks vem fazendo especialmente entre os jovens.

Para o presidente da CBCDE, essas são oportunidades que o empresário brasileiro não pode perder. Ele espera que a visita do presidente Lula desobstrua alguns canais de comércio entre os dois países. Um dos mais importantes é o turismo, hoje prejudicado pela burocracia do governo chinês para permitir que o turista entre no Brasil somente para passeio. Outro é a homologação da carne brasileira. A China possui uma carência grande por carne bovina, a qual o Brasil possui condições de exportar, afirma Liu.

A China em números:

  • A economia da China é três vezes maior que a do Brasil.
  • Em 2003, o PIB chinês cresceu 9,1%, o equivalente a mais 100 bilhões de dólares ou 22% do PIB brasileiro.
  • Desde o início da abertura da economia chinesa, na década de 80, 450 mil empresas estrangeiras instalaram fábricas no país.
  • Com a proibição de entrada de capital especulativo no país e com incentivos fiscais e de infra-estrutura, a China conseguiu captar, em média, 56 bilhões de dólares por ano nos últimos 15 anos em capital produtivo - o chamado Investimento Direto Estrangeiro (IDE), que no Brasil, teve seu pico de 30 bilhões de dólares no auge das privatizações e, em 2003, foi de 10 bilhões.
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