Economia

Em 2023, 27% das vendas de bebidas no Brasil foram ilícitas e perda com pirataria cresceu 20%

São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul são os mercados mais afetados pelas falsificações, segundo anuário da Associação Brasileira de Combate à Falsificação

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 20 de março de 2024 às 14h54.

O Brasil registrou um prejuízo de R$ 414 bilhões em 2023 por causa de pirataria, falsificação e sonegação fiscal. Os dados são do Anuário da Falsificação, produzido pela Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF). A conta considera perdas tanto em arrecadação tributária como no faturamento das indústrias, lesadas pela proliferação de produtos falsificados.

Em 2022, esse número havia sido de R$ 345 bilhões — um salto de 20%. Atualmente, 35% dos produtos pirateados e contrabandeados são vendidos por e-commerce ou mídias sociais.

São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul são os mercados mais afetados pelas falsificações.

A ABCF estima que 65% dos produtos piratas presentes no Brasil chegam da Ásia, principalmente da China. O restante é produzido aqui ou originário do Paraguai.

Prejuízo recorde

Pela primeira vez, o setor de bebidas liderou o levantamento, com perdas estimadas em R$ 78,5 bilhões - sendo R$ 22 bilhões apenas com sonegação fiscal.

Segundo o Anuário da ABCF, calcula-se que 27% das vendas de bebidas no país no ano passado tiveram origem ilícita.

Dados de 2022 já mostravam um crescimento de quase 300% na sonegação de impostos referentes aos últimos seis anos no setor. A pesquisa revelou ainda um aumento no volume ilícito de bebidas, que saltou de 2 bilhões de litros em 2016 para 5,3 bilhões de litros em 2022. No ano passado, esse percentual subiu 9%.

"A extinção do SICOBE (Sistema de Controle de Bebidas da Receita Federal), em 2016, que parou com a rastreabilidade das bebidas, foi o principal fator para explosão desse mercado ilegal. O crime organizado viu nesse descontrole uma oportunidade para lavar dinheiro e maximizar os lucros", explica Rodolpho Ramazzini, diretor da ABCF.

Apenas neste ano, 15 fábricas clandestinas de bebidas foram fechadas no Brasil.

Depois do setor de bebidas, o de vestuário aparece como o segundo mais prejudicado, com perdas de R$ 40 bilhões. Cerca de 20% das peças de roupas vendidas no país em 2023 vieram do mercado ilegal.

Em terceiro lugar no ranking ficou o setor de combustíveis, com prejuízo de R$ 35 bilhões.

Antes líder do levantamento, o ramo de cigarros agora está na 10ª colocação, com perdas estimadas em R$ 10,5 bilhões.

De janeiro de 2023 a janeiro de 2024, foram realizadas 1.522 operações das Polícias Civil, Federal, Rodoviária Federal e da Receita Federal para o combate à Falsificação, Pirataria e Sonegação Fiscal.

Veja o ranking completo dos setores mais prejudicados em 2023, segundo o Anuário da ABCF:

Bebidas - R$ 78,5 bilhões

Vestuário - R$ 40 bilhões 

Combustíveis - R$ 35 bilhões (R$ 19 bilhões em sonegação fiscal)

Defensivos Agrícolas - R$ 23 bilhões

Sementes - R$ 22 bilhões

Perfumaria - R$ 21 bilhões

Autopeças - R$ 16,5 bilhões

TV por Assinatura - R$ 15 bilhões

Materiais Esportivos - R$ 14 bilhões

Cigarros - R$ 10,5 bilhões

Higiene e Cosméticos - R$ 10,5 bilhões

Setor Óptico (lentes e armações) - R$ 10,4 bilhões

Segmento de luxo (bolsas, relógios e confecções de alta costura) - R$ 10 bilhões

Medicamentos - R$ 10 bilhões

Ferramentas - R$ 9 bilhões

PCs e Softwares - R$ 9 bilhões

Materiais elétricos - R$ 8 bilhões

Audiovisual - R$ 4,5 bilhões

Limpeza - R$ 4 bilhões

Suplementos alimentares - R$ 3 bilhões

Extintores e acessórios de segurança - R$ 3 bilhões

Capacetes para motociclistas e acessórios - R$ 3 bilhões

Celulares - R$ 2,5  bilhões

Brinquedos - R$ 1,2 bilhão

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