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Eleitor terá 'Bolsa' para negociar ações de políticos

São Paulo - Quem acha que os políticos brasileiros estão em baixa no mercado vai poder colocar à prova essa teoria em uma bolsa de valores criada especialmente para negociar cotas da imagem pública dos possíveis candidatos nas eleições deste ano. A Bolsa de Valores Políticos (Bovap), iniciativa da corretora de valores Souza Barros, estreou […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h44.

São Paulo - Quem acha que os políticos brasileiros estão em baixa no mercado vai poder colocar à prova essa teoria em uma bolsa de valores criada especialmente para negociar cotas da imagem pública dos possíveis candidatos nas eleições deste ano. A Bolsa de Valores Políticos (Bovap), iniciativa da corretora de valores Souza Barros, estreou ontem na internet e já reúne 1,1 mil investidores. Para participar da "brincadeira" basta se cadastrar no endereço http://www.bovap.com.br. De início, os participantes recebem crédito de 50 mil Unidades de Valor Político (UVPs), moeda fictícia, para montar sua carteira de políticos.

O simulador usa a lógica do mercado financeiro e conta com todos os mecanismos de um ambiente de operação de verdade: reserva de papéis nas vésperas da oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), prospecto e análise de ativos e ferramenta para negociação online, o home broker. Há até um índice, o Ibovap, termômetro das negociações na bolsa, que iniciou em 100 pontos. Por volta das 17h30 desta quarta-feira, o índice estava em 1.763,74 pontos, com valorização de 83,80% no dia, - o que mostra que, ao menos na Bovap, a cotação dos políticos está em alta.

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Enquanto os partidos ainda definem seus candidatos para as eleições de outubro, a corretora lança ações dos nomes cotados para a disputa. Já estão em negociação papéis de oito possíveis candidatos ao governo de São Paulo, entre eles os ex-governadores Geraldo Alckmin (PSDB) e Paulo Maluf (PP) e a ex-prefeita Marta Suplicy (PT). Até sexta-feira será feito o IPO dos presidenciáveis, entre eles o governador José Serra (PSDB) e a ministra Dilma Rousseff (PT). Serão listados na bolsa ainda, nos próximos 15 dias, os candidatos ao governo de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Rio Grande do Sul.

Assim como as empresas listadas na bolsa de valores, cada político terá um preço inicial, medido em UVP e baseado em um levantamento feito com 20 pessoas nas ruas. Elas avaliam a ética, o histórico e as realizações do candidato com notas de 1 a 10. A nota média é o valor inicial da ação. Cada candidato a governador começa na bolsa vinculado a 100 mil ações e cada pleiteante a presidente, a 300 mil.

Os preços de oferta mais altos até agora - as blue chips da Bovap - foram de Marta Suplicy (UVP 19,95), Geraldo Alckmin (19,85) e Soninha Francine, do PPS (19,21). Os mais baixos foram de Paulinho da Força, do PDT (12,63), Paulo Skaf, do PSB (13,54) e Paulo Maluf (13,60). Celso Russomano, do PP, teve um preço inicial de UVP 16, e Ivan Valente, do PSOL, saiu com UVP 14,11.

No site da Bovap o investidor tem acesso ainda a um prospecto dos políticos, com dados pessoais, informações políticas, curiosidades e os fatores de risco de aplicar em cada candidato, como envolvimento em escândalos de corrupção. A página abriga ainda relatórios de análise - fundamentalistas e grafistas - do quadro político, do desempenho do Ibovap e de cada ativo da bolsa.

A Bovap vai cumprir também uma função de xerife do 'mercado de políticos', cobrando explicações dos candidatos sobre qualquer movimento brusco das ações a que estão vinculados, como supervalorizações e suspeitas de "inside information" (informação privilegiada).

O presidente da corretora, Carlos Souza Barros, acredita que a iniciativa, além de estimular a entrada de investidores pessoa física no mercado financeiro, contribui para o debate político neste ano eleitoral. "Ou o eleitor brasileiro discute política tão apaixonadamente quanto futebol ou trata o assunto como um tabu", disse Souza Barros à Agência Estado. "A Bovap ajuda as pessoas a perderem o medo de investir em ações e leva a uma conscientização política, pois, antes de investir ou escolher um representante, é preciso pesquisar e pensar bem."

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