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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h23.
Foi-se o tempo em que eleição presidencial no Brasil gerava medo nos investidores. "O resultado das eleições nesse ano é simplesmente irrelevante para a economia", diz o economista-chefe do Bradesco, Octávio de Barros. Seja quem for que ganhe as eleições - Luiz Inácio Lula da Silva ou Geraldo Alckmin, os dois candidatos preferidos do eleitorado segundo as pesquisas de opinião - não haverá nenhuma surpresa para a economia. "Não existe mais uma gestão macroeconômica de esquerda ou de direita. O que existe hoje é uma gestão macroeconômica do bom senso", afirma.
Barros afirma que o atual cenário eleitoral é um verdadeiro privilégio para o Brasil, especialmente ao lembrar que o país está localizado em uma região politicamente conturbada, como tem se mostrado a América Latina. "As instituições econômicas e políticas no Brasil amadureceram muito", afirma o economista. A atual calmaria em nada se parece com o tumulto que o último pleito à Presidência da República gerou. Em 2002, o mercado financeiro viu o dólar ser negociado a quatro reais, o risco-país se aproximar da barreira psicológica dos 2 000 pontos e a inflação subir, provocando o aumento da taxa básica de juros de 18% ao ano para 21% ao ano.
Perspectivas
Para 2007, Barros afirma que o futuro governo precisa ter como foco o ajuste fiscal. Segundo ele, todos os acertos necessários já foram feitos do lado da demanda - com o bem-sucedido controle da inflação, melhor distribuição de renda, criação do crédito consignado. E que agora há uma urgência para o governo corrigir os rumos do lado da oferta - ou seja, que beneficiem mais diretamente os empresários. "O ajuste fiscal é fundamental para que haja uma redução da carga tributária. E também são necessários uma redução dos custos de produção, uma melhora do marco regulatório e mais investimentos em infra-estrutura", diz Octávio de Barros.
O economista-chefe da SulAmérica, Newton Rosa, concorda: o Brasil tem urgência por uma ajuste fiscal. Ele diz mais: os baixos investimentos governamentais em 2006 irão gerar um sério problema para a próxima gestão. Enquanto os gastos primários do governo Lula passaram de 16,9% do Produto Interno Bruto (PIB) para 18,3% entre 2001 e 2005, os investimentos caíram de 0,9% para 0,6% do PIB no mesmo período. "O governo que assumir terá de fazer uma nova reforma da previdência e repensar os gastos sociais, que cresceram 22%, um ritmo incompatível com o crescimento do PIB brasileiro", diz Newton Rosa.