Eleição no Chile não deve afetar relação com o Brasil
País tem perfil de economia aberta e exportadora de produtos primários, que deve seguir inalterado mesmo com expansão do Estado proposta pela favorita Bachelet
João Pedro Caleiro
Publicado em 18 de novembro de 2013 às 16h38.
São Paulo – Com 47% dos votos na eleição presidencial chilena de ontem, Michelle Bachelet não conseguiu escapar de um segundo turno, mas segue como franca favorita.
Ela já foi presidente entre 2006 e 2010 e não emplacou seu sucessor, apesar de ter deixado o governo com 85% de aprovação.
Agora, promete um segundo mandato com mudanças profundas, mas que não mudariam fundamentalmente o perfil econômico chileno (ou sua relação com o Brasil).
Enquanto isso, a candidata governista Evelyn Matthei, que levou 25% dos votos, se compromete a seguir com as políticas pró-mercado do atual presidente Sebastian Piñera.
Radiografia
A economia chilena é a mais aberta da América Latina, com dezenas de acordos de livre comércio em vigor, e a inflação e o desemprego nunca foram tão baixos no país.
No entanto, algumas frustrações se acumulam: entre os 34 membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o Chile é o mais desigual, e as deficiências do sistema previdenciário começam a pesar sobre uma população que envelhece rapidamente.
Já o crescimento, que atingiu uma taxa anual de 5,6% entre 2010 e 2012, deve desacelerar para 4,2% em 2013. Em outubro, o Banco Central decidiu cortar as taxas de juros pela primeira vez desde o início de 2012.
Maior produtor de cobre do mundo, o Chile exporta quase metade dos seus produtos para países asiáticos. Cobre e minérios são responsáveis por 55% desse total, o que torna o país extremamente vulnerável à flutuação de preços desses produtos e aos humores da economia chinesa.
O Brasil é o quinto principal destino das exportações chilenas, com 4,29 bilhões de dólares - ou 5,5% do total.
6,5% das importações chilenas tem origem no Brasil, atrás só de Estados Unidos, China e Argentina. Os principais produtos que os chilenos compram daqui são combustíveis (23,4%), automóveis (18,2%) e carnes (9%).
Professor da Faculdade de Economia e Administração da USP, Paulo Roberto Feldmann acredita que independente do resultado, a relação entre os dois países deve seguir inalterada: “quando Bachelet foi presidente, não houve nenhuma mudança em relação ao Brasil. O perfil de troca comercial entre os dois países é antigo e não muda muito com os governos; não vejo porque agora seria diferente.”
Promessas
A campanha de Bachelet prometeu “o fim do lucro no sistema educativo” financiada por um aumento gradual em quatro anos que levaria o imposto corporativo de 20% para 25%.
Já a taxa de imposto máximo para pessoa física iria de 40% para 35% no mesmo período. O plano tributário de Bachelet como um todo levantaria recursos da ordem de 3% do PIB, de acordo com suas próprias estimativas.
Um relatório divulgado hoje pelo HSBC afirma que as propostas de Bachelet, se aprovadas, “não alterariam significativamente o arcabouço da economia chilena”.
O banco considera que o aumento dos gastos do governo “não seria negativo per se” para o crescimento, mas precisaria vir acompanhado de fontes de recursos permanentes para não deteriorar as finanças públicas.
São Paulo – Com 47% dos votos na eleição presidencial chilena de ontem, Michelle Bachelet não conseguiu escapar de um segundo turno, mas segue como franca favorita.
Ela já foi presidente entre 2006 e 2010 e não emplacou seu sucessor, apesar de ter deixado o governo com 85% de aprovação.
Agora, promete um segundo mandato com mudanças profundas, mas que não mudariam fundamentalmente o perfil econômico chileno (ou sua relação com o Brasil).
Enquanto isso, a candidata governista Evelyn Matthei, que levou 25% dos votos, se compromete a seguir com as políticas pró-mercado do atual presidente Sebastian Piñera.
Radiografia
A economia chilena é a mais aberta da América Latina, com dezenas de acordos de livre comércio em vigor, e a inflação e o desemprego nunca foram tão baixos no país.
No entanto, algumas frustrações se acumulam: entre os 34 membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o Chile é o mais desigual, e as deficiências do sistema previdenciário começam a pesar sobre uma população que envelhece rapidamente.
Já o crescimento, que atingiu uma taxa anual de 5,6% entre 2010 e 2012, deve desacelerar para 4,2% em 2013. Em outubro, o Banco Central decidiu cortar as taxas de juros pela primeira vez desde o início de 2012.
Maior produtor de cobre do mundo, o Chile exporta quase metade dos seus produtos para países asiáticos. Cobre e minérios são responsáveis por 55% desse total, o que torna o país extremamente vulnerável à flutuação de preços desses produtos e aos humores da economia chinesa.
O Brasil é o quinto principal destino das exportações chilenas, com 4,29 bilhões de dólares - ou 5,5% do total.
6,5% das importações chilenas tem origem no Brasil, atrás só de Estados Unidos, China e Argentina. Os principais produtos que os chilenos compram daqui são combustíveis (23,4%), automóveis (18,2%) e carnes (9%).
Professor da Faculdade de Economia e Administração da USP, Paulo Roberto Feldmann acredita que independente do resultado, a relação entre os dois países deve seguir inalterada: “quando Bachelet foi presidente, não houve nenhuma mudança em relação ao Brasil. O perfil de troca comercial entre os dois países é antigo e não muda muito com os governos; não vejo porque agora seria diferente.”
Promessas
A campanha de Bachelet prometeu “o fim do lucro no sistema educativo” financiada por um aumento gradual em quatro anos que levaria o imposto corporativo de 20% para 25%.
Já a taxa de imposto máximo para pessoa física iria de 40% para 35% no mesmo período. O plano tributário de Bachelet como um todo levantaria recursos da ordem de 3% do PIB, de acordo com suas próprias estimativas.
Um relatório divulgado hoje pelo HSBC afirma que as propostas de Bachelet, se aprovadas, “não alterariam significativamente o arcabouço da economia chilena”.
O banco considera que o aumento dos gastos do governo “não seria negativo per se” para o crescimento, mas precisaria vir acompanhado de fontes de recursos permanentes para não deteriorar as finanças públicas.