Economia

Ecorodovias apresenta única oferta e vence leilão de sistema Rio-Valadares

A empresa foi a única interessada no ativo e ofereceu o menor valor da tarifa de pedágio, principal critério do certame

rodovia (CNT/Divulgação)

rodovia (CNT/Divulgação)

AO

Agência O Globo

Publicado em 20 de maio de 2022 às 17h32.

Sem concorrentes, a Ecorodovias venceu o leilão de concessão do sistema rodoviário Rio-Valadares, que tem 726,9 quilômetros de estradas entre o Rio de Janeiro e Governador Valadares, em Minas Gerais. A empresa foi a única interessada no ativo e ofereceu o menor valor da tarifa de pedágio, principal critério do certame.

Assine a EXAME por menos de R$ 0,37/dia e acesse as notícias mais importantes do Brasil em tempo real.

A empresa ofereceu um desconto de 3,11% sobre a tarifa básica. O máximo permitido pelo edital era de 17,5%. O leilão aconteceu nesta sexta, na sede da B3, em São Paulo.

As tarifas básicas de pedágio definidas para a concessão foram de R$ 0,16092/Km para pista simples, sendo a pista duplicada de R$ 0,22528/km, 40% maior em relação à tarifa de pista simples. Não houve pagamento de valor de outorga. Como o desconto sobre o valor do pedágio não foi o máximo previsto pelo edital, o valor da outorga é zero.

Marcello Guidotti, presidente da Ecorovias, disse que os investimentos previstos vão aumentar a segurança, tornar mais fluída e moderna a rodovia. A empresa já opera três concessões de rodovias em Minas e a ponte Rio/Niterói, no Rio de Janeiro. Com a vitória, amplia a presença nesses estados.

"Estamos sempre à procura de novas oportunidades. Este contrato traz novidades na área ESG e prevê compensação de 100% dos gases CO2 emitidos, além de duas usinas fotovoltaicas reduzindo o impacto ambiental da obra. Passamos a operar 4 mil quilômetros de rodovias no país, o que nos torna o maior operador de rodovias no Brasil", disse Guidotti.

LEIA TAMBÉM: Ampliar limite de faturamento do Simples custaria R$ 66 bi, diz Receita

Haverá novidades como desconto de 5% para motoristas que usarem o sistema de cobrança automática nos pedágios. Também será implementado o sistema free flow de pagamento eletrônico com base na distância percorrida.

Por 30 anos, a nova concessionária vai explorar e operar esse sistema. O edital prevê que sejam feitas melhorias como 303,2 km de obras de duplicação, 255,2 km de faixas adicionais, 85,5 km de vias marginais, 775 melhorias de acessos, 75 passarelas e 57 passagens de animais. Prevê ainda investimentos de R$ 11,3 bilhões em melhorias e ampliação de capacidade. A expectativa é de criação de 150 mil empregos, diretos e indiretos.

Trata-se da única rota, a partir da cidade do Rio de Janeiro, disponível para se contornar a Baía de Guanabara, permitindo o acesso à Região dos Lagos, ao norte do Estado, e às regiões Norte e Nordeste do país, segundo o edital. O trecho também faz a ligação entre as cidades do Rio de Janeiro e Governador Valadares, sendo estratégico pela extensão e pelo volume de tráfego, junto com outras duas rodovias, a BR-040/MG/RJ e BR-116/RJ/SP.

O ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, disse que trata-se de uma parceria "ganha/ganha" e que estava feliz que um grupo que já opera ativos como a ponte Rio/Niterói tenha vencido o certame. Ele disse que investidores internacionais estão de olho no Brasil e querem parcerias com empresas com musculatura.

"Ficamos satisfeitos que os leilões tem sido um sucesso", afirmou.

LEIA TAMBÉM: Entenda qual o impacto da alta de taxas de juros para a economia global

Para tentar atrair mais investidores para as próximas 40 concessões previstas, o ministro da Infraestrutura esteve em Nova York, na semana passada, em “road show” para divulgar o programa de concessões federais a investidores internacionais. Ele visitou grupos como o Global Infrastructure Partners (GIP), o GIC (fundo soberano de Cingapura) e o australiano Macquarie, além dos bancos como UBS e Bank of America.

Estão previstas 12 praças de pedágio distribuídas da seguinte forma: na BR-116/RJ são três praças de pedágio, sendo duas localizadas em Viúva Graça, e uma em Magé. Também haverá duas praças na BR-493/RJ, em Itaboraí e Itaguaí. Já em Minas, na BR-116/MG, são sete praças de pedágio previstas em Leopoldina, Bom Jesus da Cachoeira, Miradouro, Orizânia, Santa Bárbara do Leste, Inhapim, Governador Valadares.

Para o advogado Rodrigo Campos, ex-diretor da Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) e sócio do escritório Porto Lauand, a concessão da Rio/Valadares é um projeto robusto e mais de 700km de rodovias, o que naturalmente provocou uma seleção natural dos participantes, afastando grupos de pequeno e médio porte.

Ele lembra que os leilões mais recentes de rodovias têm sido disputados só por dois players (A própria Ecorodovias e a CCR), é sempre frustrante quando só há um interessado.

LEIA TAMBÉM: Projeto de ICMS pode tirar R$ 70 bi de estados e municípios, diz estudo

"Isso é fruto do cenário econômico desafiador (inflação dos insumos, guerra, etc) e da grande quantidade de projetos de infraestrutura no 'pipeline' da União e dos estados, o que faz com que mesmo grupos grandes e capitalizados sejam mais seletivos e conservadores em suas avaliações e escolhas de prioridades de investimento", observa Campos.

Na Rio/Valadares, por exemplo, o governo usou uma nova combinação de IPCA (70%) e IGP-DI (30%) para o reajuste de tarifas da concessionária, a fim de reduzir a imprevisibilidade de custos em torno dos insumos, como o asfalto.

"As mudanças feitas no edital trazem segurança jurídica e garantias necessárias para o projeto", disse Guidotti.

Campos afirma que a participação da Ecorodovias era esperada, já que estão próximos do trecho, com a Ecoponte, a Eco135 (estadual em Minas Gerais) e com a Eco 101, no Espírito Santo. Com a Rio/Valadares, diz o advogado, a Ecodorovias, fortalece o portifólio na região e ganha ainda mais escala.

O governo vem tornando os editais de concessão de rodovias para tentar atrais mais interessados. Mas não tem conseguido o interesse de novos "players", tendo ficado dependente da CCR e da Ecorodovias nas últimas grandes concessões à iniciativa privada. A Ecorodovias levou a concessão da BR-153 entre Goiás e Tocantins, em abril do ano passado. Já a CCR ganhou a relicitação da Presidente Dutra (Rio-São Paulo), no leilão realizado em outubro passado.

Mesmo com apenas um interessado, o governo avaliou como positivo o resultado leilão. Em algumas tentativas de concessões rodoviárias, por exemplo, não apareceram interessados. Em abril deste ano, o governo de São Paulo suspendeu por prazo indeterminado o leilão da parceria público-privada para a construção e a operação do trecho Norte do Rodoanel Mário Covas, com 44 km de pistas. A suspensão, um dia antes do certame, foi vista como uma saída para evitar um 'vexame' pela falta de interessados.

No âmbito federal, o Ministério da Infraestrutura suspendeu em fevereiro o leilão concessão da chamada Rodovia da Morte, lote de 670 km que compreendia trecho da BR-381 de Belo Horizonte a Governador Valares e da BR-262 de João Molevade (MG) até Viana (ES).

(Agência O Globo)

Acompanhe tudo sobre:EcoRodoviasExploração de rodoviasMinas GeraisTransportes

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor