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Economistas elevam previsão de aumento do PIB para cerca de 6% neste ano

Mesmo com uma retração prevista para o quarto trimestre, crescimento do país será sustentado pelos fortes números do terceiro trimestre

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Da Redação

Publicado em 9 de dezembro de 2008 às 15h25.

Elevar a expectativa de crescimento do país neste ano foi a primeira reação do mercado, após a divulgação do PIB do terceiro trimestre pelo IBGE, nesta terça-feira (9/12). A expansão de 1,8% sobre o segundo trimestre surpreendeu os analistas, ao ficar bem acima da média das previsões: 1,3%, segundo a Agência Estado. Diante dos números, os economistas já falam que o país pode crescer cerca de 6% neste ano, mesmo que o quarto trimestre apresente uma retração. Se confirmado, será o melhor resultado desde 1986, quando o PIB avançou 7,49%. Até então, esperava-se que o Brasil crescesse cerca de 5%. O último relatório Focus, do Banco Central, por exemplo, projetava uma alta de 5,24%.

A Sul América Investimentos é uma das gestoras que já reviram sua posição. Antes dos números do terceiro trimestre, a instituição apostava em uma expansão de 5,3%. Agora, a expectativa é de uma alta de 5,7%. "O país apresentou uma trajetória de crescimento forte, com destaque para a absorção doméstica e os investimentos", afirma o economista-chefe, Newton Rosa. Pelo cenário da Sul América, o país terá condições de crescer, mesmo com uma freada forte do PIB no quarto trimestre. A gestora trabalha com uma queda de 1,5% do PIB sobre o terceiro trimestre, pressionado pelo impacto da crise mundial sobre o lado real da economia brasileira. "O Brasil pode crescer mais que o previsto, ainda que tenha um último trimestre difícil", diz Rosa.

A consultoria econômica UpTrend também deve elevar sua expectativa para o ano. Por enquanto, a previsão para 2008 é de uma expansão de 5,5%. A consultoria ainda não chegou a um novo número, mas é possível que ele seja 0,7 ponto percentual maior, o que levaria a projeção para 6,2%. "A boa surpresa é que o crescimento inercial [aquele herdado dos trimestres anteriores] influenciou o resultado trimestral", afirma Jason Vieira, economista-chefe da consultoria. A nova previsão também deve incorporar uma freada do país nos últimos três meses do ano. A expectativa da UpTrend é de uma alta próxima de zero, ou mesmo uma queda de 0,5% do PIB para o período, sobre o trimestre anterior. "A base da expansão do terceiro trimestre foi a construção civil e a indústria, que podem ter sérios problemas com as atuais restrições de crédito e juros altos", explica Vieira.

Outra consultoria que projeta um forte crescimento para 2008 é a LCA. Seus analistas estimam uma alta de 6,2%. Para atingir esse resultado, a LCA espera que o quarto trimestre registre uma expansão de 5,5% sobre o mesmo período de 2007. Esse resultado corresponderia a um PIB estável em relação ao terceiro trimestre deste ano, ou seja, com um crescimento perto de zero.

Destaques do PIB

Em relação ao mesmo período do ano passado, o PIB do terceiro trimestre acumulou uma alta de 6,8%. Na comparação com o período de abril a junho, o avanço foi de 1,8%. De acordo com o IBGE, o principal destaque foi a indústria, que cresceu 2,6%, à frente da agropecuária (1,5%), e dos serviços (1,4%).

Outro dado que chamou a atenção dos economistas foi a expansão dos investimentos, medida pela formação bruta de capital fixo (os recursos que foram aplicados em bens como imóveis, máquinas e equipamentos). Esse indicador cresceu 6,7% em relação ao segundo trimestre. A expansão também refletiu na taxa de investimento - a relação entre a formação bruta de capital fixo e o PIB. Essa taxa alcançou 20,4% do PIB. Trata-se da maior desde 2000, quando a série histórica do IBGE começou.

Para Rosa, da Sul América Investimentos, a expansão dos investimentos pode servir de amortecedor à desaceleração mundial. "A ampliação da base produtiva pode dar mais resistência ao país", afirma. Já Vieira, da UpTrend, observa que, diante da freada internacional que deve contaminar o país, os investimentos podem se transformar em uma capacidade ociosa maior que a esperada pelas empresas. "O teorema da crise diz que ela termina antes, porque as empresas seguem produzindo. Mas já estamos vendo fábricas dando férias coletivas e demitindo pessoal", afirma.

Crescimento do PIB
(%)
Ano
5,42
2007
3,75
2006
3,16
2005
5,72
2004
1,15
2003
2,66
2002
1,31
2001
4,31
2000
0,25
1999
0,04
1998
3,38
1997
2,15
1996
4,22
1995
5,85
1994
4,92
1993
-0,54
1992
1,03
1991
-4,35
1990
3,16
1989
-0,06
1988
3,53
1987
7,49
1986
Fonte: IBGE
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