Estudo da FGV mostra que o comércio informal representa quase 20% do PIB brasileiro (./Exame)
Da Redação
Publicado em 21 de julho de 2010 às 16h22.
São Paulo - A economia informal movimentou, em 2009, uma quantia equivalente a cerca de um quinto (18,5%) do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Segundo uma pesquisa divulgada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e pelo Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (Etco), a cifra gerada pelas atividades "subterrâneas" foi de 578 bilhões de reais.
Um exemplo dado pelo presidente do Etco, André Franco Montouro Filho, contribui para a compreensão do tamanho do problema. "Estamos falando de quase R$ 600 bilhões, que ficam à margem da economia formal brasileira. O mercado informal no Brasil supera a economia da Argentina."
Apesar de surpreendentes, os dados do estudo revelam que houve melhora dos números na comparação com os últimos seis anos. De 2003, quando foi iniciada a série de estimativas do índice, até 2010, os valores absolutos passaram de 357 bilhões para os atuais 578 bilhões de reais. Contudo, o PIB brasileiro teve um crescimento de 1,7 trilhão para 3,14 trilhões de reais. Portanto, houve uma queda na comparação, de 21% para 18,4%.
O pesquisador da FGV Fernando de Holanda Barbosa explicou que uma das principais causas da queda na participação da economia informal nos números totais foi o aumento da procura por crédito. Ele disse que as empresas e trabalhadores passaram a preferir os custos da formalização a continuar sem alguns benefícios que ela traz, como o acesso a financiamentos.
Barbosa afirmou ainda que os números relacionados à indústria subterrânea estão longe de atingir um ponto ideal. Este fato fica mais evidente quando se compara o Brasil com a média dos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), nos quais a participação da atividade à margem da formalidade chega a 10% do PIB.