Economia fica à deriva com impasse sobre impeachment
O impasse a respeito do processo de impeachment no Brasil deixou à deriva os planos do governo para fortalecer as contas públicas e reanimar a economia
Da Redação
Publicado em 16 de outubro de 2015 às 20h58.
O impasse a respeito do processo de impeachment no Brasil deixou à deriva os planos de Dilma Rousseff para fortalecer as contas públicas e reanimar a economia, contribuindo para o quarto rebaixamento da nota de crédito soberana durante sua presidência, na quinta-feira.
Os aliados de Dilma têm ignorado a economia e, em vez disso, passaram os últimos 30 dias desenvolvendo estratégias para evitar o início do processo de impeachment.
Os adversários dela, por sua vez, se concentraram em derrubá-la. Como nenhum dos lados tem força suficiente para vencer, os políticos ficam travados e sem disposição para votar as medidas propostas pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para diminuir o déficit orçamentário.
Sua apresentação no Congresso, na quarta-feira, sobre a urgência da implementação das medidas de austeridade foi pouco notada em Brasília.
“Todos -- investidores, empresas, imprensa -- simplesmente deixaram de discutir a economia real para esperar e acompanhar os lances dessa guerra entre o Planalto e o Congresso”, disse Adeodato Volpi Netto, chefe de mercados de capitais da empresa de pesquisa de ações Eleven Financial. “A discussão sobre o ajuste fiscal, que é essencial para que o país volte para os trilhos, foi abandonada”.
O Congresso adiou para o mês que vem uma sessão para a votação dos vetos presidenciais a grandes aumentos nos gastos e não há programação para sequer começar a discutir a proposta de Levy de elevar os impostos. Enquanto isso, a receita fiscal ficou abaixo das projeções, o que significa que o governo talvez tenha que admitir que não cumprirá suas já modestas metas de superávit fiscal para 2015.
Corte-surpresa
O corte surpresa para o grau especulativo, no mês passado, pela Standard Poor’s, ocorreu depois de o governo ter enviado ao Congresso uma proposta de orçamento para 2016 prevendo um déficit primário, ou seja, antes do pagamentos de juros.
A estimativa era muito diferente do plano anterior de Levy de um superávit primário de pelo menos 0,7 por cento do produto interno bruto.
Nesta quinta-feira, a Fitch Ratings reduziu a classificação da dívida do Brasil ao nível mais baixo do grau de investimento, sinalizando que Dilma está ficando sem tempo para aprovar os aumentos de impostos e as reduções nas despesas. Se uma segunda agência de classificação seguir o exemplo da S&P e rebaixar o Brasil para o grau especulativo, alguns investidores institucionais, como os fundos de pensão, não terão permissão para investir no país.
“Não ter um orçamento que garanta a manutenção do grau de investimento é colocar o emprego e as condições de vida das famílias em risco”, disse Levy aos parlamentares, na quarta-feira. “Temos que estar juntos para avançar”.
Mas está se tornando cada vez mais difícil avançar com qualquer coisa em Brasília. A decisão sobre o início de um processo de impeachment encontrou um obstáculo depois que o Supremo Tribunal Federal emitiu uma liminar, na terça-feira, contra os ritos do Congresso para abertura do processo.
Com a liminar em vigor, apenas o presidente da Câmara dos Deputados pode aceitar um pedido de impeachment no Congresso.
Sobrevivência política
Esse homem, Eduardo Cunha, está se defendendo de acusações de corrupção e está ocupado trabalhando para garantir sua própria sobrevivência política.
Reportagens sobre um escândalo de corrupção envolvendo Cunha dominaram as primeiras páginas dos três maiores jornais do país no sábado.
Ele teria usado contas na Suíça para receber propinas por um contrato de energia na África, publicaram os jornais Folha de S.Paulo, Estadão e O Globo. Ele nega as irregularidades e diz que não deixará o cargo de presidente da Câmara.
“As coisas claramente estão piorando e eles não conseguirão evitar outro rebaixamento”, disse John Welch, estrategista macro do Canadian Imperial Bank of Commerce.
O impasse a respeito do processo de impeachment no Brasil deixou à deriva os planos de Dilma Rousseff para fortalecer as contas públicas e reanimar a economia, contribuindo para o quarto rebaixamento da nota de crédito soberana durante sua presidência, na quinta-feira.
Os aliados de Dilma têm ignorado a economia e, em vez disso, passaram os últimos 30 dias desenvolvendo estratégias para evitar o início do processo de impeachment.
Os adversários dela, por sua vez, se concentraram em derrubá-la. Como nenhum dos lados tem força suficiente para vencer, os políticos ficam travados e sem disposição para votar as medidas propostas pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para diminuir o déficit orçamentário.
Sua apresentação no Congresso, na quarta-feira, sobre a urgência da implementação das medidas de austeridade foi pouco notada em Brasília.
“Todos -- investidores, empresas, imprensa -- simplesmente deixaram de discutir a economia real para esperar e acompanhar os lances dessa guerra entre o Planalto e o Congresso”, disse Adeodato Volpi Netto, chefe de mercados de capitais da empresa de pesquisa de ações Eleven Financial. “A discussão sobre o ajuste fiscal, que é essencial para que o país volte para os trilhos, foi abandonada”.
O Congresso adiou para o mês que vem uma sessão para a votação dos vetos presidenciais a grandes aumentos nos gastos e não há programação para sequer começar a discutir a proposta de Levy de elevar os impostos. Enquanto isso, a receita fiscal ficou abaixo das projeções, o que significa que o governo talvez tenha que admitir que não cumprirá suas já modestas metas de superávit fiscal para 2015.
Corte-surpresa
O corte surpresa para o grau especulativo, no mês passado, pela Standard Poor’s, ocorreu depois de o governo ter enviado ao Congresso uma proposta de orçamento para 2016 prevendo um déficit primário, ou seja, antes do pagamentos de juros.
A estimativa era muito diferente do plano anterior de Levy de um superávit primário de pelo menos 0,7 por cento do produto interno bruto.
Nesta quinta-feira, a Fitch Ratings reduziu a classificação da dívida do Brasil ao nível mais baixo do grau de investimento, sinalizando que Dilma está ficando sem tempo para aprovar os aumentos de impostos e as reduções nas despesas. Se uma segunda agência de classificação seguir o exemplo da S&P e rebaixar o Brasil para o grau especulativo, alguns investidores institucionais, como os fundos de pensão, não terão permissão para investir no país.
“Não ter um orçamento que garanta a manutenção do grau de investimento é colocar o emprego e as condições de vida das famílias em risco”, disse Levy aos parlamentares, na quarta-feira. “Temos que estar juntos para avançar”.
Mas está se tornando cada vez mais difícil avançar com qualquer coisa em Brasília. A decisão sobre o início de um processo de impeachment encontrou um obstáculo depois que o Supremo Tribunal Federal emitiu uma liminar, na terça-feira, contra os ritos do Congresso para abertura do processo.
Com a liminar em vigor, apenas o presidente da Câmara dos Deputados pode aceitar um pedido de impeachment no Congresso.
Sobrevivência política
Esse homem, Eduardo Cunha, está se defendendo de acusações de corrupção e está ocupado trabalhando para garantir sua própria sobrevivência política.
Reportagens sobre um escândalo de corrupção envolvendo Cunha dominaram as primeiras páginas dos três maiores jornais do país no sábado.
Ele teria usado contas na Suíça para receber propinas por um contrato de energia na África, publicaram os jornais Folha de S.Paulo, Estadão e O Globo. Ele nega as irregularidades e diz que não deixará o cargo de presidente da Câmara.
“As coisas claramente estão piorando e eles não conseguirão evitar outro rebaixamento”, disse John Welch, estrategista macro do Canadian Imperial Bank of Commerce.