Fábrica em São Bernardo do Campo: resultado superou a mediana das estimativas de analistas do mercado financeiro (Paulo Whitaker/Reuters)
Da Redação
Publicado em 14 de dezembro de 2013 às 08h20.
Brasília - Depois da queda do Produto Interno Bruto (PIB) de julho a setembro, a economia brasileira começou o quarto trimestre do ano surpreendendo pela alta. De acordo com o indicador de atividade econômica divulgado ontem pelo Banco Central, e que procura antecipar o comportamento do PIB, a elevação de setembro para outubro foi de 0,77%, atingindo a marca de 147,12 pontos, a maior dos últimos seis meses.
O resultado superou a mediana das estimativas de analistas do mercado financeiro consultados pelo serviço AE Projeções, da Agência Estado, que apontava alta de 0,5%. A alta apurada de 0,77% também é a maior desde abril, quando subiu 1,38% - dado atualizado ontem.
No ano, até outubro, a economia brasileira registrou crescimento de 2,81%, segundo o IBC-Br - dado que leva em conta a série sem ajustes sazonais. Por essa mesma forma de comparação, a expansão da atividade econômica nos últimos 12 meses está em 2,44%.
O BC divulgou o resultado de outubro em relação ao mesmo mês de 2012: o avanço foi de 2,74%, para 150,52 pontos, também o maior nível do índice nesta série desde abril, quando estava em 153,09 pontos.
Para calcular o IBC-Br, o Banco Central utiliza indicadores divulgados recentemente pelo IBGE, como a Pesquisa Industrial Mensal, que registrou aceleração de 0,60% em outubro em relação a setembro e de 0,90% em comparação ao mesmo mês do ano passado, e o levantamento sobre as vendas do varejo, que subiram 0,20% de um mês para o outro e 5,30% em relação a outubro de 2012.
O economista-sênior do Banco Espírito Santo de Investimento (Besi), Flávio Serrano, lembrou que o dado melhor do que o esperado foi conhecido justamente numa sexta-feira, dia 13, vista por muitos como sinal de mau agouro. "Mas parece que as autoridades brasileiras vão celebrar sua sorte", escreveu. Apesar do resultado ter ficado acima da estimativa do banco, essa "felicidade" não perdurará, segundo ele.
Dificilmente esse ritmo de expansão se manterá tão forte ao longo do último trimestre, segundo Serrano, porque a produção industrial deve ter caído 1% de outubro para novembro. Além disso, as vendas de veículos, que sustentaram o comércio em outubro, também revelaram forte desaceleração no mês passado. "Tal cenário aumenta a probabilidade de uma leitura negativa para o IBC-Br em novembro", considerou. "Assim, a expansão sustentável e duradoura da economia brasileira continua a ser mais uma esperança do que uma realidade."
Melhora. Para a equipe de analistas da Rosenberg Consultores Associados, caso fique estável nos meses de novembro e dezembro, o IBC-Br terá uma alta de 0,8% no quarto trimestre em relação ao terceiro. Isso corroboraria a expectativa da casa de "certa melhora" no ritmo da atividade econômica.
Os profissionais salientaram, no entanto, que a variação acumulada em 12 meses interrompeu uma trajetória de seguidas elevações, vista desde dezembro de 2012 - a taxa passou de 2,49% em setembro para 2,44% em outubro.
Mesmo assim, o dado foi avaliado pela equipe da Rosenberg como positivo. Resta saber, segundo eles, se o otimismo continuará mesmo com as dúvidas em relação à reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) e a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação, que o BC brasileiro deve tornar público na semana que vem ou na próxima. O documento trará as projeções atualizadas da autoridade monetária para 2013 e 2014.
Para a equipe da Votorantim Corretora, o resultado do IBC-Br de outubro indica que o quarto trimestre deve apresentar uma recuperação moderada da economia. Esta á a avaliação do economista Carlos Lopes, da Votorantim. "Com base nos indicadores que tínhamos, tanto para a indústria como para o varejo, esperávamos um crescimento do PIB na casa de 0,5% no quarto trimestre, e o dado do IBC-Br confirma essa perspectiva", afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.