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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h30.
O dia contrariou os cenários pessimistas traçados para o Brasil durante a guerra entre Estados Unidos e Iraque. O dólar caiu abaixo de 3,40 reais, fechando a 3,37 reais, e mais um índice de inflação, o IPCA-15 de março, teve queda de 1,05 ponto percentual em relação a fevereiro, ficando em 1,14%. Até mesmo o temido risco-país caiu nesta terça-feira (25/3): está em 1.026 pontos, 3,75% a menos do que o dia anterior. O que houve com clima econômico-financeiro no Brasil? Será que a economia está suficientemente forte para não sofrer os impactos negativos da guerra contra o Iraque?
O mercado está mostrando que o país voltou a ser um lugar interessante para o investidor , diz Emilio Garofalo Filho, consultor de câmbio. Ao menos nesse momento. Um dos indicadores do interesse internacional em relação ao Brasil está na volta das captações externas. Empresas de todos os portes voltaram a emitir títulos no mercado internacional. Entre os destaques recentes está uma emissão de 400 milhões de dólares da Petrobrás, que registrou a proeza de atrair compradores para um papel sem garantias e com juros inferiores aos dos títulos da dívida brasileira.
Na avaliação de Garofalo, o país perdeu muito dinheiro no ano passado com o clima de instabilidade. No plano empresarial, pesaram os escândalos envolvendo grandes empresas americanas. Na esfera política, a eleição de Lula, um presidente de oposição. O retorno dos investidores, que já poderia ter se consolidado, foi adiado pela guerra. A valorização do real mostra que a espera pela estabilidade está terminando. É preciso ressaltar que os investidores estão buscando alternativas no mundo inteiro _sacando parte do dinheiro do mercado americano, onde a taxa de juros está muito baixa. Nesta terça-feira, o dólar caiu frente a todas as moedas fortes.
Com o câmbio cedendo, cai também a pressão sobre os preços dos produtos importados e, por tabela, as projeções para a inflação -o que traça um cenário de estabilidade interna para os preços futuros. Nesta terça-feira, o IPC-S da Fundação Getúlio Vargas comprovou a tendência de queda da inflação apontada por outros índices: 1,06% na terceira semana de março contra 1,13% da semana anterior. "O problema daqui para frente é o dólar cair demais , diz Garofalo. Se isso ocorrer, o Banco Central terá de intervir.
Exportações
A valorização do dólar contribuiu decisivamente para o aumento das exportações. E a progressiva entrada de dólares através do comércio reduziu a dependência de financiamentos externos do setor privado e contribuiu para o aumento da credibilidade do país , diz Alessandra Ribeiro, analista de mercado da Tendências Consultoria.
O cenário de estabilidade ganha espaço nos relatórios de consultorias e bancos de investimentos. Em sua análise sobre mercados emergentes, o banco Credit Suisse First Boston projeta um superávit comercial de 15 bilhões de dólares para o Brasil em 2003 ressaltando que o déficit em conta corrente pode chegar a zero em junho (acumulado de 12 meses), para fechar o ano em 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB). Um estudo sobre câmbio, realizado pela consultoria Global Invest, indica que o Brasil ainda tem uma das moedas mais desvalorizadas do mundo. Em fevereiro, dentre as 15 moedas mais desvalorizadas frente ao dólar, o real ocupava a segunda posição com queda de 28,2% frente à moeda americana. Só perdia para a desvalorização na Argentina (-53,5%). Para se equiparar à cotação da época de seu lançamento, o dólar teria que valer 2,56 reais no mês passado. Ressaltamos, porém, que é desejável que a taxa de câmbio continue depreciada para que o ajuste externo tenha continuidade , diz a Global Invest.