Economia

Dólar a R$ 2 já reduz déficit comercial, diz Abimaq

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamento, déficit comercial do setor de máquinas e equipamentos recuou de janeiro a agosto com câmbio

Um brasileiro troca reais por dólares numa casa de câmbio no centro do Rio de Janeiro (Reuters)

Um brasileiro troca reais por dólares numa casa de câmbio no centro do Rio de Janeiro (Reuters)

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Da Redação

Publicado em 26 de setembro de 2012 às 16h20.

São Paulo - Pela primeira vez nos últimos anos o déficit comercial do setor de máquinas e equipamentos recuou no período acumulado de janeiro a agosto, que caiu 3,1% em 2012 perante igual período de 2011. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamento (Abimaq) isso é um reflexo do patamar atual do câmbio, que nos últimos meses ficou em torno de R$ 2. "Esse seria o primeiro possível reflexo do ajuste no câmbio. Embora o câmbio a R$ 2 esteja longe de ser satisfatório, já é melhor do que o patamar de R$ 1,60", disse o assessor econômico da presidência da entidade, Mario Bernardini, durante divulgação dos dados do setor em agosto.

Segundo Bernardini, há ainda a possibilidade de o recuo no déficit estar relacionado com a baixa demanda de máquinas. "O Brasil está comprando pouco e reduzindo compras de nacionais e de importados", disse, abordando outra hipótese para o resultado comercial mais favorável. A entidade, no entanto, aponta para a possibilidade de inversão da tendência na balanço do setor. Desde 2005, a tendência vinha sendo de aumento do déficit comercial. Antes disso, entre 2002 e 2004, quando o câmbio era "forte", a trajetória era de redução do saldo negativo.

Em agosto, a Abimaq havia estimado que o saldo comercial ficaria negativo em US$ 20 bilhões neste ano, o que seria um recorde histórico. Com a "tendência de inversão", a Associação prevê agora que o setor termine o ano com um déficit inferior ao de 2011, que foi de US$ 17,8 bilhões. "Isso supondo que o Brasil volte a investir. Nossos clientes começaram a mostrar alguma reação", disse Bernardini.

Segundo ele, a retomada dos investimentos deve se dar a partir do último trimestre deste ano. "Há uma defasagem entre a resposta da indústria e a resposta dos investimentos. Se isso for verdade (a retomada no último trimestre) temos de ver como o bolo se distribui entre (produtos) importados e nacionais com um câmbio diferente dos últimos anos", disse, reafirmando que o câmbio atual já favorece o setor frente ao patamar dos últimos anos.

O assessor econômico da Abimaq afirmou, ainda, que é preciso esperar para avaliar em que medida a recuperação vai impulsionar os investimentos. "Os dados de julho e agosto mostram uma pequena retomada puxada pelas indústrias automotivas e de linha branca, mas isso ainda não se refletiu em investimentos", afirmou. Bernardini também acrescentou que não tem dúvidas de que os investimentos em 2013 serão maiores do que os registrados no ano corrente.

Ainda assim, a Abimaq insiste que o câmbio ideal para o setor seria de aproximadamente R$ 2,60. "O câmbio melhorou, mas ainda representa um subsídio claro a importação", disse Bernardini.

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