Dívida pública ultrapassa R$3 tri pela primeira vez na história
Para o ano, o Tesouro manteve a projeção de que ela vá ficar entre 3,1 trilhões e 3,3 trilhões de reais em revisão do Plano Anual de Financiamento
Reuters
Publicado em 25 de outubro de 2016 às 15h39.
Última atualização em 26 de outubro de 2016 às 14h48.
Brasília - A dívida pública federal rompeu pela primeira vez a barreira de 3 trilhões de reais em setembro, informou o Tesouro Nacional nesta terça-feira, reduzindo a previsão do peso dos títulos ligados à Selic na dívida para 2016, ao mesmo tempo em que elevou a fatia esperada dos papéis prefixados.
Em setembro, a dívida registrou alta de 3,10 por cento na comparação com o mês anterior, alcançando 3,047 trilhões de reais.
Para o ano, o Tesouro manteve a projeção de que ela vá ficar entre 3,1 trilhões e 3,3 trilhões de reais em revisão do Plano Anual de Financiamento (PAF). Em dezembro de 2015, o patamar foi de 2,793 trilhões de reais.
Após iniciar o ano estimando que os títulos ligados à Selic representariam de 30 a 34 por cento do total da dívida em 2016, o Tesouro agora vê de 27 a 31 por cento. Só em setembro, eles caíram a 26,54 por cento, ante 26,94 por cento em agosto.
Esses papéis pós-fixados são mais demandados por investidores quando há percepção de aumento do risco, num ambiente de inflação e juros elevados, como o vivido pelo país de maneira mais forte no início do ano.
Eles tiram previsibilidade para a dívida, já que flutuam com os juros básicos.
"O planejamento de longo prazo da dívida é de fato reduzir a parcela ligada à taxa flutuante e aumentar prefixado", afirmou a jornalistas o subsecretário da Dívida Pública, José Franco Morais. "Ao longo deste ano, o cenário realizado foi bem melhor do que as expectativas. Isso se refletiu nos preços dos ativos e consequentemente na estratégia de emissão de títulos públicos", acrescentou.
O Banco Central iniciou, na semana passada, novo ciclo de afrouxamento monetário ao reduzir a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, a 14 por cento.
Já para os títulos prefixados, a previsão do Tesouro é que sigam respondendo pela maior fatia da dívida, mas numa faixa de 33 a 37 por cento, acima dos 31 a 35 por cento de antes.
Esses papéis alcançaram 37,71 por cento do total no último mês, ante 36,85 por cento em agosto.
No mesmo período, os títulos corrigidos pela inflação chegaram a 31,47 por cento da dívida, contra 31,82 por cento de agosto. A meta no PAF neste caso foi mantida em 29 a 33 por cento do total em 2016.
Para os títulos ligados ao câmbio, o Tesouro também não mudou a faixa de 3 a 7 por cento da dívida em 2016. Em setembro, esses papéis foram a 4,29 por cento do total, contra 4,39 por cento em agosto.
Interna x Externa
Ainda segundo o Tesouro, a dívida pública mobiliária federal interna subiu 3,21 por cento em setembro sobre agosto, a 2,921 trilhões de reais, afetada pela emissão líquida de 62,12 bilhões de reais e pela apropriação positiva de juros de 28,59 bilhões de reais.
A dívida externa, por sua vez, subiu 0,81 por cento na mesma base, a 126,03 bilhões de reais, diante da apropriação positiva de juros de 1,15 bilhão de reais, compensada em parte pelo resgate líquido de 140 milhões de reais.
A participação dos investidores estrangeiros em títulos da dívida interna recuou a 14,97 por cento em setembro, contra 15,67 por cento de agosto.