Para ex-diretor do BC, Dilma mudará curso se for reeleita
Segundo Paulo Vieira da Cunha, presidente deve fazer importantes alterações na política macroeconômica se for reeleita
Da Redação
Publicado em 19 de fevereiro de 2014 às 21h32.
Nova York - A presidente Dilma Rousseff deve fazer importantes alterações na política macroeconômica, incluindo cortes nos gastos do governo, se for reeleita para um segundo mandato neste ano, de acordo com o ex-diretor do Banco Central Paulo Vieira da Cunha.
Vieira da Cunha, que fez parte do BC de 2006 a 2008, afirmou também esperar que, após a eleição, Dilma substitua o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que tem sido criticado por investidores por projeções exageradamente otimistas e pelo que eles veem como truques de contabilidade no orçamento do país.
Ele pediu um retorno do estilo pragmático do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, considerado como um presidente favorável ao crescimento e às empresas, em contraste com a visão de Dilma de ser mais focada em encorajar a intervenção do governo na economia.
"A possibilidade de Dilma ser reeleita e continuar no mesmo rumo é suicida", disse Vieira da Cunha, atualmente diretor de pesquisa do ICE Canyon, empresa de gerenciamento de fundos de Los Angeles especializada em mercados emergentes com 4 bilhões de dólares em ativos.
"Se nada mudar e ela reafirmar sua política, então acho que o mercado vai entender isso muito mal e poderemos ver alguma turbulência." Embora o governo de Dilma tenha prometido anunciar economias fiscais grandes o suficiente para manter o fardo da dívida do país em declínio, autoridades admitem que uma forte seca pode forçar o governo a reduzir seu superávit primário neste ano devido ao aumento do custo da energia.
Até recentemente, o Brasil apresentou superávits primários de mais de 3 por cento do Produto Interno Bruto. Essa proporção caiu para 1,9 por cento no ano passado, bem abaixo da meta já ajustada para baixo do governo de 2,3 por cento.
Uma esperada meta de pouco abaixo de 2 por cento do PIB neste ano será insuficiente para restaurar a confiança do mercado no Brasil, mas não desencadeará uma crise já que investidores admitem que Dilma não deve impor drásticos cortes de orçamento durante um ano de eleição, disse Vieira da Cunha.
Mas ele acrescentou que as apostas serão muito mais altas em 2015.
"Até agora as pessoas entendem que esse é um ano político, então não há nenhum elemento de pressão, nenhuma intimidação de crise. Mas se ela vencer é uma conclusão certa que talvez ela vá querer mudar o ministro da Fazenda", disse ele, referindo-se a Mantega, que está no cargo desde 2006.
Dilma poderia ainda se ater a um estilo político que muitos assessores descrevem como centralizador, o que limitaria o potencial para uma mudança política durante seu possível segundo mandato.
"Temos uma presidente que é talvez a mais ideológica que tivemos em muito tempo. Ela claramente é uma pessoa de ideias, ela claramente é uma intelectual, e ela tem opiniões fortes", disse Vieira da Cunha.
"Ao passo que quando tínhamos um presidente que não tinha ideias fortes como Lula, que era muito mais interessado em resultados, e no final muito mais pragmático, as coisas funcionaram melhor porque ele tinha alguns bons conselheiros." (Reportagem adicional de Herbert Lash)
Nova York - A presidente Dilma Rousseff deve fazer importantes alterações na política macroeconômica, incluindo cortes nos gastos do governo, se for reeleita para um segundo mandato neste ano, de acordo com o ex-diretor do Banco Central Paulo Vieira da Cunha.
Vieira da Cunha, que fez parte do BC de 2006 a 2008, afirmou também esperar que, após a eleição, Dilma substitua o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que tem sido criticado por investidores por projeções exageradamente otimistas e pelo que eles veem como truques de contabilidade no orçamento do país.
Ele pediu um retorno do estilo pragmático do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, considerado como um presidente favorável ao crescimento e às empresas, em contraste com a visão de Dilma de ser mais focada em encorajar a intervenção do governo na economia.
"A possibilidade de Dilma ser reeleita e continuar no mesmo rumo é suicida", disse Vieira da Cunha, atualmente diretor de pesquisa do ICE Canyon, empresa de gerenciamento de fundos de Los Angeles especializada em mercados emergentes com 4 bilhões de dólares em ativos.
"Se nada mudar e ela reafirmar sua política, então acho que o mercado vai entender isso muito mal e poderemos ver alguma turbulência." Embora o governo de Dilma tenha prometido anunciar economias fiscais grandes o suficiente para manter o fardo da dívida do país em declínio, autoridades admitem que uma forte seca pode forçar o governo a reduzir seu superávit primário neste ano devido ao aumento do custo da energia.
Até recentemente, o Brasil apresentou superávits primários de mais de 3 por cento do Produto Interno Bruto. Essa proporção caiu para 1,9 por cento no ano passado, bem abaixo da meta já ajustada para baixo do governo de 2,3 por cento.
Uma esperada meta de pouco abaixo de 2 por cento do PIB neste ano será insuficiente para restaurar a confiança do mercado no Brasil, mas não desencadeará uma crise já que investidores admitem que Dilma não deve impor drásticos cortes de orçamento durante um ano de eleição, disse Vieira da Cunha.
Mas ele acrescentou que as apostas serão muito mais altas em 2015.
"Até agora as pessoas entendem que esse é um ano político, então não há nenhum elemento de pressão, nenhuma intimidação de crise. Mas se ela vencer é uma conclusão certa que talvez ela vá querer mudar o ministro da Fazenda", disse ele, referindo-se a Mantega, que está no cargo desde 2006.
Dilma poderia ainda se ater a um estilo político que muitos assessores descrevem como centralizador, o que limitaria o potencial para uma mudança política durante seu possível segundo mandato.
"Temos uma presidente que é talvez a mais ideológica que tivemos em muito tempo. Ela claramente é uma pessoa de ideias, ela claramente é uma intelectual, e ela tem opiniões fortes", disse Vieira da Cunha.
"Ao passo que quando tínhamos um presidente que não tinha ideias fortes como Lula, que era muito mais interessado em resultados, e no final muito mais pragmático, as coisas funcionaram melhor porque ele tinha alguns bons conselheiros." (Reportagem adicional de Herbert Lash)