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Dilma vincula emendas a aprovação de regra fiscal

Petista editou um decreto disciplinando a ampliação dos gastos públicos previstos em um relatório do ministério do Planejamento

Congresso: aumento das despesas dá R$ 747,5 mil a mais para cada um dos deputados e senadores (Valter Campanato/ABr)
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Da Redação

Publicado em 1 de dezembro de 2014 às 20h23.

Brasília - O Planalto condicionou nesta segunda-feira a liberação de R$ 444,7 milhões em emendas parlamentares individuais à aprovação, pelo Congresso , do projeto de lei que flexibiliza a meta do superávit primário, a economia para o pagamento de juros da dívida pública.

À véspera da data marcada para a votação da proposta pelo Congresso Nacional, considerada vital pelo Palácio do Planalto, a petista editou um decreto disciplinando a ampliação dos gastos públicos previstos em um relatório do ministério do Planejamento.

Na prática, o aumento das despesas também dá R$ 747,5 mil a mais para cada um dos 513 deputados e 81 senadores, possibilitando que eles destinem recursos adicionais para abastecer seus redutos eleitorais.

No mesmo decreto, o governo avisou que a verba só será liberada caso os parlamentares deem aval às mudanças nas regras da política fiscal.

Hoje, cada parlamentar tem direito a R$ 10.879.821 em emendas individuais.

Com o decreto, assumindo que o projeto do superávit seja aprovado, esse número é acrescido em R$ 748,6, de modo que cada parlamentar terá direito a R$ 11.628.578.

O governo era obrigado a pagar R$ 6,46 bilhões; com o aumento previsto no decreto, vai para R$ 6,9 bilhões.

Com um déficit acumulado nas contas públicas e incapaz de alcançar a um resultado primário mínimo de R$ 49 bilhões, conforme previsto em lei, o governo tenta a todo custo aprovar uma proposta que permite que todos os gastos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e as desonerações sejam abatidas do cálculo da meta do superávit.

O governo teme que um eventual desrespeito da meta estabelecida na legislação atual implique na responsabilização da presidente Dilma.

Por isso, partidos como PSDB, DEM e PPS acusam a petista de pedir um "cheque em branco" para evitar o desgaste já no início de seu segundo mandato.

A oposição, que tenta barrar o projeto, classificou o decreto de Dilma de "chantagem" e disse que ele é um "desrespeito" ao Legislativo.

"Claro que é uma forma explícita de pressionar e de chantagear. A presidente insiste em práticas deploráveis", afirmou o líder do PSDB, deputado Antonio Imbassahy (BA).

"É uma forma de chantagear o Congresso e pressionar os parlamentares a avalizar a irresponsabilidade fiscal do governo Dilma", emendou o líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho.

O projeto também já foi usado pela base de Dilma para demonstrar sua insatisfação com a reforma ministerial.

Na semana passada, legendas aliadas "sumiram" numa primeira tentativa de votação e deixaram claro que lutam por mais espaço e não querem perder postos estratégicos que hoje ocupam na Esplanada.

O ministro da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Ricardo Berzoini (PT), negou que haja qualquer tentativa de pressionar os parlamentares a votar com o governo na matéria.

O dispositivo segundo o qual o Planalto pode congelar as emendas caso veja dificuldades em alcançar a meta do superávit primário, diz ele, está na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

"De jeito nenhum (foi pra pressionar os parlamentares). Seria uma ingenuidade", declarou Berzoini.

"O objetivo central ali é deixar claro que o descontingenciamento geral depende de uma questão objetiva que é o limite de superávit que o governo tem de praticar", concluiu.

Aperto

O governo é obrigado a pagar aos parlamentares R$ 6,9 bilhões em emendas individuais, que são ações incluídas no Orçamento pelos deputados e senadores.

Esse valor foi estabelecido pelo chamado "Orçamento Impositivo", um mecanismos em vigor pela primeira vez neste ano e que, na teoria, tem por função diminuir o poder do Planalto de usar as emendas para barganhar com o Legislativo.

O problema é que, até o 24 de novembro, o desembolso do governo estava longe de chegar ao piso colocado pelo Orçamento Impositivo.

Foram pagos apenas R$ 2,094 bilhões em emendas individuais, segundo levantamento feito pela Comissão de Orçamento da Câmara dos Deputados.

A SRI reconheceu à reportagem que o valor ainda é "relativamente baixo" e justificou que neste ano houve interrupção ao pagamento devido ao período eleitoral.

"Com a aprovação do PLN 36/2014 (mudança na meta do superávit) todas as emendas serão pagas assim que estiverem em conformidade para receber os recursos", afirmou a assessoria de imprensa da pasta.

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Brasília - O Planalto condicionou nesta segunda-feira a liberação de R$ 444,7 milhões em emendas parlamentares individuais à aprovação, pelo Congresso , do projeto de lei que flexibiliza a meta do superávit primário, a economia para o pagamento de juros da dívida pública.

À véspera da data marcada para a votação da proposta pelo Congresso Nacional, considerada vital pelo Palácio do Planalto, a petista editou um decreto disciplinando a ampliação dos gastos públicos previstos em um relatório do ministério do Planejamento.

Na prática, o aumento das despesas também dá R$ 747,5 mil a mais para cada um dos 513 deputados e 81 senadores, possibilitando que eles destinem recursos adicionais para abastecer seus redutos eleitorais.

No mesmo decreto, o governo avisou que a verba só será liberada caso os parlamentares deem aval às mudanças nas regras da política fiscal.

Hoje, cada parlamentar tem direito a R$ 10.879.821 em emendas individuais.

Com o decreto, assumindo que o projeto do superávit seja aprovado, esse número é acrescido em R$ 748,6, de modo que cada parlamentar terá direito a R$ 11.628.578.

O governo era obrigado a pagar R$ 6,46 bilhões; com o aumento previsto no decreto, vai para R$ 6,9 bilhões.

Com um déficit acumulado nas contas públicas e incapaz de alcançar a um resultado primário mínimo de R$ 49 bilhões, conforme previsto em lei, o governo tenta a todo custo aprovar uma proposta que permite que todos os gastos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e as desonerações sejam abatidas do cálculo da meta do superávit.

O governo teme que um eventual desrespeito da meta estabelecida na legislação atual implique na responsabilização da presidente Dilma.

Por isso, partidos como PSDB, DEM e PPS acusam a petista de pedir um "cheque em branco" para evitar o desgaste já no início de seu segundo mandato.

A oposição, que tenta barrar o projeto, classificou o decreto de Dilma de "chantagem" e disse que ele é um "desrespeito" ao Legislativo.

"Claro que é uma forma explícita de pressionar e de chantagear. A presidente insiste em práticas deploráveis", afirmou o líder do PSDB, deputado Antonio Imbassahy (BA).

"É uma forma de chantagear o Congresso e pressionar os parlamentares a avalizar a irresponsabilidade fiscal do governo Dilma", emendou o líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho.

O projeto também já foi usado pela base de Dilma para demonstrar sua insatisfação com a reforma ministerial.

Na semana passada, legendas aliadas "sumiram" numa primeira tentativa de votação e deixaram claro que lutam por mais espaço e não querem perder postos estratégicos que hoje ocupam na Esplanada.

O ministro da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Ricardo Berzoini (PT), negou que haja qualquer tentativa de pressionar os parlamentares a votar com o governo na matéria.

O dispositivo segundo o qual o Planalto pode congelar as emendas caso veja dificuldades em alcançar a meta do superávit primário, diz ele, está na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

"De jeito nenhum (foi pra pressionar os parlamentares). Seria uma ingenuidade", declarou Berzoini.

"O objetivo central ali é deixar claro que o descontingenciamento geral depende de uma questão objetiva que é o limite de superávit que o governo tem de praticar", concluiu.

Aperto

O governo é obrigado a pagar aos parlamentares R$ 6,9 bilhões em emendas individuais, que são ações incluídas no Orçamento pelos deputados e senadores.

Esse valor foi estabelecido pelo chamado "Orçamento Impositivo", um mecanismos em vigor pela primeira vez neste ano e que, na teoria, tem por função diminuir o poder do Planalto de usar as emendas para barganhar com o Legislativo.

O problema é que, até o 24 de novembro, o desembolso do governo estava longe de chegar ao piso colocado pelo Orçamento Impositivo.

Foram pagos apenas R$ 2,094 bilhões em emendas individuais, segundo levantamento feito pela Comissão de Orçamento da Câmara dos Deputados.

A SRI reconheceu à reportagem que o valor ainda é "relativamente baixo" e justificou que neste ano houve interrupção ao pagamento devido ao período eleitoral.

"Com a aprovação do PLN 36/2014 (mudança na meta do superávit) todas as emendas serão pagas assim que estiverem em conformidade para receber os recursos", afirmou a assessoria de imprensa da pasta.

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