Dia das Mães tem alta de vendas e alimenta otimismo no varejo
Apenas na cidade de São Paulo, sondagem da FecomercioSP com lojistas apurou expansão de 1% nas vendas
Reuters
Publicado em 16 de maio de 2017 às 18h00.
São Paulo - As vendas do Dia das Mães cresceram este ano, revertendo desempenho negativo de anos anteriores e com o comércio eletrônico mostrando evolução acima da média, de acordo com levantamentos de empresas e organismos que acompanham o varejo nacional.
O crescimento ocorreu com uma combinação de melhora na confiança do consumidor ante níveis vistos no ano passado, redução da inflação, queda de juros, além da liberação de bilhões de reais em recursos de contas inativas do FGTS.
A empresa de informações sobre o varejo eletrônico no país Ebit apurou um crescimento de 16 por cento no faturamento para a data, a 1,9 bilhão de reais, e avalia que tal resultado, que superou sua expectativa de alta de 7 por cento, mostra que o consumidor está confiante de que o pior da crise econômica já passou.
"Esta data é um importante termômetro para as vendas do comércio eletrônico no resto do ano", citou a Ebit em nota, avaliando que as vendas no segundo semestre devem ser ainda mais aquecidas.
O indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio para o Dia das Mães 2017 também apurou aumento, de 2 por cento nas vendas para a data em relação ao ano passado.
O resultado foi o primeiro positivo desde 2014 e reverteu parte da queda de 8,4 por cento registrada em 2016, que foi a maior desde o início da série histórica, em 2003.
Na mesma linha, e também após dois anos de queda, a Boa Vista SCPC - Serviço Central de Proteção ao Crédito - registrou alta de 1,6 por cento nas vendas do comércio no Dia das Mães, e Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) estimou em 5 por cento o acréscimo das vendas para o período.
Apenas na cidade de São Paulo, sondagem da FecomercioSP com lojistas apurou expansão de 1 por cento nas vendas, após queda de 7 por cento no ano passado, enquanto o indicador da Serasa Experian apontou alta de 3,3 por cento.
"A melhora é decorrente, principalmente, de um recuo na inflação e de uma tendência gradativa de queda nos juros", afirmou a Boa Vista em nota.
Além das quedas da inflação e dos juros, economistas da Serasa Experian também citaram o ingresso dos recursos do FGTS entre os principais fatores que conseguiram gerar um resultado positivo, enquanto o presidente da SBVC, Eduardo Terra, destacou aumento da confiança dos consumidores.
Embora tenha atingido em maio nível mais baixo desde setembro, a confiança do consumidor brasileiro neste mês ficou acima do nível verificado no mesmo período do ano passado.
Segundo o Índice Primário de Sentimento do Consumidor da Thomson Reuters/Ipsos o indicador foi de 37,1 pontos ante 35,4 de maio do ano passado, mês que a ex-presidente Dilma Rousseff foi afastada pelo Congresso.
No caso do FGTS, os analistas da corretora Brasil Plural Guilherme Assis e Felipe Cassimiro afirmaram em recente nota a clientes que os recursos devem seguir trazendo alívio ao varejo no curto prazo.
"Os consumidores irão priorizar o pagamento de dívidas com os recursos extras (do FGTS), mas isso pode ajudar a reforçar o sentimento do consumidor e traduzir em gastos mais elevados para satisfazer a demanda reprimida", afirmaram.
Os analistas ainda destacaram que o cronograma para a liberação das contas inativas do FGTS continuará, com o impacto total sendo sentido neste segundo trimestre, uma vez que apenas os contribuintes nascidos em dezembro receberão seus recursos em julho.
"Portanto, esperamos que as vendas permaneçam dinâmicas até o segundo trimestre, melhorando o desempenho de todos os varejistas."
Terra, da SBVC, destacou, contudo, que o desemprego ainda elevado permanece como um fator limitador para um impulso mais firme do varejo.
"E a recuperação do emprego é um processo que só deve começar no último trimestre, quando entra o ciclo de contratações que deve gerar tração para derrubar a taxa de desemprego", disse.
Os dados mais recentes do IBGE mostram que a taxa de desemprego brasileira fechou o primeiro trimestre em 13,7 por cento, novo recorde histórico e com contingente de mais de 14 milhões de pessoas sem emprego.
Em abril, porém, o país abriu quase 60 mil postos de trabalho formal, melhor resultado para o mês desde 2014, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgado pelo Ministério do Trabalho nesta terça-feira.