Desigualdade e pobreza influenciaram apoio ao Brexit, diz estudo
Nas áreas do Reino Unido com mais disparidade de renda e pobreza, os eleitores eram mais propensos a apoiar o Brexit, segundo a análise do Bruegel
Luísa Granato
Publicado em 1 de novembro de 2016 às 16h28.
Washington - A história poderia lembrar 2016 como o ano em que o populismo se espalhou pelo mundo desenvolvido. Apesar de ser um fenômeno político, isso é sustentado por tendências econômicas.
A desigualdade de renda parece ter influenciado na votação de 23 de junho na qual o Reino Unido decidiu abandonar a União Europeia, decisão considerada como uma reação populista contra a imigração, com base em novas pesquisas do Bruegel, com sede em Bruxelas.
Nos EUA, o republicano Donald Trump tira proveito da frustração com empregos de menor qualidade e salários estagnados – e novos estudos de economistas da Casa Branca mostram por que seu grito de guerra pode ser tão atraente.
O Brexit e o crescimento inclusivo
Nas áreas do Reino Unido com mais disparidade de renda e pobreza, os eleitores eram mais propensos a apoiar o Brexit, segundo a análise do Bruegel.
A conclusão é sinal de que uma desigualdade alta pode “dar impulso a votos de protesto em referendos e outras eleições”, escrevem os autores.
“Esta é outra lição fundamental da votação do Brexit que políticos de outros países deveriam aprender”.
Um ponto percentual a mais de desigualdade de renda, conforme medida pelo coeficiente de Gini, aumentou a proporção de votos por abandonar a UE em cerca de 0,9 por cento, sugerem as conclusões dos pesquisadores.
Monopsônio: não é um jogo de tabuleiro, mas algo importante.
Em um monopólio, um único vendedor controla o preço de um bem. No monopsônio do mercado de trabalho, a concorrência imperfeita permite que empregadores fixem o preço que pagam pela mão de obra.
Um fato importante é que hoje uma situação semelhante poderia estar se consolidando nos EUA.
As vagas vêm aumentando acentuadamente, em contraste com as contratações.
Isso deveria alimentar um crescimento mais rápido dos salários à medida que os empregadores concorrem para conseguir trabalhadores, mas têm ocorrido com lentidão – fato que sugere que as empresas estão resistindo a oferecer salários mais altos, um sinal de concorrência imperfeita.
Acordos de não concorrência, requisitos de licenciamento e um declínio dos sindicatos poderiam ser fatores de impulso, com base em um artigo acadêmico do Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca.
Isso poderia estar influenciando a desigualdade e reduzindo a proporção da renda da força de trabalho, escrevem os autores.