Economia

Desemprego na Grande SP deve continuar a subir

A taxa passou de 9,8% em novembro para 9,9% em dezembro, terminando 2014 com uma média de 10,8%, ante 10,4% em 2013


	Desemprego: em 2015, no entanto, é possível que movimento de demissões se estenda até perto do fim do primeiro semestre
 (Getty Images)

Desemprego: em 2015, no entanto, é possível que movimento de demissões se estenda até perto do fim do primeiro semestre (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 1 de fevereiro de 2015 às 12h37.

São Paulo - O desemprego na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) deve continuar a subir nos próximos meses, segundo Alexandre Loloian, coordenador da pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), divulgada nesta semana pela Fundação Seade e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). A taxa passou de 9,8% em novembro para 9,9% em dezembro, terminando 2014 com uma média de 10,8%, ante 10,4% em 2013.

De acordo com Loloian, o aumento no desemprego é reflexo basicamente do crescimento muito baixo da economia brasileira. O economista aponta que houve uma deterioração muito rápida nos últimos meses de 2014, com uma redução forte no nível de ocupação, quando esses meses normalmente são de elevação no número de empregados.

"Se nós tirarmos o resultado positivo do comércio em dezembro, todo o resto foi muito negativo. O que mais preocupa é o setor de serviços, que responde por 56% do total de ocupação e eliminou mais de 100 mil vagas em dezembro", afirma.

O pesquisador explica que, normalmente, o desemprego sobe no começo do ano, com a dispensa dos temporários contratados para as festas de fim de ano. Em 2015, no entanto, é possível que esse movimento de demissões se estenda até perto do fim do primeiro semestre, com a taxa de desemprego se aproximando de 11%.

Loloian comenta que as variáveis que vão afetar o mercado de trabalho este ano são diversas, incluindo o ajuste fiscal adotado pela nova equipe econômica da presidente Dilma Rousseff. "Temos um primeiro trimestre atípico, com promessas de ajustes que tendem a arrefecer o nível da atividade econômica". Ele também cita o risco de racionamento de água e energia, que provavelmente fará o empresariado adiar decisões de investimentos e contratações. "Se esses riscos se concretizarem, certamente haverá repercussão na atividade e no emprego".

Segundo o pesquisador, o aumento de 0,8% na População Economicamente Ativa (PEA) em 2014 basicamente recompôs uma queda semelhante observada em 2013 e não indica que esse contingente esteja aumentando.

Ele também aponta para a queda na taxa de participação, ou seja, o número de pessoas em idade de trabalhar que estão de fato no mercado de trabalho. Essa taxa caiu de 62,4% em dezembro de 2013 para 61,6% em dezembro de 2014. De acordo com Loloian, essa redução se deu basicamente na faixa de 16 a 24 anos, com muitos jovens saindo do mercado para estudar.

O pesquisador reconhece que o mercado de trabalho tem algumas distorções importantes, como o nível muito elevado de rotatividade, mas criticou as medidas anunciadas recentemente pelo governo federal de ajustes em benefícios como o seguro-desemprego, abono salarial e pensão por morte. "O ajuste começou com um alvo determinado, sem considerar todos os problemas do seguro-desemprego. Acho que foi um equívoco, uma medida apressada, que poderia ter sido melhor avaliada", opina.

Ele diz que é errado atribuir aos funcionários a maior parte da culpa pelo crescimento do seguro-desemprego, mesmo com uma taxa de desemprego perto da mínima histórica no âmbito nacional. "Dados oficiais mostram que em torno de 70% ou mais das demissões são por iniciativa do empregador".

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