Economia

Desemprego na Espanha ultrapassa os 5 milhões pela primeira vez

Quase 23% da população economicamente ativa do país está sem lugar no mercado de trabalho

A Espanha está à frente do bloco europeu no número de desempregados (Cristina Quicler/AFP)

A Espanha está à frente do bloco europeu no número de desempregados (Cristina Quicler/AFP)

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Da Redação

Publicado em 27 de janeiro de 2012 às 12h17.

Madri - O desemprego na Espanha superou em 2011 pela primeira vez o número recorde dos cinco milhões de pessoas, quase 23% da população economicamente ativa, com mais de um milhão e meio de lares nos quais nenhum de seus membros trabalha e com uma perspectiva econômica de recessão para este ano.

O Instituto Nacional de Estatísticas (INE) divulgou nesta sexta-feira os últimos dados sobre o emprego no país, que demonstram que a espiral de extinção de postos de trabalho iniciada há mais de três anos segue crescendo e se agravando.

Apenas no quarto trimestre, 295,3 mil pessoas perderam seu trabalho, o que elevou o número total de desocupados em 2011 para 5,273 milhões.

O número tem um forte valor simbólico, visto que pela primeira vez a Espanha ultrapassa a barreira histórica dos cinco milhões de desempregados, apresentando um índice de desemprego de 22,85%.

Somente no primeiro trimestre de 1995, na reta final da etapa do governo socialista de Felipe González, essa taxa havia sido superada, com 23,49%.

O número divulgado nesta sexta é menor do que o antecipado pelo governo, que situou o total em 5,4 milhões, a mesma quantidade citada pelo novo chefe do Executivo, Mariano Rajoy, em seu discurso de posse.

Na ocasião, Rajoy afirmou que entre seus objetivos essenciais como presidente estava 'deter a sangria' de destruição do emprego.

Estes dados são divulgados enquanto crescem as críticas entre políticos, sindicatos e economistas às consequências das duras medidas de austeridade adotadas na Espanha, exigidas pela União Europeia (UE), para reduzir o déficit público, ao considerar que os cortes repercutem sobre o crescimento econômico e a geração de emprego.

Rajoy, que reitera que seu governo segue comprometido com a meta de redução do déficit para 4,4% do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano, reivindicou nesta quinta-feira em Berlim, em seu encontro com a chanceler alemã, Angela Merkel, estímulos à criação de emprego.

Concretamente, pediu que a UE destine os fundos de ajuda não aproveitados à geração de postos de trabalho, recursos que o secretário de Estado espanhol para a UE, Íñigo Méndez de Vigo, calculou nesta sexta em 100 bilhões de euros.

A Espanha está à frente do bloco europeu no número de desempregados, seguida pela Grécia, país que teve que ser resgatado em meio a uma gravíssima crise de dívida.


Os números espanhóis são ainda mais preocupantes no que corresponde ao desemprego dos jovens, setor no qual supera os 51% da média, o que leva muitos deles a saírem do país em busca de trabalho.

Os dados mais dramáticos indicam que 1,575 milhão de lares espanhóis têm todos os seus membros desempregados.

A falta de emprego afeta também os estrangeiros, com um número total de 1,225 milhão de desocupados e uma média de 34,82%.

O Banco da Espanha prevê que a economia cairá 1,5% neste ano, o que significa entrar em recessão depois que o crescimento em 2011 foi de apenas 0,7%.

Nas próximas semanas o Executivo prevê aprovar uma nova reforma trabalhista, reivindicada pela patronal e diversos organismos internacionais que consideram a legislação espanhola rígida demais.

Mas os sindicatos questionam a idoneidade dessa saída, já que com a reforma anterior, aprovada pelo governo de José Luis Rodríguez Zapatero em junho de 2010, o desemprego seguiu em constante alta.

Os dois sindicatos majoritários, Comissões Operárias (CCOO) e a União Geral dos Trabalhadores (UGT), acreditam que as políticas de ajuste agravam o problema do desemprego e pedem ao Executivo que as revise.

O secretário de Estado de Economia, Fernando Jiménez Latorre, avaliou os dados desta sexta-feira como a demonstração de que o mercado de trabalho espanhol tem problemas específicos que tornam necessária uma reforma trabalhista 'completa, equilibrada e valente'. 

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