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Desemprego na América Latina sobe 8,1%, arrastado pelo Brasil

Para 2017, a OTI espera "que a média de desemprego regional volte a aumentar para 8,4%", segundo o relatório

Desemprego: "A taxa de desemprego regional voltou a aumentar, desta vez de forma abrupta, ao passar de 6,6%, em 2015, para 8,1% (estimativa preliminar), em 2016" (Paulo Whitaker/Reuters)
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AFP

Publicado em 14 de dezembro de 2016 às 21h58.

O desemprego na América Latina e no Caribe subiu 8,1% em 2016, seu nível mais alto desde a última crise financeira internacional, que caminha de mãos dadas com o desempenho econômico negativo na região, principalmente no Brasil - anunciou a Organização Internacional do Trabalho (OIT) nesta quarta-feira (14).

"A taxa de desemprego regional voltou a aumentar, desta vez de forma abrupta, ao passar de 6,6%, em 2015, para 8,1% (estimativa preliminar), em 2016. Ou seja, aumentou 1,5 ponto percentual", disse a OIT em seu "Panorama Laboral 2016", apresentado em Lima.

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"Esses são níveis que não foram registrados nem mesmo durante a crise financeira internacional 2008-2009", acrescentou.

Essa cifra supera, inclusive, os 7,3% de 2009, registrados durante a "crise dos subprime", sendo a maior dos últimos dez anos, desde quando essas medições estão disponíveis.

Este número de 2016 significa que existem 25 milhões de desempregados na região, cerca de 5 milhões a mais do que no ano anterior, segundo o relatório. Desse grupo, 2,3 milhões são mulheres.

"Em dois anos, retrocedeu-se parte dos avanços trabalhistas na última década", adverte o documento.

Piora qualidade do trabalho

A OIT ressalta ainda uma deterioração na qualidade do trabalho, com uma queda nos salários reais, com o aumento da informalidade e com a redução do emprego formal.

Além disso, houve uma queda na proporção de trabalhadores em tempo integral e um aumento no emprego informal, detalha o relatório da OIT.

Um grupo especialmente afetado é o dos jovens, na faixa entre 15 e 24 anos, cuja taxa de desemprego alcança 18,3% este ano, a mais alta da década - "algo sumamente preocupante", segundo a organização.

Como causas, a OIT aponta a queda no preço das matérias-primas - principais exportações da América Latina - e uma menor demanda global. Para a instituição, mesmo uma recuperação dos preços não é uma solução sustentável.

É preciso "restabelecer o crescimento, acendendo novos motores, incentivar a criação do emprego, em particular investindo no talento humano e na empregabilidade, reduzindo a informalidade", assim como "impulsionar políticas de desenvolvimento produtivo", completa o documento.

Brasil, o culpado

O mau desempenho está em linha com a contração do PIB regional em 2015, que deve se aprofundar com uma queda entre 0,6% e 0,9% esperada para 2016, acrescenta a OIT.

O desemprego aumentou em 13 dos 19 países da região, principalmente no Brasil, passando de 8,4% para 11,3%; e no Equador, de 4,2% para 5,4%.

"Considerando a elevada proporção representada na população regional economicamente ativa (40%), o aumento acentuado na taxa de desemprego brasileira explica em parte o aumento da taxa média de desemprego na região e o aumento do número de desempregados este ano", explicou a instituição.

O Brasil está passando por uma crise econômica e política que mergulhou a maior economia da América Latina em uma severa recessão.

Para 2017, a OTI espera "que a média de desemprego regional volte a aumentar para 8,4%", segundo o relatório.

"O impacto descendente da desaceleração/contração da demanda de trabalho foi muito alto e fez a taxa de emprego regional cair quase um ponto percentual", disse a OIT.

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