Economia

Demanda em alta mantém preços do petróleo acima de US$ 50

Por enquanto, o único remédio para as altas do petróleo são preços ainda mais altos, até mesmo superiores a US$ 100 o barril. A explicação para essa tese, do banco Goldman Sachs, é que só o recuo da demanda vai resolver uma pressão que não pode ser atendi

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h11.

A lei da oferta e da demanda é inexorável, e o mercado de petróleo está demonstrando isso mais uma vez. Segundo análise da revista britânica The Economist, mesmo com toda a boa vontade, os 11 países-membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) só conseguiriam elevar sua capacidade de produção em 1,5 milhão de barris por dia. O problema é que a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) projeta um aumento da demanda de 1,81 milhão de barris diários só em 2005.

Essa incapacidade de saciar a sede mundial por petróleo pode deslocar os preços para além dos 50 dólares o barril por anos a fio, afirma relatório do banco Goldman Sachs. E é justamente essa alta persistente que pode restaurar o equilíbrio no mercado, reprimindo o consumo e atraindo novos investimentos produtivos. Além disso, tal movimento daria tempo aos produtores para expandir plantas, tornando-os aptos tanto a acompanhar o passo da expansão econômica mundial quanto a amortecer choques de oferta como o causado pela guerra do Iraque.

Não adianta olhar com esperança para a Rússia, diz The Economist, pois lá o ritmo de crescimento da produção se estabilizou depois de uma escalada que chegou a impressionar o mercado internacional. E também não adianta esperar grande coisa da Nigéria e da Venezuela, pois apesar de fornecedoras estratégicas, são palco de sérias instabilidades.

Um complicador extra é que as altas não estão baixando o consumo imediatamente como nos choques do petróleo de 1973 e início dos anos 80. Isso acontece por algumas razões. Em primeiro lugar, a despesa com produtos petrolíferos representa uma parcela muito menor da renda, porque as economias tornaram-se muito mais eficientes no uso da energia nas últimas duas décadas. Outro motivo é a pesada carga tributária cobrada pelos governos que também reduz a participação do custo do óleo cru no preço final. Em terceiro lugar, está o controle do Estado na China, de onde vem grande parte (40%) da furiosa alta da demanda pelo insumo. "Os consumidores não estão sentindo o golpe como deveriam", diz a análise. No ano passado, enquanto os preços internacionais do petróleo encareceram 40% no mundo, na China, aumentaram 20%. A conclusão da análise é que a receita para pôr ordem na casa podem ser cotações superiores a 100 dólares o barril.

No Brasil

Por aqui os consumidores também não estão sentindo o golpe como deveriam. Segundo análise da consultoria Tendências, a defasagem entre preços internos e preços internacionais de gasolina está atualmente na casa dos 30%. Caso o ritmo de elevação das cotações do petróleo se mantenha, tensões difíceis de equacionar serão potencializadas.

Ao mesmo tempo em que eventuais correções preocupam pelos impactos inflacionários, a inércia da Petrobras (1ª no ranking de Melhores & Maiores 2004) será combatida por seus acionistas, que vão pressionar por aumentos nos preços dos combustíveis em nome da manutenção dos níveis de rentabilidade da empresa.

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