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Decisão sobre juros será marcada por dilemas

Partindo dos dados sobre inflação, economistas prevêem atitudes diferentes do Copom

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h45.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central enfrenta, nesta terça (18/5) e quarta-feiras, mais uma reunião para decidir se mantém ou se altera a taxa básica da economia brasileira, a Selic, hoje em 16% ao ano. A dúvida não é privilégio dos diretores que compõem o comitê. Entre os analistas de mercado, não se consegue achar um consenso. Alguns economistas chegam a invocar as mesmas variáveis da economia para justificar prognósticos distintos.

Para Vladimir Caramaschi, economista-chefe da Fator Corretora, o Copom deve decidir-se pela manutenção da Selic, sem viés. Além da influência de acontecimentos no cenário internacional (especialmente a freada chinesa, a aceleração americana e a escalada das cotações do petróleo), do risco-país em alta e da desvalorização do câmbio, Caramaschi seleciona um dado sobre o comportamento dos preços. "As projeções de inflação de 2005, na pesquisa diária que o Banco Central faz, estão subindo. Vinha sendo mantida em 5%, mas essa semana subiu para 5,10%." Para o economista, esse dado deve indicar cautela do Banco Central.

Já o banco UBS emitiu em seu boletim semanal um breve parecer pelo qual "o declínio nos índices de inflação ao consumidor concede ao Banco Central margem para aliviar" o nível de juros, apesar das pressões nos preços do atacado. O alívio, para o banco, deve ser de 0,25 ponto percentual uma dosagem, aliás, que ninguém mais arrisca aumentar. De acordo com o documento, nos 12 meses até abril o IPCA acumulou inflação de 5,26%, abaixo do centro da meta de inflação para o ano (5,5%) pela primeira vez em mais de três anos. O UBS também destaca que abril foi o sétimo mês consecutivo de queda na inflação.

Mas, segundo Alexandre Maia, da GAP Asset Management, o Copom deve mesmo é anunciar na quarta-feira a manutenção da Selic "com um discuro suave". Suave, mas sem viés de baixa. "A volatilidade tira a liberdade do Banco Central." Maia avalia que o mercado continua muito sensível. "Uma queda da Selic agora só adiciona volatilidade ao cenário." Em sua opinião, apenas uma apreciação do câmbio abriria margem para nova queda da Selic. "O BC vai levar em conta o custo/benefício de esperar mais um mês, para reunir informações sobre volatilidade e câmbio."

Para a equipe econômica do Bradesco, a redução de 0,25 ponto percentual da Selic "embute muito menos risco" do que a manutenção. Pela argumentação dos economistas, divulgada hoje (17/5) em boletim, manter a taxa de juros inalterada pode aumentar a vulnerabilidade do país. O nível médio de utilização da capacidade instalada da indústria, que "mal chega a atingir 81%", a queda dos preços das commodities exceto petróleo e o baixo repasse da depreciação cambial para os preços ao consumidor embasam, para o banco, o prognóstico de corte na taxa de juros.

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