O IPCA, em 12 meses, está bastante próximo do teto da meta do governo, de 6,50 % (REUTERS)
Da Redação
Publicado em 29 de maio de 2013 às 16h55.
São Paulo/Brasília - O fraco crescimento da economia no primeiro trimestre abriu espaço para que o Comitê de Política Monetária (Copom) mantenha o ritmo de alta da Selic em 0,25 ponto percentual agora, apesar de a inflação ainda estar pressionada e de, até então, boa parte do mercado esperar elevação de 0,5 ponto.
A expansão da atividade de apenas 0,6 % no início deste ano, comparado com o quatro trimestre de 2012, ficou abaixo do esperado e levou imediatamente o mercado de juros futuros a precificar de maneira majoritária, nesta manhã, a manutenção do ritmo do aperto monetário iniciado em abril passado, quando a Selic saiu da mínima histórica de 7,25 para 7,50 %.
Parte dos economistas também começou a ver com maior probabilidade a possibilidade de o Banco Central não acelerar o passo nesta quarta-feira, quando define o futuro da taxa básica de juros do país após o fechamento dos mercados.
"É melhor o BC movimentar-se lentamente para dar à economia tempo para responder nos próximos meses", afirmou o diretor para América Latina da Moody's Analytics, Alfredo Coutiño. "A economia está se recuperando lentamente, e elevar a taxa de juros para 7,75 % não será um obstáculo."
A curva de juros futuros precificava, perto das 14h, probabilidade de 57 % de a Selic ser elevada em 0,25 ponto percentual e de 43 % para 0,50 ponto percentual. Até a véspera, a maioria das apostas era de alta de 0,50 ponto.
A reversão das apostas deve-se ao argumento de que a economia poderia ser ainda mais fragilizada com alta mais forte da taxa básica de juros, que afetaria o consumo das famílias e a indústria.
"(O PIB) mostra que a economia, apesar de todo o estímulo injetado, tem sérias dificuldades para ganhar ritmo, portanto devemos continuar vendo revisões para baixo nas projeções de PIB. E também aumenta as chances de o BC manter a cautela na condução da política monetária", afirmou o estrategista-chefe do banco WestLB, Luciano Rostagno, para quem, com "menos convicção", o Copom elevará a Selic agora em 0,50 ponto percentual.
Recentemente, o presidente do BC, Alexandre Tombini, sinalizou maior a possibilidade de mais agressividade na política monetária para domar a inflação, ao retirar de sua linguagem a palavra "cautela" e adotar o termo tempestivamente.
Naquele momento, esses comentários tornaram majoritárias as apostas no mercado de juros futuros de alta de 0,50 na Selic.
Apesar disso, economistas ainda dizem haver argumentos para elevar a Selic em 0,50 ponto. Um deles é o consumo das famílias, que apresentou crescimento de apenas 0,1 % no primeiro trimestre, abalado pela elevada inflação, a grande responsável pela queda nas vendas no varejo no primeiro trimestre deste ano.
"Essa inflação mais alta está afetando o consumo, a confiança do consumidor, e a própria confiança dos empresários", afirmou o economista-chefe do banco J.Safra, Carlos Kawall. "Tenho um call de (alta) 0,50 ponto percentual e continuo acreditando nele", emendou.
O IPCA, em 12 meses, está bastante próximo do teto da meta do governo, de 6,50 %.