Economia

Custo médio da dívida pública atinge maior nível em 6 anos

O custo médio da Dívida Pública Federal acumulado em 12 meses encerrou agosto em 15,93% ao ano


	Principal fator para o aumento do custo em agosto foi a alta de 7,45% do dólar em relação ao real
 (Bruno Domingos/Reuters)

Principal fator para o aumento do custo em agosto foi a alta de 7,45% do dólar em relação ao real (Bruno Domingos/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 28 de setembro de 2015 às 18h12.

Brasília - A alta do dólar, dos juros e da inflação ao mesmo tempo aumentou os custos para o governo se financiar no mercado financeiro.

O custo médio da Dívida Pública Federal (DPF) acumulado em 12 meses encerrou agosto em 15,93% ao ano, no maior nível desde fevereiro de 2009.

Segundo o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, José Franco de Morais, o principal fator para o aumento do custo em agosto foi a alta de 7,45% do dólar em relação ao real.

No entanto, a taxa Selic (juros básicos da economia) e a inflação, que corrigem parte dos títulos da dívida pública, também influenciaram o custo.

De acordo com Morais, o indicador tende a se estabilizar nos próximos meses, com a manutenção da taxa Selic em 14,25% ao ano e com a perspectiva de desaceleração do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) nos próximos meses.

Ele, no entanto, informou que o câmbio ainda pode provocar oscilações no custo médio da dívida até o fim do ano.

“O câmbio está atravessando períodos de volatilidade. Sobe em alguns dias, mas cai em outros. É completamente imprevisível saber o impacto disso [na dívida pública]”, disse.

Ao considerar apenas a dívida pública externa, o custo médio da DPF em 12 meses subiu de 50% ao ano em julho para 62,11% ao ano em agosto.

A alta, no entanto, não interfere significativamente no custo total da dívida porque a dívida externa representa apenas 5,1% da Dívida Pública Federal.

Sobre o impacto do rebaixamento do Brasil em eventuais emissões do Tesouro Nacional no exterior, o coordenador da Dívida Pública disse que o país não tem pressa nem necessidade de se financiar no mercado internacional.

“O Tesouro está atento às janelas de oportunidade [de emissão de títulos externos]. Se elas aparecerem, a gente faz emissões, mas, no momento, não temos pressa nem necessidade de fazer isso”, acrescentou.

Por causa da volatilidade no mercado financeiro na semana passada, o Tesouro Nacional lançou um programa de leilões de venda e de recompra de títulos prefixados de longo prazo que vai até sexta-feira (2).

O principal objetivo do programa é reduzir as oscilações do mercado, dar uma referência de preços para os investidores negociarem os papéis.

“O principal parâmetro é dar um referencial para o mercado secundário [mercado onde os investidores trocam papéis entre si, sem comprar do Tesouro]. Nesta semana, percebemos que o mercado está mais calmo”, declarou Morais.

Apesar da queda da volatilidade, o leilão de compra e de venda de títulos de longo prazo previsto para hoje não foi realizado porque o Tesouro não aceitou os preços propostos pelos investidores.

“Houve uma dispersão grande de preços, tanto para cima como para baixo, mas o programa tem vendido e comprado papéis nos últimos dias e vai continuar até sexta-feira”, concluiu o coordenador.

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