Economia

Críticas econômicas levaram à renúncia do governo na França

Debate entre socialistas franceses reflete questões discutidas sobre decisão de seguir modelo alemão ou elevar gastos governamentais para estimular crescimento

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de agosto de 2014 às 16h16.

Paris - O presidente francês François Hollande estuda suas opções depois de aceitar a renúncia do governo nesta segunda-feira, após críticas de ministros, socialistas como ele, sobre a política econômica do país.

Hollande vai anunciar o novo governo na terça-feira.

O debate entre os socialistas franceses reflete as questões discutidas em toda a Europa sobre a decisão de seguir o modelo alemão, de austeridade fiscal, ou elevar os gastos governamentais para estimular o crescimento.

O primeiro-ministro Manuel Valls apresentou a renúncia do seu governo após acusar o ministro da Economia, Arnaud Montebourg, de falar demais por ter criticado as políticas do governo.

Hollande aceitou a renúncia e ordenou que Valls forme um novo governo até a terça-feira.

Hollande prometeu cortar impostos e gastos, assim como realizar reformas para facilitar a abertura e operação das empresas.

As medidas têm como objetivo reduzir a carga tributária para as empresas e também conter o déficit do governo, que está acima do limite da União Europeia (UE), que é de 3% do Produto Interno Bruto (PIB).

A França não registrou crescimento econômico neste ano, o desemprego está perto dos 10% e os níveis de aprovação de Hollande estão muito baixos.

O país está sob pressão dos 28 países da UE para colocar suas finanças em ordem, mas o

Montebourg criticou a austeridade como o remédio errado para promover o crescimento e argumenta que o governo poderia gastar de forma mais livre para criar empregos.

No final de semana, Montebourg e o ministro da Educação, Benoît Hamon pediram mudanças nos projetos fiscal e de cortes de gastos de Hollande, afirmaram que existem alternativas possíveis e atacaram as políticas de austeridade na França e na zona do euro.

Em entrevistas à mídia francesa e em discursos durante uma reunião socialista realizada no domingo, Montebourg e

Hamon disseram que a redução forçada dos déficits orçamentários, ao mesmo tempo em que a contração da economia está elevando o desemprego, estimula o extremismo político e ameaça colocar a economia em recessão.

"A prioridade deve ser sair da crise. A redução dogmática dos déficits deve vir em segundo lugar", disse Montebourg em entrevista ao Le Monde publicada antes da reunião anual de ativistas do Partido Socialista em Frangy-en-Bresse, leste da França.

O ministro também criticou a Alemanha. "Precisamos levantar o tom. A Alemanha está presa na armadilha da austeridade que está impondo a toda a Europa."

Hamon juntou-se ao pedido de Montebourg por uma mudança de curso. Ele disse que o governo socialista precisa se reconectar com seu eleitorado e estimular a demanda ao aumentar os cortes de impostos para as famílias após as derrotas nas eleições locais e europeias deste ano.

"A pior coisa seria imaginar os franceses como crianças que não entendem", afirmou Hamon, que falou após Montebourg durante a reunião socialista.

Não foi a primeira vez que Montebourg atacou a política do governo francês. Em julho, ele propôs uma série de medidas para estimular a demanda doméstica e defendeu mais cortes de impostos para os consumidores.

Mas as críticas foram feitas num momento difícil para o presidente francês, que disse no início desta semana que vai levar adiante um plano de três anos com o objetivo de cortar os gastos públicos para promover cortes de impostos para as empresas, embora a economia esteja estagnada.

Fonte: Associated Press e Dow Jones Newswires.

Acompanhe tudo sobre:EuropaFrançaFrançois HollandeGovernoPaíses ricosPolíticos

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor