Economia

Crise política reduz liquidez no mercado de eletricidade

A plataforma para negociações de contratos de energia elétrica BBCE registrava no meio da tarde desta quinta-feira apenas 7 megawatts médios transacionados

Setor elétrico: "Nós tivemos muito pouco negócio hoje, de repente parou, é um reflexo inequívoco da situação, todo mundo está esperando para ver o que vai acontecer" (Reprodução/Getty Images)

Setor elétrico: "Nós tivemos muito pouco negócio hoje, de repente parou, é um reflexo inequívoco da situação, todo mundo está esperando para ver o que vai acontecer" (Reprodução/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 18 de maio de 2017 às 16h20.

Rio de Janeiro - A retomada do cenário de crise política no Brasil após revelações contra o presidente Michel Temer praticamente paralisou o mercado livre de eletricidade nesta quinta-feira, com a liquidez das operações tendo caído fortemente em meio a uma apreensão das empresas com o futuro da regulamentação do setor, disseram operadores e executivos de empresas.

A plataforma eletrônica para negociações de contratos de energia elétrica BBCE registrava no meio da tarde desta quinta-feira apenas 7 megawatts médios transacionados, ante uma média diária de cerca de 50 megawatts médios no ano até o momento, disse à Reuters o presidente da BBCE, Victor Kodja.

Notícias de que o presidente do conselho do frigorífico JBS, Joesley Batista, entregou à Justiça gravações com acusações de irregularidades contra o presidente Temer e o senador Aécio Neves (PSDB-MG) desencadearam uma forte queda das ações brasileiras e uma disparada do dólar nesta quinta-feira, além de terem levado o PSB a pedir a saída do governo do ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, filiado à sigla.

No mercado livre de eletricidade, onde grandes consumidores negociam contratos diretamente com geradores e comercializadoras, o reflexo também foi imediato, ainda mais em um momento em que o governo planejava avançar com uma revisão da regulamentação do setor por meio de uma Medida Provisória a ser publicada até o final do primeiro semestre.

"Nós tivemos muito pouco negócio hoje, de repente parou, é um reflexo inequívoco da situação, todo mundo está esperando para ver o que vai acontecer. Você acaba esperando uns dois, três dias para ver", disse Kodja, da BBCE.

"Ia ter a MP (para rever o modelo do setor elétrico), agora não tem mais a MP? A liquidez hoje é nenhuma, não tem operação sendo realizada", disse o presidente da comercializadora de energia da Copel, Franklin Kelly Miguel.

A paralisação nos negócios com eletricidade acontece principalmente porque as notícias de Brasília praticamente acabaram com esperanças surgidas recentemente no setor de que o governo poderia em breve conseguir um acordo para dar fim a uma longa briga judicial entre empresas na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), que promove mensalmente a liquidação das operações do mercado.

Desde maio de 2015 as liquidações de operações na CCEE registram elevada inadimplência devido a um enorme número de empresas que possuem liminares para evitar quitar débitos no mercado, decorrentes de uma forte seca em 2015 que afetou a receita de geradores hidrelétricos.

"Estava se tratando de uma possível solução para a inadimplência na CCEE, o governo vinha indicando que logo teria novidades, e agora todo mundo está se perguntando o que vai acontecer. Então dá uma travada no mercado", disse o sócio da comercializadora FDR Energia, Erick Azevedo.

Ele afirmou que o preço de contratos para suprimento durante todo o segundo semestre de 2017 já caiu para 250 reais por megawatt-hora, ante mais de 260 reais na quarta-feira.

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