Economia

Crise faz empresas brasileiras investirem no exterior

Contexto político e econômico do Brasil fez com que 78% das empresas consultadas aumentassem os investimentos fora do País

Investimentos: 37% das companhias brasileiras permitem que suas subsidiárias tomem decisões operacionais apenas após consultarem a matriz (Uelder Ferreira/Thinkstock)

Investimentos: 37% das companhias brasileiras permitem que suas subsidiárias tomem decisões operacionais apenas após consultarem a matriz (Uelder Ferreira/Thinkstock)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 18 de novembro de 2016 às 08h54.

São Paulo - Na tentativa de driblar a crise doméstica, empresas brasileiras que atuam internacionalmente ampliaram seus negócios em outros países.

Uma nova pesquisa da Fundação Dom Cabral mostra que, do total das operações de 64 companhias brasileiras - multinacionais e franquias -, 26,1% foram realizadas no exterior em 2015, alta de 20% na comparação com o ano anterior. O crescimento é o maior da série histórica, iniciada há 11 anos.

O contexto político e econômico do Brasil fez com que 78% das empresas consultadas aumentassem os investimentos fora do País, segundo o levantamento. Enquanto 28,1% delas entraram em novos mercados, apenas 14% deixaram algum.

A multinacional brasileira do segmento de não-tecidos Fitesa, a mais internacionalizada segundo a Dom Cabral, com 73,9% dos negócios realizados no exterior, investiu na Suécia em 2015, instalando um novo equipamento em uma fábrica. Para o ano que vem, está previsto o aumento da capacidade produtiva nos Estados Unidos e na Alemanha.

A Localiza, de aluguel de carros, ficou em primeiro lugar no ranking das franquias com maior índice de internacionalização. Das operações da empresa, 19,2% ocorreram em outro país no ano passado.

Segundo o diretor de franchising, Bruno Andrade, três unidades foram abertas fora do Brasil em 2015 (hoje são 71 no total distribuídas em sete países).

Também em 2015, as lojas internacionais foram responsáveis por 40% do faturamento da rede - em 2014, elas representavam 32%.

Esse avanço na participação, entretanto, decorreu mais da retração do mercado doméstico do que da expansão internacional, explica Andrade.

A empresa de tecnologia Stefanini ficou em quinto na lista das multinacionais, com um índice de 61,9%. A tendência é que esse número se eleve ainda mais nos próximos cinco anos.

"O mercado fora é muito maior do que apenas o interno", diz o fundador da companhia, Marco Antonio Stefanini.

O empresário acrescenta, no entanto, que, no caso da Stefanini, a internacionalização começou há 20 anos e se acentuou há cinco, quando o Brasil vivia um bom momento econômico. "Agora estamos colhendo os frutos."

A pesquisa da Dom Cabral aponta ainda que 37% das companhias permitem que suas subsidiárias tomem decisões operacionais apenas após consultarem a matriz.

A maioria (49%), entretanto, concede autonomia total. "Isso costuma melhorar os resultados, porque faz a empresa se adaptar melhor à realidade do local de atuação", diz Livia Barakat, professora da Fundação. Na comparação com 2014, 29,1% ampliaram o grau de autonomia das subsidiárias.

Decisões estratégicas costumam ficar com as matrizes. Em 60% das empresas, por exemplo, políticas de dividendos são discutidas apenas na sede.

Entre os países mais procurados pelas brasileiras para internacionalização, os Estados Unidos aparecem no topo, seguidos pelos sul-americanos, principalmente Argentina e Chile. A China aparece em quinto lugar.

O índice de internacionalização é elaborado com base nos dados de ativos, receitas e funcionários das empresas no exterior em relação ao total.

"O movimento de internacionalização é crescente nos últimos anos e as empresas o procuram para diminuir o risco de dependência do mercado doméstico", acrescenta Livia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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