Economia

Crise de energia na China e Índia dá sinais de alívio

A oferta de carvão, principal fonte de geração de eletricidade na China e na Índia, volta a aumentar depois que os governos pressionaram mineradoras a elevar a produção

Energia elétrica: mudança no cenário de energia da região segue uma onda de intervenções governamentais. (./Divulgação)

Energia elétrica: mudança no cenário de energia da região segue uma onda de intervenções governamentais. (./Divulgação)

B

Bloomberg

Publicado em 8 de novembro de 2021 às 21h22.

Por David Stringer, da Bloomberg

A crise de energia em duas das principais economias da Ásia, que causou cortes de eletricidade e ameaçou um crescimento mais lento, começa a dar sinais de alívio, embora os riscos permaneçam.

A oferta de carvão, principal fonte de geração de eletricidade na China e na Índia, volta a aumentar depois que os governos pressionaram mineradoras a elevar a produção. Isso permite que usinas de energia e grandes consumidores industriais comecem a repor estoques.

No domingo, a maior operadora de redes da China confirmou que a oferta e a demanda voltaram a se equilibrar em sua área de cobertura, que corresponde a cerca de 88% do território chinês, embora as restrições continuem para algumas indústrias de alto consumo e muito poluentes em determinadas províncias. Os preços da energia à vista caíram na Índia, também em reação ao alívio da escassez de eletricidade também foram resolvidas.

“Os dois países continuam enfrentando alguns riscos para o abastecimento no inverno, mas a escassez foi amenizada”, disse Xizhou Zhou, diretor-gerente de energia global e renovável da IHS Markit, em Washington.

Os preços globais do carvão caíram nas últimas semanas depois de atingirem recordes diante da oferta apertada, impulsionando os lucros de mineradoras como Glencore e China Shenhua Energy. O carvão térmico de alta qualidade no porto de Newcastle, na Austrália - uma referência na Ásia, região que é o maior mercado para o combustível - acumula baixa superior a 30% desde o mês passado. Os contratos futuros de carvão térmico na China perderam quase 50% desde o forte aumento em meados de outubro.

A mudança no cenário de energia da região segue uma onda de intervenções governamentais. Tanto a China quanto a Índia pressionaram mineradoras estatais a acelerar a produção de carvão. Autoridades em Pequim também tomaram medidas para limitar os preços do combustível, eliminar algumas taxas fixas de eletricidade, reduzir as exportações da commodity e aumentar as compras de carvão, gás e diesel do exterior.

Essa corrida para elevar a oferta de combustíveis fósseis também chamou a atenção para o aumento das emissões globais de gases de efeito estufa este ano, e no amplo desafio da Índia e da China para reformarem seus sistemas de energia e cumprirem as metas de redução de emissões detalhadas nos últimos dias durante a cúpula climática COP26.

A produção diária de carvão da China aumentou em mais de 1 milhão de toneladas nas últimas semanas, para cerca de 11,89 milhões de toneladas, e em breve devem ultrapassar a meta do governo de produção de 12 milhões de toneladas por dia. O aumento supera as expectativas e reduz significativamente o déficit de oferta, disseram analistas do Morgan Stanley como Sara Chan em relatório esta semana.

Os estoques de carvão nas usinas de energia da Índia aumentaram para 12,4 milhões de toneladas na sexta-feira frente à mínima de 7,2 milhões de toneladas no mês passado. Os principais consumidores industriais, cujo fornecimento de carvão foi limitado para priorizar usinas de energia, também dizem que as condições melhoraram.

Acompanhe tudo sobre:ChinaEnergia elétricaÍndia

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor