Economia

Crise da esquerda em latinos faz alegria de estrangeiros

São tempos difíceis para a esquerda latino-americana e os investidores estrangeiros não poderiam estar mais felizes


	Investidores: traders abocanharam ativos de países que mostram um afastamento da liderança de esquerda da última década
 (Thinkstocks)

Investidores: traders abocanharam ativos de países que mostram um afastamento da liderança de esquerda da última década (Thinkstocks)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de dezembro de 2015 às 18h35.

São tempos difíceis para a esquerda latino-americana e os investidores não poderiam estar mais felizes.

Os traders abocanharam ativos de países que mostram um afastamento da liderança populista da última década. Os bonds venezuelanos subiram ao patamar mais alto desde maio depois que a oposição conquistou a maioria no Congresso, no domingo, pela primeira vez em 16 anos.

O fundo negociado em bolsa Global X MSCI Argentina viu seus ativos sob gestão darem um salto desde que as pesquisas eleitorais mostraram pela primeira vez que um candidato favorável aos negócios tinha a maior probabilidade de chegar à presidência nas eleições do mês passado.

Os investidores acumularam recursos no maior fundo de ações negociado em bolsa do Brasil quando o Congresso iniciou o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.

“Há uma grande mudança para a região”, disse Michael Ganske, que administra US$ 4,5 bilhões em dívidas e moedas como chefe de mercados emergentes na Rogge Global Partners em Londres. “É isso o que os investidores estão negociando”.

* O iShares MSCI Brazil Capped ETF atraiu US$ 70,2 milhões em recursos na semana passada, maior incremento em um período de cinco dias registrado desde junho, quando o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, disse que aceitava um pedido de impeachment contra Dilma. Os investidores injetaram mais US$ 23,3 milhões na segunda-feira.

* Os investidores colocaram US$ 8,5 milhões no maior fundo argentino negociado em bolsa desde 23 de outubro, pouco antes de a oposição do país inesperadamente ganhar o primeiro turno das eleições presidenciais, ajudando a impulsionar os ativos totais do fundo em 56 por cento.

O presidente eleito Mauricio Macri, um rico homem de negócios, disse que abandonaria os controles cambiais, reduziria os subsídios e adotaria laços mais próximos com as economias mais abertas da região.

* Os bonds da Venezuela para 2022 apresentaram a maior subida desde agosto, na segunda-feira, e avançaram novamente na terça e na quarta-feira com as apostas de que a oposição fortalecida atuará como controle ao tipo de política que faz o país lidar com uma inflação de três dígitos, com a escassez de dólares, com as prateleiras vazias nas lojas e com a contração econômica.

Contudo, essa euforia não está aparecendo em outros mercados da região, que deverão registrar sua primeira contração econômica desde 2009.

O Bloomberg JP Morgan Latin America Currency Index está sendo negociado perto da mínima recorde alcançada em 23 de setembro, e o real pouco reduziu a queda deste ano desde o anúncio do processo de impeachment. Merval, o índice acionário de referência da Argentina, caiu 6,1 por cento desde que Macri ganhou a eleição.

Incerteza política

No caso do Brasil, a Moody’s Investors Service e a Fitch Ratings disseram que o processo de cassação da presidente poderia aumentar a incerteza política e prejudicar ainda mais a economia, que caminha para a recessão mais longa desde os anos 1930.

As audiências poderiam levar meses e envolver diversas votações no Congresso, que, eventualmente, poderiam resultar na cassação de Dilma.

Na Argentina, os desafios de Macri são vistos como substanciais devido ao aumento do déficit orçamentário ao nível mais amplo em três décadas e à inflação, que, segundo o cálculo de economistas privados, está em um ritmo anual de mais de 20 por cento.

O Fundo Monetário Internacional prevê uma contração de 10 por cento da economia venezuelana neste ano, e analistas consultados pela Bloomberg projetam que os preços subirão cerca de 124 por cento.

A oposição poderia ter dificuldades para mudar as políticas porque Nicolás Maduro continuará sendo o presidente até 2019, e o Supremo Tribunal Federal e o banco central estão cheios de membros nomeados por ele.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaInvestimentos de empresas

Mais de Economia

Previdência estuda proibir uso de aposentadorias e pensões em bets

Conta de luz mais barata: Aneel anuncia bandeira verde nas contas de luz em dezembro