Crescimento dos EUA deve desacelerar em 2019, diz Congresso
Escritório apartidário de orçamento projetou que PIB deve crescer 3,1 por cento este ano, superando os 2,2 por cento de alta em 2017
Reuters
Publicado em 13 de agosto de 2018 às 19h36.
Washington - O crescimento dos Estados Unidos deve acelerar neste ano antes de cair em 2019 para bem abaixo da meta de 3 por cento da administração Trump com os estímulos fiscais acabando, projetaram pesquisadores do Congresso dos EUA nesta segunda-feira.
Em uma atualização sobre as perspectivas econômicas, o escritório apartidário de orçamento do Congresso norte-americano (CBO) projetou que o PIB deve crescer 3,1 por cento este ano, superando os 2,2 por cento de alta em 2017 devido a menores impostos sobre a renda, maiores gastos do governo e investimentos privados.
O governo dos EUA cortou o imposto de renda de pessoas físicas e jurídicas em janeiro em um pacote de 1,5 trilhão de dólares, já o Congresso aprovou em março uma lei contendo gastos de 1,3 trilhão de dólares.
Isso tem sustentado os gastos de consumidores e empresários, assim como os do governo, que combinados com a aceleração das exportações de soja, devem impulsionar a economia para uma taxa de crescimento anualizada de 4,1 por cento no segundo trimestre, contra 2,2 por cento de janeiro a março. A taxa de abril a junho foi a maior em quase quatro anos.
Contudo, o CBO afirmou que o crescimento deve desacelerar no segundo semestre, com os estímulos a consumo e exportações agrícolas diminuindo. Por exemplo, algumas exportações de soja do segundo trimestre foram antecipadas para evitar as tarifas chinesas que começaram a valer em julho, reduzindo embarques futuros.
"Em 2019, o ritmo do crescimento do PIB diminuirá para 2,4 por cento na previsão da agência, enquanto o crescimento do investimento de negócios e gastos do governo diminuem", afirmou o diretor do CBO Keith Hall em comunicado.
Republicanos têm dito que os cortes de impostos, que aumentaram a dívida do país, vão se pagar com um crescimento mais forte. A administração Trump disse que a economia pode sustentar um crescimento de 3 por cento no longo prazo, afirmação contestada por diversos economistas.
O CBO também advertiu que tensões comerciais podem causar uma queda ainda maior que a projetada no PIB. A escalada de uma guerra comercial EUA- China pode resultar em tarifas em todos os produtos negociados entre as duas maiores economias do mundo.
Washington também negociou tarifas com a União Europeia, Canadá e México.
"Quando o CBO completou sua previsão econômica no início de julho, a agência estimou que as consequências das tarifas norte-americanas e suas retaliações de outros países seriam pequenas", disse Hall.
As tarifas "afetaram produtos que somam menos que 1,5 por cento do total do comércio exterior dos EUA. Contudo, a política comercial já foi alterada desde o início de julho, e devem continuar a evoluir. Logo, os efeitos das novas tarifas possivelmente se tornarão mais substanciais e ter um impacto maior na economia do que o previsto pelo CBO em suas projeções atuais".
De 2023 a 2028, o CBO projeta um crescimento de cerca de 1,7 por cento ao ano.