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Credores recusam oferta da Argentina de reestruturação da dívida

Ministério da Economia diz que não ficou surpreso com a difícil negociação com os detentores de títulos argentinos

Argentina: Fernández admitiu que o país está em "default virtual", mas pretende quitar a dívida (Gonzalo Fuentes/Reuters)
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AFP

Publicado em 20 de abril de 2020 às 18h08.

Última atualização em 20 de abril de 2020 às 19h23.

Nesta segunda-feira (20), a Argentina recebeu a rejeição de alguns grupos de credores privados à sua proposta de reestruturação da dívida em dólares sob a legislação estrangeira, com grandes cortes de capital e juros, com a qual o país tenta evitar a moratória.

Pelo menos dois grupos internacionais, o Comitê de Credores Argentinos (ACC, na sigla em inglês) e o Grupo de Detentores de Bônus, se recusaram a aceitar a oferta argentina.

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A oferta apresentada na sexta-feira passada aos detentores de títulos por US$ 66,238 bilhões em dívidas emitidas sob leis estrangeiras, contempla uma redução de 62% nos juros e 5,4% no principal, para começar a pagar em 2023.

O corte implicaria em uma redução de US$ 37,9 bilhões em juros e US$ 3,6 bilhões no principal.

O ACC "analisou a proposta feita pela Argentina e infelizmente não pode apoiá-la", afirmou em comunicado nesta segunda-feira, acrescentando que "a oferta unilateral (argentina) ficou muito abaixo das expectativas dos detentores de títulos e não houve discussões significativas".

O ACC reúne fundos de investimento como BlackRock, Greylock Capital, Fidelity e T. Rowe Price Group.

 

Por seu lado, o Grupo de Detentores de Bônus lamenta que suas opiniões "não tenham sido levadas em consideração de forma alguma na oferta de troca anunciada pela Argentina".

O segundo grupo garantiu que "a Argentina optou por fazer uma oferta unilateral", para a qual considera a proposta "inaceitável e não tem intenção de apoiá-la".

Para Matías Rajnerman, economista-chefe da consultoria Ecolatina, "a rejeição de credores nunca é ideal, mas é lógica porque se trata de uma negociação".

Negociação dura

O Ministério da Economia não ficou surpreso com as primeiras reações dos detentores de títulos argentinos.

"Foram movimentos previsíveis", disse uma fonte da pasta que pediu anonimato à AFP nesta segunda-feira.

Ao apresentar a oferta publicamente em discurso na quinta-feira passada, o ministro da Economia, Martín Guzmán, havia antecipado que não havia sido alcançado um acordo com os credores e que se esperava uma negociação difícil.

Os credores têm 20 dias para responder, ou seja, até 7 de maio.

Na quarta-feira, 22 de abril, a Argentina deve enfrentar um vencimento de 500 milhões de dólares em juros sobre esses títulos a serem reestruturados. O esperado é que o país não pague na data de vencimento, contando com o período legal de um mês para regularizar a situação antes de entrar em moratória.

Segundo Rajnerman, o governo apresentou essa proposta "que vencerá em 7 de maio, quando faltam 15 dias para a Argentina deixar entrar em default, para poder continuar negociando".

O presidente Alberto Fernández admitiu na semana passada que a Argentina está em "default virtual", mas destacou sua intenção de reconhecer e pagar a dívida.

A dívida pública totaliza cerca de US$ 324 bilhões (cerca de 90% do Produto Interno Bruto da Argentina).

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