Economia

Crédito para empresas tem alta de 10,4% em março, diz BC

Nos 12 meses que se encerraram em março, houve elevação do crédito para as empresas de 14,3%, na onda da recuperação econômica

De acordo com o chefe adjunto do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Renato Baldini, é natural que, após o carnaval, as empresas busquem mais crédito (Pixels/Divulgação)

De acordo com o chefe adjunto do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Renato Baldini, é natural que, após o carnaval, as empresas busquem mais crédito (Pixels/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de abril de 2019 às 12h03.

Brasília — As concessões de crédito pelos bancos às empresas subiram 10,4% em março e somaram R$ 135 bilhões, conforme dados divulgados nesta sexta-feira, 26, pelo Banco Central. O movimento é justificado pela procura por crédito pelas empresas no Brasil após o carnaval para alavancar suas atividades, fenômeno comum nos meses de março. Mas o quadro é positivo também quando se observa períodos mais longos: nos 12 meses encerrados em março, a concessão de crédito às empresas subiu 14,3%, na esteira da recuperação gradual da economia brasileira.

Os números referem-se ao chamado crédito livre, que inclui operações que não utilizam recursos provenientes da caderneta de poupança e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). As famílias também buscaram mais os bancos para fechar financiamentos, mas de forma bem mais tímida. No mês passado, a alta nas concessões de crédito livre para as famílias foi de apenas 0,7%. Considerando o crédito para empresas e famílias em conjunto, as concessões avançaram 4,8% em março e atingiram R$ 297,9 bilhões - alta de 12,3% em 12 meses.

Os bons resultados de março ocorreram apesar de o mês ter apresentado um dia útil a menos que fevereiro, em função do carnaval. De acordo com o chefe adjunto do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Renato Baldini, é natural que, após o carnaval, as empresas busquem mais crédito.

Os números do BC indicam, no entanto, que o saldo de crédito - o valor total de todas as operações em andamento - está em trajetória de alta, tanto para empresas quanto para famílias.

Em março, o saldo total do crédito livre subiu 1,4% em relação a fevereiro, para R$ 1,78 trilhão. Nos 12 meses que se encerraram em março, houve elevação de 11,5%. No caso das empresas, houve alta de 10,3% do saldo acumulado em 12 meses e, entre as famílias, de 12,6%.

"Há uma tendência de recuperação gradual do crédito desde o segundo semestre de 2017", pontuou Baldini. "E o crescimento do crédito continua impulsionado pelo crédito livre".

BNDES

Os dados do BC mostram que o saldo de crédito direcionado - aquele que utiliza recursos da poupança e do BNDES - ficou estável em março ante fevereiro e apresentou retração de 0,5% nos 12 meses até março. "O saldo de crédito direcionado segue decrescendo em 12 meses, mas o recuo tem sido menor", disse Baldini.

Especificamente, o crédito do BNDES continua apresentando resultados negativos. Em março, o saldo das operações do banco de fomento com empresas recuou 0,3% e, nos 12 meses encerrados em março, cedeu 7,5%. Estes resultados refletem as mudanças na atuação do banco estatal.

Após forte expansão no governo de Dilma Rousseff, quando tinha amplo financiamento da União, o BNDES vem passando por processo de encolhimento. Desde a administração de Michel Temer, um dos objetivos do governo federal é reduzir a participação do crédito direcionado na economia.

Taxas de juros

Apesar do avanço nas concessões e no saldo, o crédito também ficou mais caro em março. Os dados do BC mostraram que a taxa média de juros no crédito livre subiu de 38,6% ao ano em fevereiro para 39,0% ao ano no mês passado. Nas operações para as famílias, o juro médio chegou a 53,7% ao ano.

Os campeões de juros são o rotativo do cartão de crédito e o cheque especial. A taxa média do rotativo regular do cartão - aquele em que o cliente pagou pelo menos o valor mínimo da fatura - chegou a 281,4% ao ano em março, nas operações com pessoas físicas. No cheque especial, o juro médio ficou em 322,7% ao ano. Na prática, isso significa que, após um mês, uma dívida de R$ 5.000 no cartão chega aos R$ 5.590. No cheque especial, atinge R$ 5.640.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralBNDESCréditoJuros

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto