Dentre os fatores que tendem a contribuir para o bom desempenho do crédito imobiliário ao longo de 2012, Lazari citou as rodadas de reduções nas taxas de juros (Germano Lüders/EXAME)
Da Redação
Publicado em 25 de abril de 2012 às 14h34.
São Paulo - As concessões de crédito imobiliário devem ganhar maior impulso a partir do segundo trimestre, apoiadas na manutenção do baixo nível de desemprego, aumento da renda da população e crescimento da carteira de crédito dos bancos, após desempenho acima do esperado nos três primeiros meses do ano.
Os recursos concedidos pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) para financiamento imobiliário atingiram 17,6 bilhões de reais no primeiro trimestre, alta de 9,9 % ante igual período do ano passado, informou nesta quarta-feira a associação que representa o setor no país, Abecip.
De janeiro a dezembro, foram financiadas 104,8 mil unidades pelo sistema, número cerca de 1 % menor em relação a um ano antes.
"O primeiro trimestre costuma ser fraco, marcado por muitos desembolsos com impostos e concentração de gastos no caso de pessoa física, além dos feriados", disse o presidente da Abecip, Octavio de Lazari Junior, acrescentando que o resultado do período superou a estimativa da própria entidade.
Se considerado apenas o mês de março, os financiamentos imobiliários cresceram 9,4 %, somando 6,8 bilhões de reais. Em termos de unidades, foram financiados 40 mil imóveis no mês passado, alta anual de 7 %.
Os números consideram apenas recursos da caderneta de poupança e excluem o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Se somado o FGTS, o volume de crédito imobiliário no primeiro trimestre foi de 26,1 bilhões de reais, equivalente a 234 mil unidades.
Apesar do desempenho acima do esperado, a Abecip manteve a previsão de que o crédito imobiliário cresça 30 % este ano em relação a 2011, para 103,9 bilhões de reais.
"No segundo trimestre crescerá mais e vai acelerar no segundo semestre, até chegar nos 30 %", afirmou Lazari.
Segundo ele, a alta dos financiamentos no patamar de 30 % é considerada "saudável", visto que o mercado imobiliário passa por certa desaceleração desde meados do ano passado, com as empresas priorizando a venda de estoques em vez de realizar muitos lançamentos.
"As empresas estão colocando as operações em ordem e olhando os lançamentos com mais rigor", disse.
No primeiro trimestre, o nível de inadimplência em crédito imobiliário foi de 2 %, em linha com o visto no fechado de 2011.
Juros menores
Dentre os fatores que tendem a contribuir para o bom desempenho do crédito imobiliário ao longo de 2012, Lazari citou as rodadas de reduções nas taxas de juros por parte dos bancos, seguindo a queda na taxa Selic e a iniciativa do governo de utilizar os bancos públicos para reduzir o spread bancário.
Nesta quarta-feira, a Caixa Econômica Federal anunciou corte nas taxas de juros para financiamento imobiliário. A iniciativa da instituição, que já pratica taxas mais baixas em relação ao restante do mercado, deve ser seguida por outros bancos, segundo o presidente da Abecip.
"O espaço para reduzir (taxas de juros) está limitado porque o crédito imobiliário deixa o spread apertado, mas, com a redução da Selic, os bancos acabam pressionados a reduzir", disse ele. "Mas é certo que esses cortes vão impulsionar o crédito imobiliário este ano".
O impacto positivo, entretanto, não deve levar a entidade a revisar a estimativa para este ano. "Será uma variável a mais para melhores previsões para o crédito imobiliário em 2013 e 2014... são medidas que devem ser tomadas agora para garantir o crescimento", acrescentou.
Poupança
A Abecip informou também que, em março, a poupança apresentou captação líquida positiva pela primeira vez em 2012, atingindo 2,5 bilhões de reais. Com isso, a captação líquida no primeiro trimestre alcançou 1,9 bilhão de reais.
No mês passado, o saldo das cadernetas pelo SBPE subiu cerca de 11 % ante março de 2011, para 337,9 bilhões de reais.