Economia

Crédito da Caixa para móveis 'patina', critica entidade

O Cred Móveis financiou R$ 1,5 milhão entre junho e julho, ou 0,075% dos R$ 2 bilhões que a linha dispõe

Caixa: a principal função do Cred Móveis é atender a demanda da classe C (Lia Lubambo/EXAME)

Caixa: a principal função do Cred Móveis é atender a demanda da classe C (Lia Lubambo/EXAME)

DR

Da Redação

Publicado em 24 de julho de 2012 às 19h03.

São Paulo - A linha de financiamento Cred Móveis, anunciada em abril pela Caixa Econômica Federal, está longe de decolar. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Mobiliário (Abimóvel), o programa financiou R$ 1,5 milhão entre junho e julho, ou 0,075% dos R$ 2 bilhões que a linha dispõe até 2014 para participantes do Minha Casa Minha Vida.

Quem financia o imóvel pelo programa do governo federal pode tomar crédito para comprar móveis com juros de 1% a 2% ao mês, a depender da faixa de renda, com prazo de até 48 meses.

A principal função do Cred Móveis é atender a demanda da classe C que forma o público do Minha Casa Minha Vida, e, ao mesmo tempo, é uma linha que pode ajudar a impulsionar as vendas da indústria moveleira. Essa parcela da população é responsável por 30% das compras de móveis no Brasil, de acordo com Ivo Cansan, presidente da Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs). 


A nova linha da Caixa poderia aumentar as vendas de 2% a 3%, estima Cansan. O mercado interno ganhou importância para o setor após a crise financeira de 2008, quando as exportações despencaram. Em 2007, as vendas externas somaram mais de US$ 1 bilhão, enquanto em 2012 a Abimóvel prevê exportar US$ 700 milhões.

Exigências

Cansan, da Movergs, afirma que as exigências do banco federal para aprovar os financiamentos são uma das razões pelas quais o Cred Móveis apresenta, após um mês, cifras tão tímidas. "A pessoa que vai tentar ter acesso ao dinheiro já tem a sua renda comprometida com o Minha Casa, Minha Vida e não consegue obter um segundo financiamento", explica. Para ele, o banco precisa dar mais facilidades às famílias, como permitir que o Cred Móveis seja contraído pelo cônjuge ou por um familiar do titular da dívida imobiliária que não esteja com a sua capacidade de endividamento esgotada.

Para José Luiz Dias Fernandez, presidente da Abimóvel, o dinheiro do Cred Móveis não chegou na ponta do consumidor, "devido a um processo de adaptação interna da Caixa Econômica Federal". Ele destaca, porém, que as lideranças do setor se reuniram na semana passada com o banco e esperam, para agosto, uma forte campanha de divulgação para reanimar a linha de financiamento.

Fernandez ressalva que o Cred Móveis não é o incentivo mais importante para o reaquecimento da indústria. "O que vai ajudar muito é a redução do IPI (prorrogada no final de junho por três meses) e a desoneração da folha de pagamentos". Concedida no início de abril, a desoneração substitui a contribuição previdenciária patronal de 20% por 1% a 2% do faturamento bruto. O presidente da Abimóvel espera que os incentivos contribuam para a recuperação do segmento, que deve faturar R$ 25 bilhões em 2012 - o faturamento do ano passado foi de cerca de R$ 23 bilhões.

A Caixa Econômica Federal não comentou a cifra da Abimóvel e informou que o primeiro balanço do Cred Móveis será apresentado em agosto.

Acompanhe tudo sobre:BancosCaixaCréditoEmpresasImóveis

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor