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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h12.
Nos últimos meses, a concessão de crédito está crescendo num ritmo mais acelerado que as vendas do varejo, deixando os economistas intrigados. Isto porque, no início do ano passado, a expansão do consumo foi sustentada pelo financiamento das vendas. Para a Tendências Consultoria, parte desse descompasso é explicada pelo comportamento do consumidor, que está usando os recursos novos para quitar dívidas antigas.
A consultoria cita dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Banco Central (BC) para mostrar a discrepância entre comércio e crédito. O varejo cresceu apenas 0,7% em outubro, após uma queda de 4% acumulada nos dois meses anteriores. Enquanto isso, o saldo das operações de crédito para pessoas físicas vem crescendo à taxa de 2% ao mês.
Segundo a Tendências, um sinal de que o dinheiro novo está indo para a quitação de velhas pendências são os números do Serviço Central de Proteção de Crédito (SCPC). Em dezembro, o cancelamento de registros no SCPC cresceu 1,7% sobre novembro (dados já dessazonalizados) e 26,2% sobre dezembro de 2003. A melhora do nível de emprego também contribuiu para a redução da inadimplência, de acordo com a consultoria.
Uma segunda explicação para a diferença entre crédito e vendas no varejo são as inevitáveis imperfeições nas funções que descrevem o comportamento dessas duas variáveis. Para os analistas, é "pouco provável que a relação entre crédito e consumo descrevesse uma função tão bem comportada".
No longo prazo, porém, essas diferenças tendem a se diluir e as curvas de crédito e vendas se aproximam. Por isso, a principal dúvida do mercado é se o varejo voltará a registrar forte expansão, puxado pelo crédito, ou se o crédito irá acomodar-se. Para a Tendência, o mais provável é que as duas coisas aconteçam. As vendas devem registrar uma discreta alta, enquanto o crédito reduzirá a taxa de expansão dos atuais 25% ao ano para algo em torno de 10%.