Economia

Credit Suisse projeta contração de 1,5% no PIB da América Latina em 2020

De acordo com o banco, todos os países da região devem sofrer choques de oferta e demanda por causa da pandemia do coronavírus

A atividade econômica será provavelmente afetada por um crescimento global mais fraco (Pascal Lauener/Reuters)

A atividade econômica será provavelmente afetada por um crescimento global mais fraco (Pascal Lauener/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de março de 2020 às 17h40.

Última atualização em 17 de março de 2020 às 18h33.

O Credit Suisse passou a projetar retração de 1,5% no produto interno bruto (PIB) da América Latina em 2020 devido aos esforços de distanciamento social para contenção do coronavírus e à "rápida queda" de preços de commodities.

De acordo com o banco, todos os países da região devem sofrer choques de oferta e demanda devido à ruptura em cadeias de suprimentos e aos esforços de quarentena, que devem se manter por uma parte "considerável" da primeira metade do ano.

O banco revisou as estimativas de crescimento para a economia da Argentina de -1,0% para -2,6% e espera "enfraquecimento notável" do consumo das famílias, do investimento e das exportações no país.

"A atividade econômica será provavelmente afetada por um crescimento global mais fraco, menor demanda da China e por um Brasil mais fraco", escrevem os analistas Alonso Cervera, Juan Lorenzo Maldonado, Alberto J. Rojas e Leonardo Fonseca, que assinam o relatório do Credit Suisse a clientes.

Eles avaliam que a política econômica do governo argentino continua incerta, já que a reestruturação do déficit corrente deve continuar atrasada devido às dificuldades logísticas do país. O banco espera que o peso desvalorize apenas marginalmente em relação ao dólar, prejudicando a competitividade do país perante pares regionais, como o Brasil, cujo real já se depreciou significativamente.

O Credit Suisse projeta que os maiores impactos, no entanto, aconteçam no México e no Chile, que são mais dependentes dos Estados Unidos e da China, economias grandes e mais afetadas pelo coronavírus. Para o México, o banco reduziu a estimativa de crescimento de 0,7% para retração de 4,0%; e, para o Chile, de 1,8% para -1,5%.

No mesmo relatório, o banco cortou a estimativa de crescimento do Brasil de 1,4% para 0,0% e passou a considerar em seu cenário-base uma recessão técnica na primeira metade do ano, com contração de 0,1% no PIB do primeiro trimestre e de 1,6% no do segundo trimestre.

O banco também reduziu a estimativa de crescimento da Colômbia de 2,9% para 1,3%, principalmente devido ao choque nos preços de petróleo, mas avalia que o país está em melhores condições de enfrentar a desaceleração global porque começou 2020 "no pico do seu ciclo econômico". Para o Equador, a estimativa foi reduzida de -1,0% para -2,3%, também devido ao choque de petróleo.

O Credit Suisse cortou, ainda, a estimativa de crescimento do PIB do Peru de 3,0% para 1,0%, devido à exposição do país à China, que absorve 25% de suas exportações. Para a Venezuela, a estimativa foi reduzida de -8,5% para -12,5%, com destaque para a queda dos preços de petróleo.

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