Economia

Cotação do petróleo está descolada de fundamentos econômicos

Por sua vez, a agroindústria canavieira do Brasil projeta avanço nas exportações de álcool combustível "a uma velocidade superior ao que podemos imaginar"

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h32.

O mercado de petróleo não está em um ponto de inflexão. "Não é uma questão de oferta e demanda", afirma Pachoal Paione, analista de petróleo do Banco Fator. Segundo Paione, a alta da cotação até 38 dólares por barril se justifica em um fundamento econômico - o crescimento da China e dos Estados Unidos. "Este crescimento, por si, mudou o intervalo de preços com que a Opep [Organização dos Países Produtores de Petróleo] trabalhava, de 25 a 28 dólares o barril para 35 a 38 dólares." Acima dos 38 dólares, explica, o que pesa  uma crise geopolítica. "Não há pressão de demanda que justifique a cotação atual", diz Paione (leia em reportagem de EXAME o histórico das crises de petróleo).

Já Eduardo Pereira de Carvalho, presidente da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), avalia que a capacidade de produção está muito perto do teto, mas os preços continuam crescentes - o que a seu ver significa um ponto de inflexão no mercado. "A capacidade ociosa de produção de petróleo limita-se a 1 milhão de barris diários da Arábia Saudita", diz Carvalho. A demanda mundial de petróleo é de cerca de 81 milhões de barris/dia. "A cada semana, um fato diferente pressiona a cotação. Pode ser Yukos [a maior petrolífera da Rússia], greve ou algum incidente operacional. E eventos assim vão ocorrer toda semana."

Com base nessa percepção, Carvalho estima que o mercado para o álcool combustível vai crescer "a uma velocidade superior ao que podemos imaginar". O balanço que a Unica apresenta revela que até meados de julho os embarques de álcool do Centro-Sul e do Nordeste para o exterior totalizaram cerca de 1,3 bilhão de litros, ante 750 milhões em todo o ano de 2003. A estimativa dos produtores é que o Brasil encerre 2004 com exportações totais de 1,8 bilhão a 1,9 bilhão de litros, somando o fornecimento do Nordeste. Cerca de 35% desse volume é de álcool combustível.

Carvalho também chama atenção para as negociações com a Tailândia, de transferência de tecnologia na área sucro-alcooleira. "Temos interesse estratégico em reforçar e acelerar o programa de álcool tailandês. Precisamos da Tailândia para exportar para o Japão e Coréia e para complementar a produção local chinesa."

Para Paione, a Opep fará o que puder para evitar uma explosão de preços. "O cartel tem interesse em manter as cotações comportadas justamente para não incentivar fontes alternativas de energia."

Nesta quinta-feira (5/8), o barril de petróleo chegou aos 44,50 dólares no mercado de Nova York.

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