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Cortar impostos não resolve problema do Brasil, diz Nobel de Economia

Para Edmund Phelps, país deveria melhorar seu sistema financeiro e incentivar o dinamismo na iniciativa privada

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h29.

Apenas promover a redução da carga tributária não é suficiente para melhorar as condições econômicas do Brasil. Essa é a visão de Edmund Phelps, ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 2006 e professor da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos. Em seminário realizado nesta terça-feira (12/6) em São Paulo, Phelps afirmou que o impacto do corte de impostos é positivo num primeiro momento, mas acaba desencadeando um processo que começa com a perda de receita do governo e termina com aumento dos juros. "Isso não quer dizer que as políticas econômicas não são importantes. A economia deve ter uma boa estrutura tributária, mas acho que o corte de impostos não é a solução", disse Phelps.

Para o Nobel de Economia, o país deveria investir em suas instituições financeiras e promover o dinamismo nas empresas. "O sistema financeiro brasileiro deve ter como exemplo o da Inglaterra, Canadá ou Estados Unidos. E as empresas não podem permitir que haja nepotismo. Nos Estados Unidos, o presidente de uma companhia nunca permitiria que seus funcionários indicassem parentes para cargos na empresa, porque isso poderia prejudicar os resultados. E o que interessa ao presidente da companhia é superar as metas, pois sua remuneração depende disso", disse Phelps.

Segundo o economista, todos os países deveriam incentivar o dinamismo, já que esse é o caminho para o crescimento econômico. "Não adianta aumentar os investimentos em pesquisa e desenvolvimento se o país não for dinâmico. São os homens de negócios comuns, pequenos empreendedores, que criam as grandes inovações e não os estudiosos em laboratórios de pesquisa", afirmou. Para ele, a geração de dinamismo depende de três fatores: abertura para que grande quantidade de novidades possa ser desenvolvida e lançada no mercado, existência de muitas instituições para selecionar e investir nos empreendedores, e gestores e consumidores abertos a novas idéias. "O crescimento econômico não acontece só do acúmulo de capital humano, mas é resultado de trabalho de milhões de empreendedores. O que adianta ter mais educação se não há recursos para trabalhar? Seria como dizer que Robinson Crusoé poderia ser mais produtivo se tivesse alguns anos a mais de escola", disse o Nobel de Economia.

China

Phelps alertou para as mudanças que devem ocorrer nos próximos anos na economia mundial. De acordo com o Nobel de Economia, muitos países, como a China, estão crescendo rápido e fortemente com base em mão-de-obra barata, mas isso não deve continuar por muito tempo. "A China vai virar os Estados Unidos na Ásia e, quando isso acontecer, não vai mais exportar com mão-de-obra barata", afirmou.

O ex-ministro das Comunicações e estrategista-chefe da Quest Investimentos, Luiz Carlos Mendonça de Barros, comentou no mesmo seminário que o Brasil já está começando a sentir os efeitos colaterais da parceria com a China. "O Brasil é hoje um país chinês. A China ajudou muito no crescimento do país, mas já é possível sentir a concorrência chinesa". Para ele, o mundo só não está sentindo a desaceleração da economia americana porque a China se tornou um segundo motor para a economia mundial.

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