Publicado em 2 de dezembro de 2025 às 20h39.
A direção dos Correios decidiu nesta terça-feira, 2, suspender as negociações para um empréstimo de R$ 20 bilhões com um sindicato de bancos em razão dos custos elevados da operação. A informação foi divulgada inicialmente pelo G1 e confirmada pela EXAME.
O valor é apontado pela companhia no plano de reestruturação como essencial para garantir a liquidez no curto prazo.
A direção da empresa foi informada por representantes do Ministério da Fazenda de que o Tesouro Nacional não aceitaria oferecer garantia ao financiamento se a taxa de juros ultrapassasse 120% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), a taxa diária aplicada nos empréstimos entre instituições financeiras. O percentual é considerado um teto pelo tesouro.
A oferta inicial dos bancos previa uma taxa de juros próxima a 136% do CDI, o que é considerado elevado em comparação com os parâmetros normalmente observados para operações com garantia da União, que chegam a 120%.
Com a negativa do Tesouro, os Correios estão agora avaliando outras opções, embora a empresa deva continuar tentando negociar com os bancos que apresentaram a oferta.
As cinco instituições que compõem o consórcio de crédito são BTG Pactual (Do mesmo grupo controlador da EXAME), Citibank, Banco do Brasil, Safra e ABC Brasil.
No sábado, após o Conselho de Administração dos Correios ter dado aval para o empréstimo, a empresa informou aos funcionários que as "condições financeiras da operação" ainda estavam sendo discutidas com os bancos. Agora, a nova gestão da estatal vai avaliar alternativas e tentar negociar melhores condições, já que acredita que a garantia da União reduziria significativamente os riscos da operação.
A direção dos Correios vê o empréstimo de R$ 20 bilhões como essencial para reequilibrar o caixa da empresa, quitar dívidas em atraso e recuperar sua operação, com o objetivo de colocar em prática um plano de reestruturação que vise retornar ao lucro em 2027.
Até setembro de 2025, a estatal acumulou um prejuízo de R$ 6,05 bilhões, quase três vezes o valor do prejuízo registrado no mesmo período de 2024.
Sem o plano de reestruturação, as estimativas internas indicam um rombo de R$ 10 bilhões para este ano e R$ 23 bilhões no ano seguinte, devido à queda de receitas, aumento de custos e perda de participação no mercado de encomendas, que passou de 51% para 25%.
O plano de reestruturação inclui um Programa de Demissão Voluntária (PDV) com a adesão de 10 mil funcionários, a venda de imóveis ociosos com um potencial de arrecadação de até R$ 1,5 bilhão, e a otimização da rede de atendimento com a redução de até mil pontos deficitários.
Além disso, está prevista a diminuição do déficit do Postal Saúde, o plano de saúde dos funcionários, que atualmente é bancado pelos Correios.
(Com informações da agência O Globo)